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terça-feira, 8 de agosto de 2017

A responsabilização dos irresponsáveis

. 22 comentários
Já tinha este texto escrito há uns dias, e assim aproveito a boleia do post do Shadows...

Nesta história das claques, ou grupos de sócios organizados, como LFV decide chamar às do Benfica, há uma coisa que me faz muita confusão. A responsabilidade destas pessoas.

Não vou aqui discutir a questão da legalidade das claques, que de resto não serve para absolutamente nada cá no burgo. Se servisse, acredito que boa parte dos seus elementos nem sequer entrariam num estádio de futebol, tendo em conta o seu perfil. Isto em relação às claques chamadas legais. As dos nossos “amigos”, que tanto apregoam a verdade desportiva e a idoneidade (!?!?!?) da sua gente.

Quanto aos “grupos de sócios organizados” do Benfica, também não duvido que incluam gente que nunca devia por os pés num recinto desportivo. No entanto, e apesar de se tratarem de “grupos de sócios organizados”, com os mesmos privilégios do que um sócio como eu (como se eu ingenuamente acreditasse nisso, sr. Presidente!...), a questão que me faz confusão é a mesma. A responsabilidade destas pessoas.

Ponto um, estamos a falar de pessoas. E são pessoas que são associados ou adeptos de um clube, seja ele qual for. Não estamos a falar de atos praticados institucionalmente, e assim sendo, até que ponto deverá um clube ser penalizado pelo comportamento de… pessoas. Os sócios ou os adeptos serão porventura representantes oficiais de um clube? NÃO! Tomam posições oficiais e decisões estratégicas? NÃO! Gerem o dia-a-dia do clube? NÃO! Os sócios têm o poder fundamental de eleger quem o faça. E acaba aí a sua responsabilidade, que é gigantesca. E aqui começa a responsabilidade dos dirigentes eleitos pelos sócios.

Um estádio interditado, uma multa avultada (e quanto o Benfica paga!!…), um aviso, enfim… a minha questão é: porque raio é que um clube deve ser penalizado quando um ou vários dos seus associados fazem asneira? São considerados parte da estrutura do clube? Do meu ponto de vista… não! Quando um dirigente, ou qualquer outro agente desportivo que faça parte integrante dos quadros do clube se porta mal, aí sim, concordo plenamente com os castigos aplicados a um clube. Quando um grupo de sócios ou adeptos incendeia umas bancadas, lança uns very-lights, ou clama pela morte de uma equipa de futebol pela via de um acidente de aviação, de quem é a culpa? Dos clubes? É por estes energúmenos pagarem quotas e serem sócios que os clubes devem ser responsabilizados? NÃO! “Pois, mas os clubes dão apoios às claques, ou grupos de sócios organizados, ou o que raio lhes queiram chamar, e por isso têm responsabilidade!!”, poderia ser a contra-argumentação. E eu respondo: mas os clubes dão esse apoio para que possam ser praticados atos ilícitos, ou para apoiarem o clube? Quero obviamente acreditar que o fazem para ter apoio onde quer que a sua equipa vá, mas se isso é subvertido numa outra coisa qualquer, a responsabilidade é do clube???

Neste ponto, poderíamos eventualmente falar da influência que o incitamento ao ódio e à violência que alguns dirigentes fazem (uns há décadas, outros há 4 anos), mas além de essa ser uma outra questão, no final de contas estamos a falar de gente maior e vacinada, capaz de tomar as suas próprias decisões. Quem me diz a mim que esses sócios não se fizeram sócios à pressa de um clube rival só para o incriminar? Quem me diz a mim que essa bosta de gente se importa com o clube, se afinal só quer é encontrar um sítio para extravasar a sua suposta masculinidade através de uns pontapés e uns murros (no mínimo)? Quem é esta gente para se colar a um qualquer clube e afetar a sua imagem?

