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quarta-feira, 9 de março de 2022

Futebol depois da Covid

. 21 comentários
Artigo publicado por Mauro Xavier, sócio 25 768 do SL Benfica, no jornal RECORD
O que acham da proposta apresentada no texto?

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"Acabou a Covid. É a frase mais ouvida no café por estes dias enquanto a televisão dá monotematicamente notícias da guerra. Mas, nestes tempos em o medo regressou à Europa, podemos até saudar o abrandamento da pandemia, mas sabemos – ou, pelo menos, deveríamos saber – que os seus efeitos estão para durar.

O futebol português, que já não esbanjava saúde, está hoje a braços com uma crise ainda maior, com muitos clubes a atravessarem dificuldades financeiras, com a perda de patrocínios e assistências. A Liga reuniu, mas, à parte os abraços e beijinhos trocados e que até há até bem pouco tempo a DGS e o bom senso desaconselhariam, não se deu, à saída, por uma única ideia sobre como enfrentar a situação.

É pôr os olhos nas recentes prestações internacionais dos nossos ditos "grandes". O futebol nacional está a perder competitividade – e vai continuar a perder se não avançarmos, depressa, com uma agenda para a recuperação pós-Covid. Propostas palpáveis, quero eu dizer. E deixo aqui a primeira: o Benfica propor à FPF e à Liga apresentarem ao Governo a criação de um regime fiscal excecional para os futebolistas sub-23 de qualidade acima da média. Em concreto: descer a taxa de IRS para 20% a todos os que tenham sido internacionais A nos últimos 12 meses pelas respetivas seleções.

Porque é que esta medida é interessante? Por múltiplas razões. O que temos hoje é um regime fiscal que favorece os atletas em fim de carreira. Otamendi, Pepe ou Slimani beneficiam de uma benesse nos impostos ao abrigo de um estatuto especial criado para atrair ex-residentes para o país, após pelo menos cinco anos de ausência.

Mas o que todos pretendemos enquanto adeptos é algo mais: é atrair talento em geral – e não apenas numa determinada faixa etária – e reter talento, o dos nossos atletas que, tantas vezes, lamentamos ver sair cedo de mais.

Uma taxa única de 20% para internacionais abrange tanto jogadores estrangeiros como portugueses e representa uma descida de 33% em relação àquela que é hoje a taxa máxima praticada. Numa liga em que não temos como competir em matéria de orçamentos, visibilidade ou competitividade, a via fiscal pode ser o caminho mais rápido, seguro e eficaz de inverter o cenário e colocar o futebol português no início de um círculo virtuoso.

Menos impostos significa capacidade para reter e atrair melhores jogadores, melhores jogadores significam melhores equipas e melhores equipas significam melhores resultados desportivos e financeiros. Para já não falar do interesse que a vinda de X, Y ou Z sempre despertam nos seus países de origem, abrindo o futebol português a novos mercados para as transmissões televisivas.

Se o futebol é tantas vezes usado por responsáveis políticos e sociedade em geral enquanto bandeira do país, então é necessário que esse mesmo país também seja capaz de o proteger e – para usar um termo da moda – incubar. Já criámos regimes fiscais especiais; porque não para os desportistas de exceção? Começando pelo futebol, mas abrindo o caminho para as demais modalidades.

De resto, menos impostos não significa sequer menos receita fiscal. Quando o Rúben Dias vai para Inglaterra, é receita fiscal que o Estado português perde. De cada vez que perdemos talento, são também menos impostos que arrecadamos. Mais os contribuintes estrangeiros que podemos ter cá ou continuar a ver "contribuir" para os emblemas e cofres espanhóis, ingleses, russos, turcos, árabes, etc.

Finalmente, e não despiciendo: um regime fiscal destes também evitaria, ou pelo menos haveria de reduzir, a quantidade de engenharias e acrobacias financeiras com salários, prémios, direitos de imagem e afins em que somos pródigos e que só desprestigiam ainda mais o futebol português.

Só por si isto não chega, claro. Precisamos de um plano de recuperação a 10 ou 20 anos. Mas é um pontapé de saída para o debate. Venham mais ideias. E, sobretudo, mais ação."

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21 comentários

  1. Anónimo9/3/22 14:28

    Não estou de acordo com regimes de exceção para o futebol, uma indústria que gera as receitas que gera, tem é com isso de aproveitar e remunerar os jogadores e não os agentes especuladores. Qual foi o trabalho do Mendes na venda do JF?!?

    Todavia e a propósito, qual é a legislação que prevê que os futebolistas tenham acesso ao Regime de Residentes não Habituais?! Quando muito o Pepe, pode aceder ao Programe Regressar.

