Afinal, há mais gente que se preocupa em tentar salvar o futebol português e os clubes.
O texto de Rui Gomes da Silva na passada segunda-feira (link) foi lapidar quanto aos caminhos que têm que ser necessariamente percorridos.
Saúdo a frontalidade do Luis Lisboa no blogue “És a Nossa Fé” (link).
A chave é mesmo esta: colocar de lado pequenas questões acessórias e olhar para os temas fundamentais.
Quem me acompanha no NGB, sabe que defendo há muitos anos que no dia em que SL Benfica e Sporting CP perceberem que juntos podem limpar o futebol português, isto muda mesmo.
Não é por acaso que Pinto da Costa só ganhou quando teve um aliado num dos clubes de Lisboa ou quando pelo menos um desses clubes estava fragilizado e por isso inactivo quanto a opor-se às movimentações do FC Porto nos bastidores do futebol.
Relembro também que durante décadas havia um entendimento tácito entre SL Benfica, Sporting CP e o CF Belenenses em nunca apoiar ninguém ligado ao FC Porto para ocupar o lugar de presidente da FPF.
Fernando Martins no SL Benfica abriu a porta a Pinto da Costa. Foi o início dos tempos negros do nosso futebol.
Manuel Damásio apoiou Pinto da Costa para presidente da então Liga de Clubes.
Entretanto o Sporting entrou numa espiral de presidentes completamente opostos a João Rocha, que era um senhor.
Sousa Cintra era e é um anti-benfiquista primário. Portanto, terreno fértil para Pinto da Costa.
Santana Lopes é um político e na altura muito perto do poder, e portanto pouco interessado em guerras. Ideal para Pinto da Costa.
Roquette foi quem assumiu esse entendimento tácito com o FC Porto de partilha de poder desde que ganhasse um campeonato, como ganhou, de quando em vez.
Quem aproveitou esse embalo foi Valentim Loureiro e com a vergonha de arbitragens que nos lembramos, o Boavista foi campeão.
Como o FC Porto vacilou esses anos, aproveitando também o período de terra queimada no SL Benfica, o Sporting tornou a ser campeão.
Mas com a entrada de Vieira no SL Benfica, nunca mais o FC Porto teve oposição para tomar conta do futebol.
Mesmo com o Apito Dourado, essa oportunidade de ouro para limpar o futebol, Vieira preferiu apoiar o director financeiro do FC Porto para presidente da Liga de Clubes, primeiro, e depois para presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
Portanto, escusam de pensar que há inocentes na ascensão do FC Porto. Não há.
Voltamos ao princípio:
Para livrar o futebol português desta podridão trazida pelo FC Porto de Pedroto e Pinto da Costa é preciso SL Benfica e Sporting CP serem inteligentes e não anti-qualquer coisa.
Sejamos realistas: o futebol português não existe sem SL Benfica. Muito menos terá qualquer possibilidade de ser viável sem SL Benfica e Sporting CP.
Portanto, e com tanto em jogo nos próximos tempos em especial quando se trata da Centralização dos Direitos Televisivos, os 2 clubes mais representativos do país têm que assumir a liderança do projecto de reforma do futebol português.
O poder concedido ao FC Porto e à AF Porto têm liquidado o futuro do nosso futebol.
Não é por acaso que assim que puderam acabaram com as zonas inferiores que garantiam que na Primeira Divisão estavam representados clubes de todo o país.
Não é por acaso que se repetem os casos, como no final da anterior temporada, em que clubes afectos ao FC Porto são beneficiados nas subidas à Primeira Divisão e até à Segunda Liga.
A reforma do futebol português também passa por isto: restabelecer critérios na Segunda Liga que devolvam o futebol ao país inteiro e dessa forma mais visibilidade e praticantes serão atraídos.
Só alguém não afecto ao FC Porto, com independência provada, poderá construir uma alternativa para liderar a FPF e reformar o futebol português.
Por mais que as Associações de Futebol, em especial as do Porto e Braga, queiram opor-se a mudanças, nada pode ser feito no futebol português contra a vontade do SL Benfica e Sporting CP juntos nessa mudança.
Repito: o SL Benfica tem na Centralização de Direitos Televisivos a sua oportunidade de liderar este processo de reformas no futebol português.
Sabemos que o que está na mesa é dar muito dinheiro ao FC Porto e ao SC Braga retirando ao SL Benfica e também ao Sporting CP.
Querer pagar fortunas a clubes por audiências que não têm, além de errado, é subverter a lógica do mérito.
É também roubar os clubes que fazem mexer o mercado da televisão.
Enquanto tivermos adeptos/sócios que preferem andar com odiozinhos que apenas permitem ao FC Porto do Apito Dourado continuar a reinar, nada vai mudar.
Quando os adeptos/sócios perceberem que a exigência e a mudança de mentalidades será o caminho para liquidar a influência dessa agremiação regional, então sim, teremos mudanças.
Os dirigentes são um reflexo da mentalidade da maioria dos seus adeptos.
Está na mão de todos nós essa mudança.