Pegando como exemplo esta notícia. O facto da UEFA obrigar este clube a jogar à porta fechada é a mesma coisa que dizer: “Vocês são um clube racista! Seus malandros!”, quando na verdade foram apenas uns atrasados mentais que demonstraram toda a sua idiotice durante um jogo de futebol. No fundo, o que a UEFA está a fazer é uma generalização injusta. Está, ao tomar esta posição, a dizer que todos os adeptos do Hadjuk Split são racistas! Ou seja, paga o justo pelo pecador. Isto está certo?

A responsabilização destes atos nunca pode/deve ser associada aos clubes, mas sim aos próprios infratores. No desporto não há lugar para esta gente. O desporto é saudável, não é para criminosos. O desporto é uma festa, não uma desculpa para destilar ódio. Há, hoje em dia, várias formas de identificar as pessoas e de as responsabilizar, mas infelizmente, tal como noutras áreas da sociedade portuguesa, não há vontade de mudar para melhor
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22 comentários

  1. Anónimo8/8/17 21:35

    "O facto da UEFA obrigar este clube a jogar à porta fechada é a mesma coisa que dizer: “Vocês são um clube racista! Seus malandros!”, quando na verdade foram apenas uns atrasados mentais que demonstraram toda a sua idiotice durante um jogo de futebol."

    Boa crónica, com o levantamento de questões muito pertinentes. Pegando na frase supra, ainda acrescentaria a seguinte pergunta: E apesar do castigos impostos pela UEFA de jogos à porta fechada, na sequência do mau comportamento de adeptos, que garantias há que tais cenas não se venham a repetir indefinidamente, uma vez que os energúmenos que as perpetram só ali estão exactamente para isso? Ou seja, trata-se de uma medida perversa, com graves prejuízos para os clubes e para o próprio futebol. À polícia caberia fazer o resto com os referidos cidadãos. Enquadra-los!

    Saudações gloriosas

    Rodrigues Dias

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    1. O que mais me preocupa é mesmo o facto das entidades competentes assobiarem para o lado...

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  2. Anónimo9/8/17 00:20

    "influência que o incitamento ao ódio e à violência que alguns dirigentes fazem (uns há décadas)" sempre assim foi, eu ainda sou do tempo dos Pintos do Norte, região gerida com base NO CRIME ORGANIZADO!!! Com conivência, pois claro... certo é que os Bufos andam sempre à solta ...macacada! Mas a história por estas semanas são os milhares que o AZEITE anda a perder com o FCPORTO, tenta "comprar" Proenças com jantaradas e mesmo presidente de clubes ati-vermelhos para dar umas abébias (Rui, tu sabes),....mas el Quim está em grande, ora investe milhões em perdões e afins ora financia guerras santas contra os sarracenos encarnados (e nunca vermelhos), alimentado canais azuis com fulano e sicrano que recebem suposta informação que ninguém consegue descobrir...será que ainda vão descobrir quem protege bufos, psicopatas, violadores, ui ....e até pedófilos a norte do Mondego??? Naaaaa...
    O video arbitro é apenas uma bufa....o resto é o espelho da nossa sociedade, acho bem que o clube negue a existência de claques, depois é castigada por ter.

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  3. levantas questões interessantes e que em parte e em algumas pontos concordo com as tuas opiniões.

    no entanto temos de ter em atenção algumas coisas que não levas em conta, o facto de os clubes serem responsáveis pelos espectáculos que organizam.
    mo caso da uefa o unico poder que tem , tal como as federações e ligas é interditar e multar os clubes, toda e qualquer pena que possa ser aplicada a um individuo só pode ser feita pela justiça civil, e esta com os governos à cabeça não querem nem nunca quiseram mexer nas coisas do futebol.

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    1. Percebo o ponto de vista, mas a partir do momento em que o clube responsável por organizar o espetáculo cumpre com todas as suas obrigações, o que acontece a seguir nunca está totalmente no controlo do clube. Por muitos cuidados extra que tenha, qual é o clube português que possa garantir que não entram objetos proibidos no estádio? Achas mesmo possível garantir tal coisa quando estão envolvidas mais de 50 ou 60 mil pessoas?

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    2. os grandes clubes tem video vigilancia é facil saber quem são se necessario.
      porque normalmente os problemas são numa zona especifica.

