AS RAZÕES DA CONFLITUALIDADE NO FUTEBOL PORTUGUÊS
A CONFLITUALIDADE
Nos últimos tempos, têm-se sucedido as análises - mais ou menos intelectuais - sobre as razões, as motivações, as explicações sobre o elevado grau de conflitualidade no futebol português.
Como se fôssemos uma ilha, como se não existissem (por esse mundo fora) tantos exemplos dessa mesma disputa.
Disputa que - com raríssimas excepções - não nos deve deixar preocupados.
Num mundo de comunicação, num mundo de imagem, de comentário, de liberdade em relação à normal exteriorização de cada e de todas as opiniões, só o contrário seria para admirar.
Portanto, não se pense como admissível querer cercear a livre opinião, a crítica permanente e uma fiscalização a todo o tempo, porque no mundo do Facebook, do Instagram, do WhatsApp e de todas as ferramentas de comunicação ao nosso dispor, pensar que isso seria possível parece ainda mais caricato que ... querer tapar o sol com uma peneira.
São bem vindos os apelos à pacificação do futebol português, mas deverá - quem os faz - perceber as razões dessa mesma “guerra sem quartel”.
“GUERRA” CONTRA O BENFICA
Porque se trata de uma “guerra”.
Uma “guerra” - em Portugal e é isso que aqui nos interessa - contra o Benfica e quem não quiser perceber isso não merece estar ... em lado nenhum.
Aqui, como em todas as “guerras” há sempre os que acham que é sempre demais ... Mas não é!
Uma sociedade democrática aceita a crítica, a divergência, uma disputa eleitoral ... até!
Mas não perdoa aos que estão sempre dispostos a falar sobre a vitória e as questões consensuais ... mas não dão a cara nos momentos em que são precisos.
Ou talvez não ... não serão precisos ... porque não saberiam o que dizer ... a não ser que lhes dissessem.
Adiante ... mas esta é uma “guerra” ... que temos que vencer!
O Benfica, o de todos, o nosso ... e não o de alguém (ou o que achamos que, por ser de alguém, neste momento, não merece o nosso esforço).
Antes pelo contrário, porque o Benfica - no e para o que aqui interessa - está sempre para além e acima de tudo e de todos!
AS RAZÕES DOS ATAQUES
Mas detenhamo-nos (de forma bem precisa, embora sem que a ordem signifique alguma precedência entre elas) nas razões desse aumento do radicalismo e da conflitualidade no futebol português.
1. Desde logo por o Benfica estar a ganhar (ou ter ganho) de forma sistemática e sustentada.
16 anos sem ganhar, para uns, e 4 sem ganhar nada (literalmente nada), para outros, ditou uma estratégia de desespero: atirar a tudo ... para parecer que em tudo são prejudicados.
2. Depois, por o FC Porto ter percebido que não teria outro modo de superar esta crise, nos tempos mais próximos, que não fosse através de jogadas que nada tem a ver com o futebol ... mas tem tudo a ver com quem as protagoniza.
Foi esse o caminho traçado, logo apoiado pela necessidade de sobrevivência de quem está, neste momento, no Sporting.
3. De facto, o Sporting percebeu que a continuidade de vitórias do Benfica implicaria a mudança da liderança em Alvalade.
E quem anunciou, à sua chegada, que viria por, pelo menos, 20 anos, não quererá sair ao fim de 6 ... sem ser campeão (ou seja, como os outros que criticou para lá chegar).
4. Acresce, a essas razões, a do treinador do Sporting em continuar a ter como sonho (que o seu egocentrismo exige a si próprio) provar que, depois dele, foi o dilúvio.
Não foi ... porque, como sabemos, depois dele, o Benfica já ganhou os 2 campeonatos ... com ele do outro lado, embora ele ache que uma não vitória de quem o veio substituir limpe todas as derrotas que sofreu desde então!
