*: editado às 14.10
O presidente de Liga de Clubes apresentou um estudo em Agosto de 2022 que, entre outros pontos, defendia que a Centralização dos Direitos Televisivos em Portugal poderia gerar receitas na ordem dos 275 a 350 milhões de euros.
Nessa altura ninguém percebeu como é que esse estudo (e o próprio Pedro Proença) acreditavam nesse cenário.
Qualquer sucesso estrondoso envolvendo Direitos Televisivos tem de passar pela Ásia, Médio Oriente e/ou Estados Unidos. Tem de ter como primeiro alvo os PALOPs. Europa só não chega!
Mas para criarmos interesse temos de ter uma Liga competitiva e atraente ao espectador.
Como se faz isso?
a) Temos de ter jogadores “bandeira”
b) Os nossos clubes têm de estar nas várias competições europeias e as prestações não podem limitar-se à fase inicial
c) Melhorar a imagem exterior do futebol português
O que tem acontecido na realidade?
Jogadores “bandeira”: Apenas o SL Benfica tem capacidade financeira para ir buscar jogadores de maior nomeada, como se viu agora com Di Maria, mas já se tinha verificado com Aimar ou Saviola por exemplo.
O Sporting aposta na venda dos seus melhores, desbaratando qualquer consolidação de qualidade do plantel. A real situação financeira do clube é sempre uma incógnita, devido aos perdões sucessivos de dívida que tem usufruído ao longo dos anos.
O FC Porto é dos grandes o que está em pior situação. Com mais de 200M euros de capitais negativos, já nem os seus melhores consegue vender como se viu com Octávio ou Diogo Costa. Tem um passivo acima dos 600M euros e sem o dinheiro da Champions todos os anos não tem sequer já fundo de maneio para se manter com os vencimentos minimamente em dia.
Presença nas Competições Europeias: Tirando um ou outro ano com idas aos quartos de final, não se pode dizer que a prestação das equipas portuguesas (falando nos 3 grandes) é suficiente. Não o é.
Olhando para as outras, a situação é miserável. Esta temporada que agora começou demonstra isso claramente. Todas as equipas portuguesas ficaram de fora da Conference League! Todas!
SC Braga e Vitória de Guimarães, sempre tão afoitos no nosso campeonato, perdem com clubes de terceira categoria lá fora.
Ou o exemplo do Arouca, 5º classificado da nossa Liga que é eliminado por um clube da... Noruega.
Ou seja…qualidade a sério, nem vê-la!
Imagem exterior do futebol português: O episódio recente envolvendo Sérgio Conceição é apenas mais um entre muitos ao longo dos anos.
E ao contrário dos comentadores/relatadores nacionais, lá fora os comentadores não têm problemas em criticar as aberrações vistas em campo ou fora dele.
As constantes perdas de tempo com fitas, simulações ou faltas de respeito aos árbitros não tornam os nossos jogos interessantes. Cá para os comentadores do burgo, essas vergonhas são sinal de combatividade das equipas e muitas vezes até elogiadas!
Lá fora, não.
Por tudo isto e mais umas coisas, o futebol português não é um produto atrativo.
Por isso até mesmo um dos países com mais raízes portuguesas como a França não vai ter transmissão dos nossos jogos.
O mesmo com Inglaterra. Outros se estão a seguir.
Aliás, o nosso futebol nem sequer é atrativo para os seus próprios adeptos.
Ainda no fim de semana, vimos adeptos do SL Benfica obrigados a despir a única camisola do corpo, por sinal a do SL Benfica, para poderem entrar num estádio de futebol. Isto com a passividade das autoridades presentes no local.
É este o tal futebol que vai gerar receitas astronómicas? Não.
Pedro Proença é responsável pela grande mentira do futebol português: a Centralização dos Direitos Televisivos vai resolver os problemas dos clubes.
Não vai.
O que vai tornar o futebol português atraente é termos regras iguais para todos.
É termos árbitros e arbitragem geridos por não árbitros e fora da órbita das Associações de Futebol.
É termos Disciplina que decida de forma célere como fez agora com os castigos a Pepe e Sérgio Conceição, mas com sanções que reflitam a gravidade dos atos. Um treinador que já foi expulso 24 vezes na sua carreira e que se recusou a sair de campo não pode ter apenas 1 jogo de castigo.
O que vai tornar o futebol português atraente é proteger os adeptos e não impedir que possam celebrar em liberdade as suas cores.
Pedro Proença é responsável por um embuste que apenas vai penalizar um clube: O Sport Lisboa e Benfica.
P.S.: Então se o sucesso da Centralização é tão evidente, porque nenhum canal nacional quis transmitir o jogo do Arouca?