SL BENFICA 1-0 FC PORTO: os génios nunca falham

foto: SL Benfica

Sport Lisboa e Benfica e clássico. Palavras que, quando juntas, imediatamente evocam uma corrente de emoções. Inevitavelmente o coração dos adeptos entra em modo Neres e acelera, a ansiedade toma conta deles, o jogo ocupa-lhes o pensamento e os seus olhos já só esperam o momento em que se vão fixar no relvado ou na televisão e assim permanecerão durante mais de 90 minutos. O mítico “hoje não dá, joga o Benfica” ganha toda uma nova dimensão porque a partida com o eterno rival não se trata apenas de mais uma, mas sim de uma contenda de paixões e de uma tradição que toca a todas as gerações. 

Durante a semana pairou a dúvida sobre quem é que Roger Schmidt ia colocar a titular: Di María ou Neres. De um lado estavam os que defendiam a continuidade do argentino no onze, do outro não havia dúvidas de que era o brasileiro que tinha que ser titular. E entre tango ou samba, Schmidt mostrou-se à vontade para bailar os dois, que é como quem diz, ofereceu a titularidade a ambos os jogadores (11 do SL Benfica: Trubin, Otamendi, António Silva, Bah, Aursnes, João Neves, Kokçu, Di María, Rafa, Neres e Musa). 

Com uma forte aposta no ataque os encarnados entraram bem no jogo, pressionando bem na frente, mas rapidamente permitiram que o FC Porto fosse tomando o controlo do jogo, criando assim as melhores oportunidades. E foi precisamente neste momento de domínio que os dragões viram Fábio Cardoso ser expulso depois de ter feito falta para travar David Neres. Corria o minuto 19 quando as coisas pareciam ficar mais acessíveis para os da casa, mas a verdade é que mesmo em superioridade numérica o Benfica passou por sérias dificuldades no processo de se encontrar. Teve mais posse de bola, mas não conseguiu organizar o seu jogo nem ter a agressividade necessária para se impor sobre um Futebol Clube do Porto reduzido a 10. Prova disso é o facto de a primeira ocasião de perigo ter surgido apenas aos 32 minutos: Neres tentou cruzar, mas a bola desviou em Alan Varela e obrigou Diogo Costa a duas defesas consecutivas, primeiro com os pés e depois com os punhos, mantendo a baliza a zeros. 

Do outro lado Trubin seguiu-lhe os passos. Evitou que Taremi, isolado, levasse a melhor sobre ele e negou ainda o golo a Pepê que arriscou a sua sorte com um remate forte fora da área. A segurança, a confiança e a boa leitura dos lances em que foi chamado a intervir valeram ao guarda redes ucraniano o título de melhor em campo nos primeiros 45 minutos de jogo e um 0-0 no marcador. 

Dos balneários para o relvado saltaram exatamente os mesmos 11 jogadores que iniciaram o encontro. Não convenceram na primeira parte, onde se esperou uma exibição com mais brilho, quer pela vantagem numérica, quer pela qualidade do plantel, mas ainda assim continuaram a ser a aposta de Roger Schmidt. Assistimos novamente a uma entrada forte que acabou por se traduzir em sucessivos lances de perigo, com especial destaque para os protagonizados por Kokçu, que rematou ao poste, e Otamendi que, ao segundo poste, atirou à malha lateral. 

Nas bancadas pedia-se o golo e o Benfica bem que ia ameaçando, estando cada vez mais perto de realizar o desejo dos seus adeptos. Não foi preciso esperar muito tempo nem esfregar a lamparina mágica para libertar o génio. Perdão, os génios! Sem pedir licença, Neres apareceu pelo lado esquerdo e assistiu Di María que, sem hesitar, rematou para o fundo das redes para inaugurar o marcador e fazer levantar das cadeiras os mais de 60 mil presentes no Estádio da Luz. 

Três desejos só mesmo em histórias e, por isso, apesar de o Benfica ter continuado a criar perigo, o resultado manteve-se até ao apito final. De um modo geral a exibição não foi um regalo para a vista, mas foi suficiente para cumprir o principal objetivo: conquistar os três pontos. 

Permitam-me finalizar com um nota positiva para João Neves e Kokçu, que, na segunda parte, foram reis e senhores do meio campo e impulsionaram o crescimento de toda a equipa.