Este é naturalmente um campo altamente subjetivo,
onde todos podem dizer as maiores alarvidades e todos acharem que têm razão...
Nesta coisa de alarvidades, as seguintes são as minhas:
Eliseu
Gosto do Eliseu, sempre gostei. Aliás, previ no início de
época que Grimaldo seria sol de pouca dura e que Eliseu seria o titular.
Enganei-me, de facto. Grimaldo só saiu do 11 porque se aleijou. Mas a minha
opinião não mudou muito em relação ao que achava no início de época... Não
ponho em causa aquilo que Grimaldo já mostrou (por alguma razão se diz que há
grandes clubes atrás dele), nem estou a dizer que Eliseu é um lateral esquerdo
de eleição (que não é), mas num Benfica que é uma equipa a quem
reconhecidamente faltam quilos e altura, Eliseu dá ao Benfica algo que Grimaldo
não dá e que é essencial em jogos a doer: caráter, espírito de sacrifício e
capacidade de inspirar os companheiros. Acho que no Benfica faltam mais
jogadores destes, embora também desse jeito que Eliseu soubesse defender um nadinha melhor e não tivesse momentos em que parece perder a concentração.
Luisão
Acho que continua a dar para consumo interno. Num
campeonato mais exigente que obrigasse a uma sequência de jogos de alta intensidade,
as suas lacunas seriam mais postas a nu. Mas a sua capacidade de liderança é
por vezes subvalorizada, e também é verdade que os críticos lhe apontam sempre
muito mais erros do que aqueles que ele comete realmente.
Luisão é daqueles que mesmo quando não está bem parece
estar sempre a ler bem o jogo, ciente do que se está a fazer mal, a adivinhar o que aí vem e a corrigir
os colegas. A sua titularidade não me parece imerecida, mas ao mesmo tempo, e
contradizendo-me um pouco se calhar, dá-me também a sensação que no Benfica não
joga neste momento a DUPLA (vou repetir, A DUPLA) mais forte. Ou pelos
jogadores que jogam, ou pelo lado da defesa onde jogam, fica a sensação que com
ligeiros retoques o Benfica poderia ter uma defesa uns furos mais acima.
Samaris
Não pondo em causa a sua entrega e o seu espírito. Mas
neste Benfica Samaris é um equívoco. Sabemos que nunca poderá ser um “seis” à
Benfica mas também sabemos que nunca será o “oito”. Será por assim dizer um
jogador para desenrascar, um daqueles ótimo para tapar buracos sem comprometer.
Mas quando o meio-campo já é o elo mais fraco e a isto se junta a lesão de alguém, sabemos
que Samaris vai ter de ser protagonista, e também sabemos que é aí que teremos
um grande problema.
Pizzi
Ok, este não é discutível. A verdade é que neste Benfica
Pizzi tem de jogar sempre. E tem de jogar porque é o melhor do meio campo que
temos, a larga distância dos outros. Mas confesso que me faz alguma confusão
quando Pizzi ganha estatuto de estrela e se torna na peça da cristaleira que
não pode partir... É quando se fala que Pizzi é a estrela do Benfica, num
Benfica que se diz com ambição europeia, que eu fico a pensar que há algo de
errado em algumas das coisas que se pensam ou dizem.
Jonas
Este em forma é de facto indiscutível no onze. Só um
estúpido pode não apreciar o que Jonas já fez pelo Benfica. Mas também é
verdade que esta época, devido a lesões e falta de ritmo, ainda não foi o Jonas
a que nos habituou. Dá-me a impressão que numa fase crucial da época, parte do
foco da equipa durante os jogos passou a ser também o de reabilitar Jonas,
dar-lhe um golito a marcar, a ver se o homem arranca para uma grande ponta
final do campeonato.
E isso é errado, podem perguntar?! Não seria se o Benfica
andasse a passar mal com a ausência do Jonas e estivesse desesperado
pelo seu regresso à equipa em Full Time e não houvesse condições para o ir
reintegrando aos bocadinhos. Mas não era o caso.
O meu "problema" com Jonas não é portanto nem o que já fez
nem a sua qualidade, nem sequer o óbvio reconhecimento que um Jonas a 100% será
sempre importantíssimo à equipa. O meu problema é que tal como aconteceu o ano
passado quando surgiram lesões de jogadores importantes, o Benfica até foi
capaz de superar a ausência de Jonas este ano com grande facilidade (e
qualidade). Foi à conta desta lesão de Jonas aliás, que um puto que começou a
época sem grande espaço foi vendido em Janeiro por 30 milhões de euros, é
importante não esquecer isso.
E foi esse puto que estava em grande no Benfica na
altura, que foi literalmente recambiado para o banco assim que Jonas se
encontrou disponível. E sobre este assunto só quero apenas lembrar que o ano
passado, uma das coisas que se elogiou em Rui Vitória foi a maneira como
jogadores ainda sem grande estatuto aproveitaram a oportunidade que lhes foi
dada em face das lesões dos graúdos, para conquistarem um lugar na equipa e os
manterem mesmo quando os graúdos voltaram a estar disponíveis. Lindelof e
Ederson são exemplos disso.
Sálvio
Para mim, se em forma, é o titular de caras no lado
direito do ataque do equipa. Tem maturidade, sabe o que fazer em cada momento,
não tem medo de ter a bola no pé nem de arriscar no 1X1, mesmo quando a perde
logo a seguir. Traz ao Benfica personalidade e julgo que é um nome que impõe
sempre algum respeito ao adversário.
Mas não tem estado em grande forma, é importante
reconhecer isso, e há mesmo jogos em que tem estado francamente mal e a pedir
banco.
No entanto, ouvi anteontem da boca de João Alves no Play
Off da SIC, algo que me fez perceber ainda mais a importância de Sálvio neste
Benfica e a razão se calhar pela qual Rui Vitória não prescinde dele, mesmo
quando está mal.
Falava-se no programa daquilo que tinha mudado do meio
campo do Benfica do ano passado para este ano, e o Manuel Fernandes e o Rodolfo
diziam aquilo que é o óbvio: Falta Renato Sanches.
Mas João Alves trouxe algo novo à discussão: Sim, falta
de facto Renato Sanches, mas também falta Gaitan. Gaitan, ao contrário de um
Rafa, de um Zivkovic, de um Carrilho ou até de um Cervi, é muito mais médio do
que avançado, é um jogador muito mais culto taticamente e que era fundamental
na saída da bola e na gestão dos ritmos do jogo.
E isto fez-me pensar em Sálvio, porque acho que o que se
disse de Gaitan aplica-se também a Sálvio... Sálvio é o único dos extremos do
Benfica com cultura de meio campo, com capacidade de gerir o jogo e trocar a
bola pacientemente à procura da melhor solução de ataque sem ceder a essa
tentação de um extremo puro de ir logo numa correria louca para a frente. E de facto o Benfica precisa muito disto no miolo do terreno por razões óbvias.
E dito isto, se antes já era fã de Sálvio, agora percebo
melhor porque é que se calhar neste Benfica, mesmo quando em baixa de forma,
tem de ser sempre Fejsa, Pizzi, Sálvio e mais oito.