Rui Santos – “Tempo Extra” ao serviço de interesses pouco claros.

Acompanho as opiniões de Rui Santos desde os tempos em que ele escrevia no jornal “A Bola”. As suas opiniões eram habitualmente incisivas e muitas vezes fracturantes face aos interesses instalados.

Um exemplo disso é a campanha meritória que Rui Santos fez ao longo dos anos pela introdução de meios tecnológicos para auxiliar os árbitros a tomarem decisões justas.

Sempre foi polémico e por isso nunca usufruiu de unanimidade quanto à justeza dos seus pontos de vista mas isso não era impeditivo que tivesse credibilidade como jornalista.

No entanto, tudo mudou de forma evidente na temporada passada quando “rebentou” a guerra comunicacional envolvendo Benfica e Sporting. Rui Santos assumiu a pouco e pouco preferência por um dos lados e isso inquinou os seus pontos de vista. 

O “troféu” que inventou para Jorge Jesus no final da temporada foi um momento que expôs Rui Santos ao ridículo e o identificou como alguém, não diria com uma cartilha, mas com o propósito de beneficiar um dos lados.

Esta temporada, depois de alguns meses mais tranquilo, Rui Santos tornou a radicalizar o seu discurso e posições públicas a partir do momento em que o Sporting fica para trás no campeonato, em que o FC Porto ascende e, acima de tudo, o Benfica resiste e mantém-se no primeiro lugar do campeonato.

A partir dessa altura regressaram as opiniões com linguagem forte e incisiva quando se tratava de falar do Benfica ou de assuntos relacionados com o clube, mas especialmente macio quando se tratava de abordar temas quentes relacionados com o Sporting e com o FC Porto.

Alguns exemplos:

Exemplo 1: As contínuas críticas à cobertura dos jogos na Luz por parte da BTV.

Tudo serve para criticar a BTV, desde o ângulo das imagens às linhas de fora de jogo passando até por aparecerem imagens que comprometiam os dirigentes do FC Porto que estavam no banco.

Tudo isso até poderia fazer algum sentido, desde que Rui Santos tivesse o mesmo peso e medida para as transmissões da Sporttv, essas sim manchadas de parcialidade com repetições só para um dos lados e até com censura de imagens dos adeptos adversários como aconteceu no Dragão com o FCP-SLB.

A falta de isenção de Rui Santos neste tema evidencia-se também quando todos os jogos quer na BTV quer na Sporttv são realizados com meios da mesma empresa. Portanto, a diferença está em quem realiza.

Exemplo 2: O proteccionismo ao Conselho de Arbitragem e os ataques à APAF.

Na temporada passada todos lembramos a campanha feita contra Vítor Pereira. A APAF(então liderada por Fontelas Gomes), comentadores e jornalistas fizeram uma marcação cerrada ao então presidente do CA. Rui Santos foi um deles.

Esta temporada sucedem-se as queixas das arbitragens, mas curiosamente Fontelas Gomes a partir de Janeiro ficou fora do radar das críticas. Pelo contrário, e em especial depois do episódio da agressão ao árbitro do jogo do Canelas, as críticas viraram-se para Luciano Gonçalves. Porquê? O presidente da APAF assumiu uma posição a favor dos árbitros e contra os decisores do futebol pela ausência de medidas.

Resultado? Duarte Gomes, com grande exposição mediática, e Luciano Gonçalves passaram a estar na mira das críticas.

Daí que não foi inocente a divulgação do episódio dos 50 bilhetes. Rui Santos nunca mais largou o tema. No domingo, no "Play-Off", até fez uma nota final sobre o tema pedindo a demissão do presidente da APAF. 

No entanto, quem realmente toma decisões na estrutura do futebol e da arbitragem ficou de fora da perseguição de Rui Santos quando o mesmo até tem uma “Liga Real” onde assinala os erros das arbitragens(na sua óptica).

E isto está ligado com o exemplo seguinte…

Exemplo 3: A dualidade de critérios sobre a presença de personalidades nas tribunas presidenciais.

Rui Santos “arrasou” a presença de António Costa e Mário Centeno na tribuna presidencial do Estádio da Luz aquando do SLB-FCP. Invocou até interesses obscuros de Luis Filipe Vieira para justificar essas presenças.

Ontem, sendo solicitado para comentar as presenças de Mário Centeno e Ferro Rodrigues ao lado de Bruno de Carvalho, eis que Rui Santos foge descaradamente à resposta e puxa o tema dos 50 bilhetes e do presidente da APAF, novamente criticando fortemente Luciano Gonçalves. Após insistência do moderador lá fez um comentário de circunstância sem qualquer acutilância ou juízo de valor como fez no caso do Benfica.

Em conclusão, Rui Santos parece estar com algum desespero face à perda de influência da sua opinião. Habituou-se a estar quase sozinho a comentar e hoje temos todos os dias 2 ou 3 programas diferentes onde o futebol é esmiuçado até ao osso.

Daí que Rui Santos insista em estar também no “Play-Off” onde muitas vezes(de forma ridícula) remete as suas opiniões para a terça-feira seguinte.(Se assim é, o que está lá a fazer ao domingo?!)

Rui Santos (até Rodolfo Reis percebeu no domingo passado assinalando a sua maciez/simpatia face ao Sporting) subjugou-se na procura de sobreviver televisivamente, ao guião não sei bem se do Sporting ou se de Nuno Saraiva após os insultos que trocaram publicamente em Janeiro.

Lamento que assim seja e assinalo a contradição dos valores de isenção que regem a SIC Notícias.

Não duvido que Rui Santos irá acabar por minar fatalmente o seu espaço chamado “Tempo Extra”.

Nota: Leiam com atenção o post anterior do Benfica Eagle que descreve com exatidão o quão Sporting e FC Porto estão desesperados.