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  4. Anónimo9/8/17 07:23

    A única forma de ir eliminando este problema (que nunca poderá ser reduzido a 100%) é fazer como em Inglaterra

    A Premier League é uma organização de espetáculos dentro da indústria do Futebol.

    Os clubes (hoje empresas) que querem vencer (ganhar) neste desporto (negócio) tem que ter equipas competitivas e um corpo dirigente e técnico competente (gestores) que tenham capacidade de obter o maior número de receita e menor custo possível num ano fiscal

    Dito isto

    Não cabe só aos clubes reduzir este problema

    Cabe à LIGA PORTUGAL criar condições para que o futebol em Portugal se profissionalze efetivamente originando a ida das famílias ao futebol como em Inglaterra

    Com o Rolha Brilhantina a lamber os tomates de SAPOS e PORCOS nada mudará

    Com Comunicação SOCIAL que se prostitui perante SAPOS e PORCOS nada mudará

    Para eles o problema está na ilegalidade das claques.

    Pois uma claque legal é uma verdadeira milícia criminosa ao serviço dos caciques e andorinhas do futebol

    Resta ao Venfica fazer o seu caminho, seguir a sua estratégia tentando levar ao estádio o maior número de famílias possível para ir reduzindo o número de assentos disponíveis para esses anormais

    Os NN e DV de hoje são os pais de família de amanhã.

    Vai demora décadas como em Inglaterra até que os hooligans veem os jogos nos bares fora do estádio

    O Benfica iniciou este processo à 10 anos, com o não reconhecimento das claques

    Ê quem Quer

    João Sereno

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  5. Anónimo9/8/17 08:51

    A partir do momento em que um clube apoia financeiramente ou concedendo vantagens a uma claque claro que terá que ter responsabilidades pelo comportamento desta! Os clubes deveriam ser os primeiros a castigar quem pratica a violência nos estádios, proibindo-os de voltar a entrar caso fossen identificados, o que até se torna relativamente fácil com a quantidade de vigilância que os estádios possuem actualmente. Fazer de conta que o problema não existe ou é da conta dos órgãos judiciais é enterrar a cabeça na areia...

    Avante SLB

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    1. Anónimo9/8/17 15:28

      Nem mais os clubes deviam ser os primeiros a tomar medidas, identificar e proibir essa gente de entrar nos estadios. E mais ficaria bem ser o Benfica a tomar essa iniciativa seria uma chapada nas fentas no sporting cluve do porto e nesse tal instituto dos tachos não sei das quantas!

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    2. Então quer dizer que por eu receber um bilhete grátis todos os anos por pagar as quotas por débito direto isso faz com que o Benfica tenha responsabilidade pelo meu comportamento??? Não faz sentido...

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    3. Mais. Eu recebo vantagens da FNAC, do Continente, do Jumbo, da Sacoor e de umas outras tantas empresas.

      Será que também os podemos mandar para dentro do saco dos responsáveis pelo meu comportamento?

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  6. O autor esquece-se que os clubes são organizadores de um espectaculo desportivo, logo são os primeiros responsáveis por impedir a entrada de indivíduos já identificados. Não tem de ser a polícia, a LIGA ou qualquer outra entidade a fazer esse trabalho. Se o clube sabe quem são, onde se sentam, etc, então são os primeiros responsáveis por impedir a entrada dos mesmos num evento que é organizado por si e não pela LIGA. Vou dar-lhe um exemplo: no jogo realizado pelo Benfica para a Liga dos Campeões no esádio do Atlético de Madrid, 8 benfiquistas foram responsabilizados pelo clube madrileno por atirarem uma tocha que queimou uma criança (situação essa que veio penalizar o benfica com uma suspensão de jogo à porta fechada, pena suspensa por 2 anos). Os adeptos foram identificados pelo Atético de MAdrid e recordo-me das palavras do LFV que afirmou que esses adeptos selvagens "nunca mais iriam entrar no estádio da Luz". Mas passados 2 anos, o que aconteceu? FOram expulsos? Foram proibidos de entrar no estádio da luz? Se sim, então é possível fazê-lo. Mas nada os impede de voltarem a entrar com cartões de sócio "emprestados". Já passaram 2 anos e esta situação poderia servir de exemplo para refrear comportamentos de outros adeptos ou tentar impedir que situações idênticas se repetissem. Mas nada aconteceu dando a ideia de que existe uma total impunidade para com este tipo de arruaceiros.