5. Ora, perante o que ficou referido, ambos - treinador e presidente do Sporting - terão de impedir o Benfica de ganhar (o que não significa ganharem eles) para poderem alimentar a esperança de “sobreviverem”!
Uma vitória que até pode ser uma derrota, se a vitória não for ... do Benfica!
6. A par de tudo isto, algumas opções (há quem lhe chame erros ou displicência) na preparação da época do Benfica.
Um Benfica onde não se terá percebido que 2017/18 era decisivo ... por causa do penta, das acusações diversas, da introdução do video-árbitro, ... e que fez alimentar as esperanças de quem, fora do campo nos quer ver mais fragilizados, o que dentro do campo se tem provado estar - por si mesmo - bastante vulnerável.
7. E como “... o poder vem do campo ...” (não se esqueçam) os resultados deste princípio de época fizeram alimentar - para quem a idealizou - a certeza da estratégia ... achando que causa e consequência advinham dessa mesma forma de actuar (legitimando-a) em vez de perceberem que resultava muito por fruto de erros alheios!
Como se o sol se levantasse por eles acordarem, ... assim acham que estão na frente por causa das suas “provocações”!
8. Por último - embora o leque de razões pudesse ser muito estendido em explicações diversas - porque as autoridades - as do futebol e não só ... - têm pactuado com atropelos à legalidade sem nada fazerem nem nada pensarem fazer.
Começando pela Liga, tão preocupada em defender o “negócio” do futebol ... mas que não intervém ... vá lá saber-se porquê.
E porque não cremos que as razões se prendam com a dependência da maioria que lá fez chegar quem lá está (até porque as maiorias, especialmente as presidenciais, se esgotam no momento de cada eleição ...), achamos estranho tanto silêncio.
MAS ... NÃO CAIAM NO RIDÍCULO
Estas, de forma sucinta, as razões da enorme conflitualidade no futebol português.
Agora ... poupem-me a invocações ridículas ... como a de achar que essa mesma conflitualidade existe por força dos sucessivos e repetidos programas de televisão sobre as jornadas, os erros dos árbitros e os erros dos treinadores, dos jogadores, dos clubes ... nomeadamente dos seus responsáveis máximos.
Não vou discutir - obviamente - a fraquíssima qualidade de alguns desses programas e o nível quase boçal de alguns dos intervenientes nos mesmos, mas admitir isso seria o mesmo que justificar ... os excessos da liberdade ... na política, com a existência de meios de comunicação social.
Conhecemos estas derivas populistas, tão frequentes no futebol português (e a que, tantas vezes, as Direções dos clubes também recorrem), mas poupem-se ao ridículo!
ACABAR COM O BENFICA A GANHAR
Pois isto só vai acabar quando o Benfica voltar a ganhar ... para os calar.
E quando espero que isso possa acontecer?
O que desejo é que seja já em Maio.
Nós ... no Marquês
Eles ... a chorar, com o Marques!
Entretidinhos - como pequeninos com as manias das grandezas que são (uns), ou reduzidos à sua expressão de mera influência regional (outros) - a pensar o que terão que fazer para tentar impedir o sexto ... seguido!
Seria uma enorme satisfação ... para passar o Verão de 2018 ... “em grande”!!!
DUAS NOTAS FINAIS
E porque o tempo da sua relevância - se não forem feitas hoje - se perderá, por certo, com o tempo que aí vem ... ficam duas notas finais.
a) As derivas que vivem de acusações inventadas contra os centralismos (como as do “funcionário do ano” ... eu não imaginaria melhor designação para o pôr no lugar dele e reduzi-lo à sua insignificância), acabam sempre com apelos a qualquer coisa de patético ...
Tomem boa nota e não digam que não avisei!
b) O jogo foi há 2 dias (no momento em que escrevo) e ainda não ouvi as gravações áudio do vídeo árbitro do jogo de Vila do Conde ...
Será que também se avariou ou só se pode ouvir quando são jogos do Benfica???