Rui, hoje teria votado em ti

Basta ler e ouvir a imprensa e comentadores cá do sítio, para perceber em como algo que foi feito com excelência desde o início pode ser abordado de um prisma que faz parecer tudo negativo e mal feito.

Em primeiro lugar o mérito de se ter descoberto Enzo na Argentina. Não interessa muito se foi Rui Costa quem o descobriu ou outro olheiro qualquer. O que interessa relevar aqui é que foi Rui Costa a ver em Enzo um tal talento que se dispôs a investir 13 milhões de euros num jogador que só podia chegar 6 meses depois. Não fosse esse “golpe” e o destino de Enzo teria sido muito provavelmente outro clube.

E aí foi ver e ouvir a imprensa criticar Rui Costa e o tal investimento num jogador que não vinha já, que jogadores há muitos, e por 13 milhões havia de se descobrir um jogador que chegasse no imediato.

A época desenrola-se e Enzo mostra no Benfica o ENORME talento que tem, e a imprensa e comentadores lá se vão rendendo e dizendo que Enzo é um bom jogador (nada de dizer aquilo que é óbvio para quem entenda um mínimo de futebol, de que é excelente).

Começa-se a falar em ofertas de 90, 100, 120 milhões por Enzo e mais uma vez o mundo desportivo e opinativo português entrou em negação. Mais uma vez, e à semelhança de João Félix e Darwin e outros, era a máquina comunicativa do Benfica nas suas habituais ações de marketing, a querer vender por 120 aquilo que só vale 45. Que era tudo da boca para fora, e dinheiro batido na mesa nem vê-lo.

Pois a tal má contratação de Rui Costa, o tal jogador que era apenas bonzinho, saiu mesmo por 120 milhões de euros!

Bom, tendo então os críticos tido de engolir os sapos da contratação, os sapos das excelentes exibições e os sapos dos 120 milhões, vão agora criticar o quê? A venda, pois claro. Porque já não resta mais nada para criticar.

Mas a sério que alguém considera que seria um bom ato de gestão não vender Enzo por 120 milhões de euros, o médio mais caro da história do futebol mundial, saído de um clube do futebol português, um jogador que ia para o melhor campeonato do mundo ganhar 7 vezes mais e que claramente já não tinha a cabeça no Benfica?

A sério?! E agora vêm dizer que, ah e tal, que se o Benfica não for campeão todos vão cair em cima de Rui Costa por ter vendido a estrela da equipa...?

 A sério?! É que “SES” há muitos:

E SE Enzo tivesse ficado e ainda assim o Benfica não fosse campeão, e SE no final da época em vez de 120 pelo Enzo só dessem 80 milhões? Teria sido um bom ato de gestão não vender?

E SE Enzo tivesse ficado, e partisse a perna como partiu Lucas Veríssimo o ano passado e ficasse um ano no estaleiro sem saber se recuperaria a 100%? O que iam dizer então da gestão de Rui Costa?

E para não ser só elogios, há algo para lamentar neste negócio da venda de Enzo? Há. Em primeiro lugar, a postura de Enzo (embora a entenda) que em nada ajudou à causa do Benfica. Em segundo, que Enzo tenha saído e não tenha entrado um substituto, embora tenha percebido anteontem Rui Costa quando disse que ir contratar alguém inflacionado e em desespero de causa nas últimas horas do mercado seria sempre um mau ato de gestão.

Alguns dirão, ah sim, mais valia o Benfica ter vendido o jogador há 3 semanas atrás e teria dado tempo de substituir. Tudo isto até pode ser verdade mas por favor, Benfiquistas, entendam-se:

Afinal criticavam o Vieira porque para ele, assim que cheirava a dinheiro os jogadores saíam logo e o projeto desportivo ficava para segundo plano; e agora criticam o Rui Costa que tudo fez para colocar o plano desportivo em primeiro lugar e segurar um jogador importante da equipa até onde lhe foi humanamente possível (mesmo que até pudesse ser desastroso do ponto de vista económico)?

Eu, feitas as contas, prefiro claramente a segunda versão (até porque acredito que uma é consequência da outra), mesmo que no imediato até possa correr mal em termos desportivos. É essa a versão, a do projeto desportivo em primeiro lugar, aquilo que tenho visto em Rui Costa e a estratégia que sempre defendi , e que não duvido nos fará decerto ganhar bem mais vezes, mesmo que num caso pontual até possa falhar aqui ou ali.