Certo e seguro que Neymar dirá muito em breve quando se
apresentar em Paris que não vai pelo dinheiro. Vai sim pelo lindo e maravilhoso
e aliciante projeto do PSG, e até porque o PSG era um sonho desde pequenino
quando andava a jogar à bola descalço lá pelas favelas no Brasil;
Aliás, tal como Fábio Coentrão que chegou este ano a
Alvalade e imediatamente disse que o coração é verde, que sempre foi verde, se
bem que fizesse juras ao vermelho não vai há pouco mais de 24 meses;
Já Pepe também anunciou em alto e bom som para quem o
quis ouvir que teve propostas de Espanha, Inglaterra e Itália mas... Escolheu o
Besiktas, sensibilizado que ficou com mensagens que recebeu do adeptos turcos a
pedir-lhe que ingressasse no clube;
Ou Maxi Pereira, que após tantos anos a defender o
vermelho com unhas e dentes, aterrou no Dragão já com sangue azul e ainda vem
jogar à Luz e provocar os adeptos que sempre o acarinharam, apenas e só porque
não quer que fiquem duvidas a ninguém sobre o seu profissionalismo e que causa
defende ele neste momento.
São sinais dos tempos com certeza, que não me chocam,
diga-se.
Mais do que
ser-se Benfiquista, ou Portista ou Madrilista a 100%, o que esta gente é, é acima
de tudo profissional de futebol a 100%... E enquanto se é profissional de
futebol não há cá clube de coração nem paneleir*#es dessas!
Não há cá
misturas nem pode haver! Primeiro a vidinha deles, os carros novos e as piscinas, dos jogadores e das suas
famílias, e depois sim o clubismo, os clubes de coração (se ainda os tiverem
quando tudo termina), para voltarem um dia aos estádios como adeptos quando já
tiverem pendurado as chuteiras! (mas quantos voltam realmente aos estádios como
adeptos, a não ser que como convidados de uma tribuna presidencialista
qualquer com direito a champagne e croquetes?)
Já aqui
escrevi mais do que uma vez, para aqueles sempre saudosos dos tempos do amor à
camisola e que nunca hesitam em lembrar referências do passado como exemplos
desse amor, que se Eusébio tivesse nascido 50 anos mais tarde tinha jogado na
Luz seis meses e hoje tinha uma estátua em Madrid.
Ele e tantos outros, hoje símbolos e lendas vivas de
clubes portugueses no passado, mas que andam a treinar nas Arábias em clubes
que não querem, ou nas TVs a arrastar-se como comentadores e a prestarem-se a
papéis que só escolheram para não terem de morrer de fome.
Acho que se
perguntassem a esses, aos tais símbolos do passado que tanto nos orgulham, se
trocavam todo esse simbolismo e amor à camisola e as carreiras inteiras num só
clube dos seus tempos pela vida de luxo que se vive hoje nem que fosse ao
serviço de 10 clubes diferentes, não haveria nenhum que hesitasse por um minuto
sequer.
E por isso a nós adeptos resta cada vez mais aproveitar o
momento, não exigir aos jogadores nada emocionalmente porque não existe emoção
na hora de falar o dinheiro, e compreender também que aquilo que se pode e deve
exigir a cada jogador dos nossos clubes é profissionalismo a 100% enquanto cá
estão. Cumprido isso, pouco mais há para exigir.
Para Neymar, diz-se, contas feitas e se o brasileiro cumprir
o seu contrato em Paris, em verbas de transferência e ordenados, serão em 5
anos 500 milhões de euros!! E só para o pai de Neymar são 40 milhões, a juntar
aos 25 que ainda nem há pouco recebeu pela renovação de contrato do seu filho
com o Barcelona! Pornográfico? Acho que sim! Tenho dificuldade em aceitar que
se pague tanto dinheiro para dar uns chutes na bola, especialmente porque, para
quem paga é apenas mais um brinquedo.
Se fosse o
futebol a gerar esse dinheiro, os sócios e as receitas do clube, nada a opor.
Mas como não é, como são apenas uns quantos magnatas que fartos da vida
aborrecida que levavam decidiram que iam comprar uns clubes e estoirar fortunas
a brincar ao futebol, não aceito tão bem porque desvirtua todas as competições
e mina o espaço da paixão clubística que é aquele em que me movo.
De positivo, apenas perceber que, em tempos em que o
futebol ameaçava falir em alguns países com tradição, foram estes magnatas a financiá-lo
e a permitir que a roda continuasse a girar. É difícil por exemplo imaginar o
Benfica e outros clubes a realizar tanto dinheiro em transferências nos últimos
anos, não fossem estes magnatas a perder a cabeça nos seus caprichos e a
permitirem que tanto dinheiro role de clube para clube.
Talvez a nós Portugueses, num país onde esta moda dos
clubes-brinquedo ainda não pegou, continue a ser fácil olharmos para esta moda
com algum distanciamento e a achar que para nós é sempre bom.
Mas acho que
nem para nós é... É também por causa destes clubes-brinquedo que para nós
portugueses, competir e ambicionar algo na Europa é cada vez mais uma miragem,
e pelos quais se calhar é tão mais fácil focar-nos mais nas folhas
contabilísticas de excel em vez de em objetivos futebolísticos ambiciosos.
E Last but not the least, o que aconteceria
se amanhã chegasse a Portugal um desses brincalhões magnatas do petróleo e
fizesse com o Sporting por exemplo o que o outro fez com o Paris Saint German?
O que seria?!
Seria o óbvio! Imediatamente se acabaria com a conversa sempre tão linda para
os adeptos de que o Benfica continuaria a ter a maioria da SAD, e que se
f?#esse a maioria da SAD porque os Benfiquistas querem é vitórias!
E depois,
claro, íamos fazer igual e vender o clube e mais de 110 anos de história a um qualquer maluco que nos
alimentasse o sonho durante uns tempos... E quem viesse depois que fechasse a
porta!