Investidores externos chegam aos "grandes"! Via aberta para a hipocrisia!

Depois de ouvir hoje uma entrevista do Jose Boto num podcast, "dei de caras" com uma outra entrevista ao podcast da empresa do Nuno Farinha a... João Pinheiro, ex candidato a vice presidente do SLBenfica na lista de Benitez.

Pareceu-me mais um arranque de campanha eleitoral daquele que, na lista de Benitez e anteriormente entre os que "cederam" a Noronha, era o mais capacitado para comunicar e talvez o melhor preparado. Mas não é isso que interessa agora, mas sim o que continua a ser o que - na essência - me afasta do Movimento Servir o Benfica e que leva à "provocação" (que os seus membros levam demasiado a serio) do "Servir-se do Benfica":

- João Pinheiro defende os principios correctos, porém escolhe fazê-lo recorrendo a argumentos sem sentido e alguns tipicos até do velho Luis Filipe Vieira: O bicho papão da comunicação, a maquina de propaganda que condiciona os sócios e os leva a decisões que prejudicam o clube, etc.

Eu fui ouvir esta entrevista porque o tema dos Estatutos é uma preocupação que tenho desde sempre. Talvez a primeira "educação de base" que o meu Pai me transmitiu quando o comecei a acompanhar às AG.

Ora... infelizmente, João Pinheiro levou a entrevista para o acessório, para a critica fácil e populista... e centrou a maior parte das criticas nas limitações que antecipa a um susposto modelo de alienação do controlo da SAD... e depois termina com o tema dos direitos televisivos e com a "exigência" de não baixarmos receita, quando sabe perfeitamente que o Benfica directamente pouco pode fazer... lá vem o populismo.

Mas por partes então:

- No essencial, o importante relativamente aos estatutos - e mais ainda que tendo em conta que há tempo - é que os benfiquistas possam discutir diferentes propostas em vez de ter que votar exclusivamente uma proposta "alterada" que estão a querer levar a votos. 

Depois, se João Pinheiro e outros confiam tanto nos benfiquistas, então em vez de usar as AG para criticas veladas e andar a apontar o dedo a tudo o que mexe, preparem bem as propostas e as ideias e cativem os sócios em vez de andar a discutir lados e "tamanhos de pilinhas".

Acho interessante que se quer - nos Estatutos - que seja possível pedir AGs e AGEs "por da cá aquela palha", mas depois diz-se que a Direcção tem uma máquina de propaganda que condiciona os sócios e os leva às decisões que interessam à Direcção. Em que ficamos afinal?

Talvez todos ganhemos mais se quem tem boas ideias e militância, como o João Pinheiro, pensem antes em posicionar correctamente as ideias em vez de justificar a não aceitção com o "bicho papão".

- Um tema também essencial é o que querem afinal os benfiquistas para o modelo futuro, tendo em conta que cada vez mais clubes em Portugal e a própria Liga (ou melhor, o negócio da Liga: a transmissão e realização de jogos) interessam a investidores estrangeiros. O Benfica pode:

1. Resistir eternamente e ser capaz autonomamente de gerar receitas suficientes para competir. A exemplo dos "colossos" Real Madrid e Barcelona, coisa que me parece utópica.

2. Ceder às pressões como os clubes ingleses e ceder o controlo da SAD (o que anda convenientemente a ser confundido com vender o clube). Recordo que a SAD é apenas o negocio do futebol e neste caso o que os clubes ingleses facem é ceder a liderança do negócio futebol, mantendo a essência do Clube. Eu pessoalmente não me revejo nesta opção porque, tal como na anterior, parece que não ha em Portugal dimensão para algo assim.

3.Aceitar a entrada de um investidor minoritário, que aceite subjugar-se - como defende João Pinheiro - a que sejam os sócios a decidir as questões essenciais do Clube. Ora pelo lado oposto do ponto 1., este parece-me utópico também, pois ninguem investe vários milhões para depois as AGs andarem a tropediar decisões porque não gostam... Pois para isso, que não haja investidor. 

Os benfiquistas acham-se os mais inteligentes do Mundo: Por um lado que venha o dinheiro, mas quem decide sou eu... sim, claro... vai mesmo acontecer... nunca.

4. O modelo que me parece mais adequado é o que defendeu em tempos Luis Filipe Vieira, influenciado por Domingos Soares Oliveira - que é o modelo do Bayern Munique, que Francisco Benitez também defendeu em 2020... e que se liga ao que apresentei ontem: Uma Reflexão Sobre o Presente e o Futuro do SLBenfica

Uma estrutura acionista formada por Parceiros Estratégicos, onde os principais sponsors tomam parte no capital em posições estratégicas, porém minoritarias, o que leva a que os sponsors realizem investimentos de capital mais elevados.

Actualmente a SAD do SLBenfica tem 63.75% da SAD, mas os restantes 36,25% (Rei dos Frangos, Vieira e Valouro) são complemtamente irrelevantes para a estratégia futura. Assim a minha opinião é de o SLBenfica adquirir essa percentagem e alienar até 45% a três accionistas institucionais e estratégicos - que olhando à estrutura actual poderiam sera a Adidas, a Emirates e um novo parceiro - desejavelmente na area do digital como fez o Barcelona com a Spotify.

Esta estrutura obriga a que a SAD passe a ser 100% profissional (a começar pelo Presidente) e deixe de haver espaço para que seja o presidente do Clube rodeado dos seus amigos, para passarem a ser estruturas altamente profissionais, remuneradas em função de objectivos profissionais, empresariais mas essencialmente desportivos (com base de sustentabilidade financeira também). Estas equipas são essencialmente nomeadas recorrendo a processos de recrutamento de executivos e onde os accionistas (Clube / Orgãos Sociais, mas também o parceiros estratégicos aprovam os nomes em função da sua capacidade para defender os interesses do clube, que é como dizer, proteger os seus investimentos.

Desta forma, deixa de ser necessário o que o João Pinheiro de forma populista pede (a palavra permanente aos sócios), ficando isso apenas para temas estruturais e com impacto duradouro na realidade do clube.

Antecipo que em 2024 os investidores do Qatar vão reforçar mais ainda no SCBraga porque o Antero vai querer continuar a meter pressão no FCPorto. Invarialvelmente veremos o FCPorto a ter entrada de capital estrangeiro para evitar a falência (e esta é a grande esperança e porta de entrada de Antero Henriques) e o Sporting já anunciou que vai avançar para um investidor, onde o mais desejado é o CR7... 

É também o ano onde Figo possivelmente assumirá um papel chave no futebol português e onde CR7 já domina a Cofina (Record, Sabado e CM...) e pode interferir também num clube...

Não me parece que o SLBenfica necessite este tipo de modelos tão expostos como Sporting, Porto e Braga.