As AG passaram a ser uma festa de sarcasmo e promoção individual!

Desculpem lá ir contra o sentimento geral depois da AG. Ficava melhor vir aqui falarm em "AG à Benfica" ou que "se discutiu o Benfica", aquelas frases bonitas que todos dizemos, mas não. Para tal acontecer os intervenientes teriam que ir discutir soluções e ideias, não apenas criticas e apontar de dedos.

As AG, desde meados da decada de 80 deixaram de ser locais onde se iam apresentar ideias e fazer propostas, para passar a ser um sitio onde se vai apontar o dedo. Ontem tomaram a palavra 43 sócios (!!), sim 43 e tirando uma proposta do sócio João Pinheiro (que nem era para o SLBenfica, mas contra o Sporting - e bem), ZERO! 43 pessoas com discursos preparados para apontar o dedo, muitas vezes utilizando o sarcasmo, gozação e até a tentativa de humilhação.

Um sócio congratulou-se pelas 1100 pessoas presentes, dizendo que esteve noutras com 200 (eu diria que estivemos noutras com menos ainda), porque as AG infelizmente só são participadas quando se quer criticar, apontar o dedo... e curiosamente não se querem ouvir as explicações. Só mesmo usar da palavra a criticar. É pena!

É sempre uma experiência social ver os discursos e o regresso ao lugar onde aparecem com satisfação pelo que disseram, a ser congratulados por outros que antes ou mais tarde fazem o mesmo. Não era pelo conteudo, era pelo impacto. Missão Cumprida.

Desfilaram, entre outros, os "candidatos" a futuros presidentes do SLBenfica - sim, voltaram às AG depois de várias onde não apareciam nos ultimos meses, tal como sempre ocorreu até 2020. Quando digo desfilaram porque se enchem de discursos inflamados, carregados de frases bonitas mas sem uma única proposta. Sem uma unica ideia ou proposta. 

Uns mais moderados que outros, e João Noronha Lopes parecia que estava a discursar para "a sua gente" e não a contribuir para algo, para que todos entendam que quer ser candidato, mas sem o assumir e assim vai andar nisto meses. E João Diogo Manteigas, que foi pena ter ficado para final porque já havia menos pessoas, num discurso mais informal e que trouxe um ponto à discussão que fez o Presidente do Conselho Fiscal arrancar para uma explicação de 40min às 2.00 da manhã. Foi importante o tema, pelo menos.

Senti falta de ouvir ali, na nossa casa como muitos diziam, aqueles das colunas semanais nos jornais ou participações recorrentes nas televisões. Era ali que deveriamos ter ouvido esses, se calhar ouvimos... mas não foram eles a aparecer no pulpuito. Foi pena!

Não há espaço, nas AG, para discutir o SLBenfica. Só para o criticar! Quem discursa pela positiva é apupado. Quem não faz parte da "linha de pensamento" é ignorado, apupado ou vaiado. Se a direcção se tenta justificar (bem ou mal, à sua maneira) ninguém quer ouvir. Querem respostas, mas quando elas aparecem, poucos ouvem.

No final, Rui Costa enquanto respondia a quase tudo o que lhe foi apontado, chegou a dizer "perguntaram, está aqui a resposta" perante a critica sobre a critica. Esteve bem a responder a tudo o que lhe foi apontado... mas ninguém queria saber, na verdade. A cada resposta, vinha mais um coro de interpelações e criticas.

Arrisco dizer que muitos dos votos (contra ou a favor) não foram ao RC, até porque muitos apressaram-se a votar sem ver as suas perguntas respondidas e outros duvido que tenham lido alguma coisa antes. O voto era contra a Direcção, não contra o Relatório e Contas. Ainda assim, num ambiente assim, não passou apenas por 3%... o que quer dizer que dos 1100, apesar do ruido, muitos votaram favoravelmente.

Termino com um tema que foi recorrente e ao qual voltarei nos próximos dias. Exigir uma posição de força nas eleições da FPF e Liga é essencialmente não ter qualquer noção sobre o modelo de eleição e qual o papel que tem o SLBenfica. Para terem uma ideia, qualquer Associação de Futebol tem o mesmo ou mais poder que o SLBenfica na eleição para a FPF e na Liga temos tantos votos como qualquer outro. Sozinhos nada se fará! Murros na mesa e frases bonitas, nada fará. Sobre isto falaremos mais adiante noutros posts.

Termino como comecei: Estas AG têm tudo para ser PELO BENFICA E NÃO PELO PODER! Ali têm que se apresentar ideias e propostas à Direcção e não apenas apontar o dedo. Bem sei que aparecendo só quando "cheira" a eleições, o tacticismo obriga a fazer discursos criticos, a sair do pulpito debaixo de aplausos como João Noronha Lopes por ter dito aquilo que todos gostam de ouvir... porém, terá guardado as propostas todoas para o seu programa eleitoral, porque é pelo poder e não pelo Benfica. Ninguém pode dizer que não o gostou de ouvir. As palavras eram bonitas e sentidas, mas poderiam ter sido ditas por qualquer um.

Nstas AG, como muitas vezes aqui disse, "temos tem que ser mais". Temos que parar com os "desfiles" de promoção pessoal entre os amigos e ter menos pessoas a falar mais tempo. Onde se possam apontar os problemas, fazer todas as criticas necessárias, mas de forma a que possam também apresentar ideias e soluções. Salvo o facto de que o que interesse é que essas ideias só possam ser suas e para isso é preciso estar no poder ou ter lá as pessoas que mais gosta...

Muitos vão para ali sem nunca ter tido que estar do outro lado antes na vida. Apontam o dedo e saem felizes. São esses que assustam as pessoas mais moderadas porque apontam as coisas que estão erradas, mas nunca mostram como se deveria fazer. Depois surpreendem-se que os sócios que votam, não apenas os descontentes que vão às AG prefiram "não quem saiba mais, mas sim quem já tenha feito (mesmo que não tenha sido) melhor".

VIVA O BENFICA!