Este é o primeiro artigo enviado por benfiquistas, no seguimento da abertura do NGB e repto que regularmente lançamos a todos para darem a sua opinião sobre a atualidade do clube.
Os textos são publicados sem qualquer edição e/ou alteração, mantendo integralmente o que os autores enviam. Cada texto reflete única e exclusivamente o pensamento do autor.
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No final do habitualmente designado mercado de inverno e logo a seguir ao final da 1ª fase da Champions, creio ser momento adequado para fazer um pequeno balanço desta metade inicial da época.
Como se costuma dizer,
podia ser melhor e podia ser pior. Melhor, se estivéssemos em 1º lugar no
campeonato como já estivemos a seguir ao Natal, e pior, se tivéssemos sido
eliminados da Champions. Balanço feito, como estamos em todas as frentes
possíveis (Rui Costa dixit), vamos lá para a segunda metade da época, à espera
das grandes decisões.
A janela das
transferências deixa os adeptos com enorme curiosidade sobre qual será o
rendimento de, fundamentalmente, Belotti e Bruma. Experientes, habituados a
grandes palcos, não tremem por pisar a Luz nem qualquer outro e podem ter
rendimento imediato. Dahl, um jovem como era Carreras (que felizmente não saiu
apesar do United ter cláusula muito favorável de opção que não exerceu) parece
ser aposta inteligente de futuro. Quanto a Manu, as primeiras impressões não
poderiam ser melhores, pelo que poderemos voltar a ter esperanças no campeonato
e de chegar longe na Champions. Obviamente que destas entradas resultam uns
quantos excedentários, pelo que se torna urgente serem colocados nos mercados
ainda em aberto, em nome do interesse coletivo (também financeiro).
Pelo meio destes eventos
desportivos, sucederam recentemente outros episódios que obviamente nos devem
trazer preocupações. Seara e a sua inexplicada demissão na Assembleia Geral, em
que desautorizado por um associado reagiu a quente (ou premeditadamente?).
Nunca o saberei, mas de uma coisa tenho a certeza – faz falta! Por muito
extemporânea que fosse a sua demissão, a sua ponderação, inteligência e
sabedoria fazem falta a Rui Costa (que ali tinha um aliado que lhe poderia ser
imensamente útil).
Depois Jaime Antunes,
figura controversa que igualmente “bateu com a porta” há dias. Admirado e verberado,
como se viu nas assembleias gerais da aprovação dos Estatutos (em cuja
elaboração teve um papel relevante como representante da Direção), tem mantido
e bem o silêncio, com o inconveniente de gerar especulações. Diz-se isto (não se dava bem comos outros
elementos e estaria marginalizado) e aquilo (ligações, por via de amizade, com
antigos dirigentes), a verdade é que não conhecemos as razões da sua saída, mas
sendo gestor experiente e pessoa inteligente, o Benfica não terá ficado melhor.
Entretanto, as eleições
já mexem e bem com o quotidiano. Aprazadas para outubro, exatamente para não colidirem
com os fiais de época e preparação das seguintes, já trouxeram à ribalta
diversos putativos candidatos, imaginando-se que Rui Costa se candidate como
incumbente. Marco Galinha, João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas, Cristóvão
Carvalho, Mauro Xavier, são nomes anunciados e alguns destes até já se
“mostraram” para ir a jogo. Veremos quantos irão sobrar para “irem mesmo a
jogo”, um momento absolutamente determinante para o futuro do Benfica até pela
plêiade de interessados, porque isto com 6 alternativas parece demasiado.
Pouco ainda se sabe sobre
as ideias de cada um, para além da indómita vontade de alguns destes em
melhorar e engrandecer o “nosso” Benfica, o que não é pouco. Manteigas tem sido
o mais ativo, dado que vai expressando nas redes sociais as suas alternativas à
atual gestão e que, pelo seu mérito, deveriam ser escutadas. Infelizmente, por
escassez de acesso a meios de maior notoriedade, permanecem publicamente
desconhecidas.
Marco Galinha tem sido
aquele que tem tido maior notoriedade. Uma recente entrevista na CMTV vem
marcar de imediato o período eleitoral, depois de um evento em Rio Maior cujo
sucesso desconheço. Nesta entrevista vem referir a possibilidade de abrir o
capital da SAD a “empresários nacionais”, financeiramente abastados, embora
mantendo a maioria do capital no Benfica. Na minha opinião, nunca poderia ter
começado pior. Este modelo de SAD, tipo Bayern, cujo modelo de abertura de
capital até defendo dado que que 30% pertencem a grandes e prestigiadas
empresas internacionais, é por ele copiado, mas substituindo estas organizações
por “empresários nacionais”. Devo confessar que pessoalmente nada me agrada
esta solução, pelo que seguramente a partir daqui uma certeza eu tenho: dificilmente
neste irei votar. Aguardemos as ideias dos restantes.
Uma palavra ainda para o
famoso áudio em que ouvimos um Lage, o nosso treinador, desabafando de forma
destemperada e desabrida com adeptos. Teve sorte, porque lhe poderia ter
custado o lugar. Como se costuma dizer, desta vez passou, mas não se esquece. O
balneário ajudou o Benfica a suplantar em Turim a infelicidade do seu treinador.
Veremos se ele também se ajuda a si próprio na condução da equipa, de forma
sagaz e sem olhar a nomes, sobretudo durante os jogos, até porque tem imensas
alternativas.
A terminar, vêm aí as
grandes decisões e, no Benfica, se queremos conquistar alguma coisa, é tempo de
esquecermos as divergências e apoiar a equipa e a sua equipa técnica. A gestão
estará encarregue de assegurar que não haverá problemas financeiros, apesar de
uma estrutura demasiado pesada e das amadoras já andarem certamente acima dos
30 milhões de euros que o futebol sustenta. Uma coisa é certa: este plantel tem
todas as condições de garantir o 39, só faltando recuperar 6 pontos que tão mal
desperdiçámos.
PS. Entretanto, as
eleições na FPF. Com pompa e circunstância, Pedro Proença anunciou a sua
candidatura. Já uma vez o referi – surpreende-me o apoio que o Benfica lhe
decidiu dar. Sinceramente, acho que Rui Costa “deu um tiro no pé” porque isto
será tema de campanha eleitoral e creio que o comum dos benfiquistas pensa como
eu.
Manuel Boto
Antigo dirigente
Sócio nº 2.794