Sporting CP 2-1 SL Benfica: queda anunciada

 

A derrota de ontem frente ao Sporting CP (2-1) deixou o SL Benfica mais longe da renovação do título de campeão nacional (e só não digo já que não será campeão porque ainda é matematicamente possível).

O Benfica ficou mais longe do título por culpa própria. Fez-se o maior investimento de sempre na história do clube (mais de 100 milhões de euros), proporcionando a Roger Schmidt um amplo plantel. Alguns dos jogadores comprados acabaram por mostrar desde cedo que não iam corresponder ao que lhes eram pedido, outros, sempre que utilizados, foram mostrando bons pormenores, porém não foram aposta regular. 

No dérbi de ontem, assim como no de terça-feira, viu-se uma equipa com mais garra e ambição, algo que tantas vezes faltou durante a presente época. Por que é que não se jogou sempre com esta atitude? A falta da mesma, aliada a outras falhas, valeram ao Benfica a perda de pontos contra equipas teoricamente mais fracas e, consequentemente, foram afastando a equipa do primeiro lugar. 

Uma das principais falhas reside na forma como Roger Schmidt lê o jogo e nas escolhas que faz. Quantas vezes nesta época o Benfica deu 45 minutos de avanço ao adversário porque o seu treinador errou no onze escolhido e na estratégia montada? E depois, ao intervalo, lá tentou remendar. Em alguns casos o final foi feliz, mas noutros nem tanto. Ainda neste ponto importa falar das substituições, o tema mais abordado e quase sempre pela negativa. Ontem não foi exceção. 

Uma equipa que está obrigada a ganhar para continuar na luta pelo título não pode fazer praticamente 90 minutos com jogadores em campo que estão a passar completamente ao lado do jogo. A partir dos 70 minutos do dérbi foi notória a necessidade de refrescar a equipa, sobretudo na frente. Foi precisamente nesse momento que Roger fez a primeira alteração na equipa para tirar Tengstedt e lançar Arthur Cabral. Insuficiente. Rafa esteve muito apagado, teria justificado a sua saída mais cedo, mas só foi substituído aos 93 minutos, como se não houvesse opções válidas no banco para mexer mais cedo na equipa…

Talvez não o tenha feito por não ter a confiança necessária nesses jogadores para os lançar num jogo com tanta importância. Tivesse apostado mais em Gouveia, Rollheiser e Carreras e talvez ao dia de hoje o Benfica se encontrasse numa situação mais favorável. O que se tem visto é uma estagnação tanto a nível individual, como a nível coletivo. E isto, para uma equipa como o Benfica, não pode ser aceitável. 

Assim como não pode ser aceitável gastar tantos milhões em avançados e nenhum se encaixar no estilo de jogo do Benfica. Tengstedt é um falso ponta de lança. Tem-se mostrado bem a trabalhar para a equipa, mas precisa de uma referência na área, como por exemplo Cabral, para finalizar. Contudo, Roger Schmidt não joga para os avançados que tem. Todos podiam render bem mais se o estilo de jogo fosse outro. 

Voltando ao dérbi e à derrota que daí saiu destaco ainda os golos sofridos pelo Benfica. Ambos nascem praticamente da mesma forma: Geny apareceu sempre sozinho. Depois de marcar o primeiro o jogador do Sporting continuou a ameaçar e por várias vezes o jogo foi passando por ele, muitas vezes sem que os jogadores do Benfica lhe criassem dificuldades. O segundo golo foi sendo anunciado ao longo do jogo e acabou mesmo por surgir porque os jogadores do Benfica voltaram a cometer o fatal erro de deixar Geny com espaço para fazer o que queria. 

Estamos a pouco mais de um mês do fim da época e a sensação que fica é que o investimento feito não deu frutos e que o desnorte foi uma constante. Que o filme desta época sirva de aprendizagem para o futuro e que não se volte a cometer tantas falhas fatais.