Claro!
Qualquer Benfiquista aprecia e vibra com uma grande noite europeia. E ontem foi
uma delas. E os Benfiquistas estão felizes!
Eu estou feliz, mas não nos
iludamos. As noites europeias de Champions League servem para celebrar umas
vitórias no caminho, servem para arrecadar uns milhões importantes, servem para
colocar os nossos jogadores nas grandes montras e para ajudar a vê-los partir
muito em breve mas, não dão alegrias no fim, quando se fazem as contas da
época!
O
Benfica, no que à Europa diz respeito, não é, julgo eu, candidato a ganhar
nada. Mas é bom que lá ande, e quanto mais tempo lá andarmos mais razões para
andarmos satisfeitos e orgulhosos.
As contas do Benfica, aquelas que
se farão no final, far-se-ão dos resultados cá dentro, e é bom portanto que não
nos iludamos com isto tudo, porque de nada adianta vencer o Atlético em Madrid,
se não formos capazes de vencer o União da Madeira no próximo Domingo.
Mas
o jogo de ontem teve vários aspetos positivos, para além do resultado final,
resultado conquistado com mérito, resultado que nos favoreceu, mas que, em
abono da verdade, também podia ter tido um sinal contrário:
Um deles é para Rui Vitória.
Inquestionavelmente. Como escreve Octávio Ribeiro no Correio da Manhã de hoje,
Jorge Jesus acabou. Ok, Jorge Jesus não terá acabado, mas ontem à noite Rui
Vitória fez com o SEU Benfica, algo que Jesus ainda não tinha conseguido:
derrotar fora uma grande equipa da Champions League.
Rui
Vitória ganhou tempo, ganhou credibilidade, ganhou o benefício da dúvida
finalmente, pelo menos da grande maioria dos Benfiquistas, o que julgo ser um
factor essencial, desde que, claro, no próximo Domingo consigamos... três
pontos na Madeira.
Mas ontem o Benfica de Rui Vitória
não ganhou simplesmente: Teve personalidade! Não teve medo! E ganhou com uma
ala direita de miúdos que ontem, em abono da verdade, esteve simplesmente
magnífica. Como aqui já disse, venham mais destes, mais Semedos e Guedes, que
definitivamente, juntar-me-ei ao clube do BenficaByGB. Que grande jogo fez o
Semedo ontem à noite! Mas este, e ao contrário do Guedes, já se tinha
emancipado no Dragão.
Porque não é fácil fazer o que
estes dois miúdos ontem fizeram, num jogo contra uma equipa agressiva, que não
dá espaço e que joga sempre nos limites da dureza e da intimidação.
A Gonçalo Guedes tentaram
intimidar logo no começo do jogo, com uma dupla falta na mesma jogada e com um
encosto malandro no fim. Gonçalo nem pestanejou, Levantou-se, continuou a
jogar, continuou a tentar, a partir para cima dos adversários, enfim, como
ontem aqui disse, emancipou-se: mostrou um estado mental que o faz se calhar
agora depender apenas do seu muito talento, e quanto a esse julgo podermos
estar todos descansados.
Mas os méritos de Rui Vitória não
são só o lançamento dos putos. Não! Rui Vitória foi capaz de encontrar soluções
para estancar um meio campo que metia água por todos os cantos. Sim, o
meio-campo André Almeida-Samaris é dele, e indiscutivelmente que para já trouxe
à equipa o equilíbrio que até hoje ainda não tinha mostrado, sendo que, e isto
é importante de realçar, veremos se serve para todos os jogos: uma coisa é ir
jogar ao Dragão e a Madrid em contra ataque, outra coisa é ter que ir à Madeira
no próximo Domingo e ter de jogar 90 minutos perto da área adversária.
Justo também referir o papel de
Jonas neste equilíbrio: Jonas ontem defendeu como nunca e acabou o jogo
completamente “rebentado”. No jogo do Dragão, depois de várias análises que li
à equipa encarnada a tentar explicar os diferentes níveis exibicionais nas
primeiras e segundas partes, não vi ninguém referir a razão que para mim foi a
fundamental: Foi ele, Jonas, quem na primeira parte permitiu todos os
equilíbrios e imensas recuperações de bola. Na segunda deu o estouro, deixou de
defender, e não mais o Benfica foi capaz de tomar conta do meio campo. Ontem houve Jonas setenta e tal minutos e
sempre em grande nível!
Uma
última palavra para as entrevistas pós-jogo:
Ontem,
pela primeira vez em muito tempo esperei pelas palavras de Rui Vitória. Modesto
como sempre, mas quando se ganha, toda a modéstia fica bem. Mérito total dos
jogadores! Sinal mais!
Júlio
César, outra grande exibição ontem à noite, e um discurso perfeito no fim, a
elogiar o papel do seu treinador na vitória. Sinal mais!
Outra
grande demonstração de humildade e maturidade na entrevista a Nélson Semedo no
final, a elogiar o papel da equipa no seu atual momento de forma, e em especial
de Luisão que o tem ajudado imenso.
E em suma, depois destas palavras com
toda a gente a elogiar toda a gente, e depois de uma grande exibição num campo
extremamente difícil, de repente começa-se a acreditar que se tem de facto UMA
EQUIPA, ou que pelo menos para lá se caminha.
Como
disse no início, as contas do final de época não se farão desta vitória em
Madrid mas, tudo isto conta no momento para trazer a todos um pouco mais de
otimismo.
E eu, que desde o início aqui
sublinhei o meu pessimismo para esta nova época, não posso pois deixar de
realçar estes sinais positivos, que não apagam outros sinais negativos que
também se têm visto mas, importa dizer em abono da verdade que se me dissessem
no início de Julho que Rui Vitória aguentaria os primeiros meses a ser capaz de
chegar à sétima jornada apenas a dois pontos da liderança do campeonato e com a
passagem à fase seguinte da Champions League tão bem encaminhada, eu assinava
desde logo.
Claro que não é a vitória de ontem
que transformou Rui Vitória numa certeza, mas também seria utópico pensar que
algum treinador faria esta transição de uma equipa com um cunho tão marcado de
seis anos para algo completamente novo, sem alguns passos em falso.