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    1. Discordo parcialmente. Quanto à questão da responsabilidade de organizar o espetaculo desportivo, já respondi num comentário acima. Quanto ao facto dos clubes poderem ser mais proativos, aí sim, concordo totalmente.

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  7. Anónimo9/8/17 12:30

    " Há, hoje em dia, várias formas de identificar as pessoas e de as responsabilizar, mas infelizmente, tal como noutras áreas da sociedade portuguesa, não há vontade de mudar para melhor…"

    Esta parte final é o que interessa mesmo... porque raio não apanham e castigam quem prevarica? Aposto que se os proibissem de frequentar estádios durante os 10 anos, as coisas melhoravam e bem!!!

    Mas como tudo... estão todos completamente nas tintas!!!!

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  8. A gestão dos espaços do espetáculo são da responsabilidade do clube, e passo organizativo posterior, da Liga de Clubes que os representam. Sociedades organizadas, resolvem os problemas quando estes começam a surgir, o que não é o caso em Portugal, porque o que temos são Claques domesticadas ou semi-domesticadas, com a imposição mais ou menos oficial de cumprirem os mínimos para terem acesso a determinadas regalias. E diga-se que dentro do espírito anarco-sindicalista que deve presidir uma claque (que tem desempenhos fulcrais no apoio à equipa e espetáculo no estádio; quem suporta os "speakers" santo cristo?) estas se tem vindo a institucionalizar cada vez mais para poderem sobreviver em recintos cada vez mais controlados, caros e em vias de sofisticação social. Dissolver uma Claque é promover o espaço para que do nada surja outro grupo com intenções insondáveis; assim como institucionalizar uma claque como aconteceu no Sporting do Coutinho é torna-la uma mafia violenta institucional.
    São sempre as pessoas que fazem os grupos.
    Força Benfica Força NN Força DV

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    1. Se os clubes cumprem as normas e os problemas continuam, então é porque algo está mal nos órgãos acima dos clubes, não será?

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  9. Eis uma crónica com um tema interessante de se debater (pelo número de comentários, assumo que muitos não se interessam por ele).

    Um clube de futebol tem o poder de decidir quem entra - ou não - no seu estádio e, a partir do momento em que permite a alguém lá entrar em sua representação (envergando as suas roupas), é responsável pelos seus actos. Este é o meu ponto de vista.
    Não permito que alguém entre em minha casa ou no meu posto de trabalho e que desrespeite outras pessoas. Se eu o permitir uma, duas, três vezes, torno-me eu responsável pelo que essa pessoa faz porque tive oportunidade de sancionar essa pessoa e não o fiz.

    Os clubes têm também um papel social, como bem sabemos. Infelizmente em Portugal não se dá a atenção devida a esse tema, já que o (mau) exemplo vem de cima, mas a verdade é que os clubes têm o papel de educar os seus sócios. Já vimos muitas vezes dirigentes a espicaçar os seus sócios e adeptos para a violência contra outros. Ora, quando isso acontecer, não podemos assobiar para o lado e dizer que não é nada connosco.

    Falando especialmente do Benfica e das multas e avisos que tem recebido pelo comportamento dos seus adeptos, concordo com tudo o que tem sido feito. Não devemos defender a instituição quando vivemos no século XXI e temos acesso a imagens que comprovam de forma clara quem prevarica jogo após jogo! Se o clube não pune os adeptos (já alguém viu algum comunicado a demonstrar que o SLB impediu alguém de entrar no estádio??), tem ele (clube) de ser penalizado por quem estiver acima. Por vezes é a única forma de aprender!

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    1. Bom comentário! Posso não concordar, mas... bom comentário! :)

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  10. Nunca mais se falou do clube criminoso de seu nome Canelas 2010, que até já tem uns atrasados mentais a cantar as suas músicas por ruas do Alto Minho.

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