    Sócio do SLB rumo ao 38

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  2. Anónimo9/3/22 14:49

    Percebo a ideia mas a massa fiscal como é óbvio vai descer. O argumento de o Estado Português ter perdido dinheiro pela ida do Ruben Dias para inglaterra não faz qualquer sentido, pois veio outro para o subsitutir e essa paga impostos. O que importa é a massa salarial como um todo que não desce necessariamente cada vez que se faz uma venda, pois na sua grande maioria são compensadas com a entrada de outro jogador.
    Fico sem perceber se é ingnorância pura e uma enorme ingenuidade ou se é mera demagogia.

    O grande problema da competividade em portugal é termso 60% dos jogos a não gerarem qualquer tipo de receita pois ninguém os quer ver e o bolo ser repartido por todos.

    Se a liga tivesse apenbas 12 equipas os direitos totias da liga não desciam e dividiam se apenas por 12 equipas, podemndo esta ser mais competitiva e ter mais jogos geradores de receitas. Não só se aumenat o bolo como se divide por menso equipas:

    Liga de 12 equipas
    2 voltas (22 jornadas)
    Fase de campeão e de descida (6+6) a 2 voltas (10 jornadas)
    Total de 32 jornadas com 12 classicos e vários jogos muito mais interessantes. Os gardnes teriam um probabilidade muitop maior de perder pontos

    É por aqui que se tem de começar.

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    1. Cavungi19759/3/22 15:22

      Concordo com a ideia. E segunda liga com 2 séries de 14 clubes, onde subiam os primeiros de cada séria e o 9º classificado fazia um playoff com os segundos classificados a 2 voltas para preencher a vaga restante da primeira liga.

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    2. só que com esse esquema banalizas os jogos grandes, porque a esses tens de somar os da taça da liga e taça, até porque por norma são jogos competitivos mas de fraca qualidade.

      @cavungi1975
      numa liga com 12 clube no máximo só pode descer uma equipa, e quando muito uma liguilha ente outro clube da primeira e um da segunda, seja por zonas ou não.
      já agora por zonas vai perder qualidade e nada garante que a zona sul depois não esteja minada de clubes do norte.

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    3. Sou bastante céptico em relação a esse número reduzido de equipas, que me parece logo à partida aleatório, sem estudar as potencialidades reais das equipas. Além disso, não está provado em parte alguma que um campeonato com poucas equipas é competitivo, pelo contrário.

      Analisando as estatísticas, em Portugal existem apenas 5 clubes com capacidade de bilhética normal acima dos 10 mil. Podemos acrescentar o Boavista, mas nem isso é seguro.

      Partindo do princípio que 4 estarão sempre na fase de campeão, e depois o VSC, o Boavista e outra surpresa lutam pelas 2 vagas, então no terço final da competição tens uma fase de descida com muito pouco interesse comercial, com 6 equipas com pouca capacidade de bilhética.

      Em suma, uma liga de 12 equipas nesse formato seria apenas uma Taça da Liga com mais jogos, com 4 lugares garantidos à partida na fase de campeão, e tudo o resto pouca gente ligaria, como hoje, e os mais pequenos faziam até menos receita na fase final.

      Além disto, pergunto como podes querer que clubes que quase nem geram receitas por si próprios vão por mágica obter capacidade competitiva só pelo dinheiro das tv's. Há clubes da 1ª Liga que nem sequer têm lojas próprias e se têm é um barracão onde nem uma bandeirinha do clube está disponível. E falo de clubes históricos...

      Muitos dos problemas dos clubes passam pela sua fraca capacidade de potenciar a sua região, Algarves, Setubal, Coimbra, Alentejo, as Beiras, etc. Com cada vez menos jogos nas regiões, a 1ª Liga ainda ficaria mais concentrada.

      A única hipótese de haver uma liga competitiva e dividi-la a meio seria arranjar um sorteio de draft tipo NBA, um clube pequeno com hipótese de obter melhores jogadores, aí sim, podíamos ir buscar a experiência americana, mas é claro que isso é impossível.

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  3. Cavungi19759/3/22 15:00

    Fundamental aplicar esta ideia em toda a sua extensão,exatamente como é proposta.

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  4. A ideia é das mais estúpidas que já li. Até me admira vindo do Maro Xavier, quem temho elevada consideração pelo que diz e escreve.
    Então um furebolista que aufira dezenas de milhares de Euros mensais (+ prémios) deve beneficiar de uma taxa de IRS igual ao comum cidadão que recebe menos de 2000 Euros??
    Sr. Mauro Xavier, que defenda o futebol Português, estou inteiramente de acordo. Que goze com o povo, não!!

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  5. Anónimo9/3/22 15:13

    Já que o "termo da moda é incubar", então toca a incubar"! Todos pedem e por que não o futebol? Não sei quem é precisa mais: se "os de fim de carreira" se o futebol Português! Andamos a dar uma no cravo e outra na ferradura e a esquecer o essencial que tem sido amplamente falado também neste blog! Isto para defesa do Benfica conta zero, mas sempre dá para entreter e os nossos inimigos (não digo adversários) não se oporão nem deixarão de opor, porque isso não é o "negócio" deles! São muito, mas muito mais abispados do que nós! "Bem hajam" eles por nos achincalharem, vilipendiarem e amassarem! Nós gostamos, aliás adoramos!

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  6. José Ferreira9/3/22 15:23

    Pouco percebo do assunto, por isso abstenho-me de opinar. De qualquer modo sempre digo o seguinte: porque não acabar com muitas das extravagâncias a que assistimos, tais como ordenados principescos, prêmios chorudos, riquezas tipo Jorge Mendes, grandes vidas, a de jogador da bola é curta pois é, mas em 2 ou 3 anos ganha mais que um comum mortal ganha em 45 anos de trabalho duro. Enfim, é a vida, mas parece que está a mudar lá isso parece.

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  7. Os salários no futebol vão ter de baixar e muito.

    Os clubes/sads correm o risco de falência.

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  8. 100% contra! Pela via dos impostos não! Era o que mais faltava!

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  9. Nope, errado! Regimes de exceção são injustos e só incentivam a fraude...

    Existem formas muito mais inteligentes de reter talento sem sermos triturados pela brutalidade fiscal!!

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  10. Baixem mas é o IVA para todos!... Acabem com IMI! Revoguem a Lei das Rendas!...

    Quero lá saber do futebol. Nesta matéria, até temos mais direito que toda esta máfia do futebol e dos clubes.

    23%??... Onde é que está o retorno na qualidade de vida das pessoas?...

    Tenham vergonha, mas é...

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  11. Concordo com as últimas 2 linhas, até podem ser boas medidas mas só por si isto não chega mesmo!! e ficar a espera que o governo tome medidas deste género ou ainda pior, esperar que FPF ou Liga façam seja o que for em prol do futebol em Portugal sem antes olhar a interesses roça a ingenuidade!!

    Precisamos realmente de um plano, de de uma estratégia onde o SLB seja a força motriz de toda essa mudança, mas é a trilhar o caminho e os outros que sigam!!! Unir o clube e usar a nossa força para liderar essa mudança.

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  12. agora este passou a virar guru daqui qualquer dia passa a dom sebastião como o outro.

    mesmo que aquilo que ele disse fosse verdade em relação a não existir quebra de receita fiscal com esta proposta, e isso até esta muito longe de ser verdade, este senhor nem sequer percebe em que pais é que vive.
    nunca nenhum governante, nem partido político, iria aceitar este tipo de regime fiscal um regime iria tributar quem ganha 100.000 euros mês com a mesma taxa de quem ganha 1.700 euros mês era uma injustiça atroz que ninguém em portugal ia perceber.
    por muito menos a pessoas saíram massivamente à rua quando foi a proposta de redução da tsu para o patronato.

    o que este senhor não percebe é que o regime fiscal não beneficia os velhos, um jogador novo também o pode beneficiar basta ter estado cinco anos fora, e é um regime para toda todos não é especificamente para o futebol, o futebol é que se aproveito dessa exceção que é uma coisa completamente diferente.

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  13. São ideias com as quais podemos concordar mais ou menos, mas baixar o impostos numa altura em que estamos a meio de uma crise que ainda vai piorar, talvez não seja muito acertado pois o cidadão ficará com a percepção (correcta) de que quem ganha mais paga menos, e quem ganha menos paga mais. O futebol português (e internacional) pura e simplesmente terá que fazer um downsizing, não há outra solução. Não podem ter Ferraris ou Lamborghinis comprem Mercedes ou Porsches, não podem ter Porsches ou Mercedes comprem Fiats ou Peugeots, e por aí fora.

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  14. A ideia assume que se chega a International A por merito... com uma lei dessas todos os jovens do plantel do FCP seriam Interncionais A e no SLB nenhum!

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  15. Quando se lê um artigo destes a primeira questão que nos vem à cabeça é: "O que é que este indivíduo andou a fumar?"

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  16. Acho que sim, que se aplique a todas as areas. Quem é melhor e mais trabalha, que desconte menos.

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