(Nota prévia: não deixo de me surpreender com a pouca ou nenhuma atenção dada pelos jornalistas desportivos portugueses ao que vai sendo revelado pelo "Football Leaks". Não é por acaso que muitos deles apreciam os comes e bebes nos camarotes empresariais de alguns estádios).
A 20 de Janeiro de 2014, Nelio Lucas celebrou o seu 35º
aniversário de forma curiosa.
Perto dos seu escritório no centro de Londres, numa antiga
igreja do século 19, Lucas hospedou 118 convidados para um jantar e festa que durou até de madrugada.
O custo da noite chegou a 195.000 euros, que ele pagou a
partir de sua conta no Lichtenstein.
O evento, para o qual foram convidados amigos e parceiros de
negócios, foi mais uma demonstração de força do que uma festa de aniversário.
Presentes estiveram o presidente do Real Madrid, Florentino
Perez e Miguel Angel Gil, presidente do Atlético de Madrid, que deixaram de
lado a sua rivalidade desportiva para brindar a boa saúde de Lucas.
Também participaram do evento o vice-presidente do Milan AC,
Adriano Galliani, e a sua filha, que a empresa Lucas Doyen Sports Investments
contratou recentemente, o director desportivo do Inter de Milão, bem como os
directores do clube inglês Fulham, do Sporting Clube de Portugal, do clube
espanhol Sevilla e o filho do presidente do FC Porto, Alexandre Pinto da Costa.
Os membros da elite do futebol estavam ao lado de oligarcas
da antiga União Soviética (incluindo os proprietários da Doyen Sports),
advogados suíços especializados em estruturas offshore e intermediários como o
ex-agente Luciano d'Onofrio, com antecedentes criminais de corrupção.
Os jogadores dirigidos pela empresa de Lucas também estavam
na festa, incluindo o avançado Neymar do Barcelona, o seu então companheiro
de equipa Xavi Hernández e o defesa do Chelsea David Luiz.
Nelio Lucas tinha boas razões para sentir-se satisfeito
consigo mesmo. No espaço de menos de três anos, este empresário pouco conhecido
pelo público em geral tinha tornado a Doyen Sports Investment num dos maiores
fundos de investimento no futebol europeu. A imprensa começava a compará-lo
com Jorge Mendes.
Conselheiro de clubes, em que também actuou como agente e
intermediário, Nélio Lucas gere a
comercialização da imagem de estrelas do futebol como David Beckham e Neymar, o jamaicano
Usain Bolt, e o clube de futebol AS Monaco. Mas a especialidade da Doyen Sports
eram os negócios de propriedade de terceiros (TPO) dos jogadores de futebol, um
sistema denegrido pelo qual os direitos económicos de um jogador eram de
propriedade de investidores.
A Doyen tinha investido mais de 100 milhões de euros em
acordos TPO até que a prática foi proibida pela FIFA - cujo presidente Gianni
Infantino comparou o sistema à "escravidão moderna" - em maio de
2015.
Os documentos contidos no Football Leaks revelam, pela
primeira vez, o lado negro da Doyen Sports com empresas de fachada em Malta e
nos Emirados Árabes Unidos, vastas comissões secretas pagas por facilitar transferências
de jogadores, facturação falsa e contratos “martelados” e assinados por testas de ferro.
A Doyen é o símbolo de uma realidade muito distante do que
acontece no campo. Trata-se de um negócio de transferência assemelhando-se a um
mercado de gado, excepto que o seu valor anual chega a quatro bilhões de euros.
É um comércio onde os escrúpulos têm sido abandonados na busca de riqueza.
A história de Doyen Sports começa com um encontro improvável
entre Nelio Lucas, filho de uma família portuguesa de meios modestos e filho de
um empresário cazaque.
No início dos anos 2000, na Europa, actuou à margem da lei, pagando
multas por evasão fiscal, conduzir sem carta e passar cheques sem corbertura.
Em Londres, ele começou a trabalhar para Pini Zahavi, que
lhe ensinou o ofício. Lucas foi gestor de uma agência de modelos antes de ser contratado
para lançar a Doyen Sports.
Os proprietários da Doyen Sports Investment são quatro irmãos do Cazaquistão,
que agora estão localizados em Istambul, e que fizeram sua fortuna,
principalmente no ramo de matérias-primas.
Em 2011, os irmãos Arif criaram uma filial londrina do seu
grupo Doyen, incluindo uma divisão desportiva. Arif Arif, então filho de Tevfik
Arif, de 25 anos, um dos quatro irmãos, foi encarregado de gerir o negócio
londrino, dirigindo a recém-criada Doyen Sports ao lado do recrutado Nelio
Lucas. Arif disse a Nelio Lucas. "Não se esqueça do nosso lema: juntos
para sempre, bons e maus. Teremos sucesso e nos tornaremos bilionários ".
No seu caminho para alcançar esse objetivo, Lucas comprou um
Bentley por 72 mil euros e um iate por 3,5 milhões de euros. Os dois jovens
viajaram juntos para os jogos de futebol, para os luxuosos restaurantes de
Londres e para passear em Ibiza, na Itália e na Riviera Francesa, onde ficaram
na villa de luxo da família Arif.
(continua na parte II, às 23h)
PENSAS KE JORGE MENDES É MELHOR KE ESTES, É IGUAL OU PIOR!!!
ResponderEliminarDesde que conheço futebol que conheço nele corrupção, esquemas, tráfico de interesses, subornos, fuga ao impostos. São daqueles temas que só não são mais falados porque a própria imprensa também come e bebe do lucro que o futebol faz. Fazer o quê?
ResponderEliminarPedro
Os clubes têm que ter mão de ferro com esta gente e ter circuitos alternativos para adquirir jogadores. Isto devia ser proibido. Meia dúzia de escroques a enriquecerem à custa de clubes e jogadores. Até acredito que os dirigentes se ganharem alguma coisa nisto, são migalhas comparado com o que eles desviam, por isso o Benfica "perde 38%" nas transferências, os clubes estão reféns.
ResponderEliminarOs jogadores e os clubes deviam libertar-se e ser as ligas a terem gabinetes de apoio ao desenvolvimento desportivo dos atletas, uma cena institucional onde cada transferência tivesse um valor fixo para o agente que realizasse a transação, sei lá, devo estar a dizer asneiras, mas é o que me ocorre.
Algo como o modelo da MLS, portanto.
EliminarQuem foi o director do Sporting que esteve na festa em Janeiro de 2014 ? Era giro saber.
ResponderEliminarMinha Nossa Senhora!!!
ResponderEliminarIsto está no fim. O último a sair que apague a luz!!!
A paixão dos sócios e adeptos e a sua cegueira que escolhe entrar no jogo do dividir para reinar alimenta os bolsos destas pessoas. As comissões que são pagas reflectem-se no endividamento dos clubes e sad's.
ResponderEliminarAs comissões e os ordenados dos jogadores são insanas. Se repararmos até os clubes mais ricos alimentam estes fluxos financeiros. O facto da China ter entrado no negócio é sintomático, os lucros na China resultam de trabalho escravo que é aceite pelo governo. A globalização deu nisto, uma meia dúzia vive na opulência á custa da escravatura do povo, no desporto, na industria, na economia, etc etc com a conivência dos governos. por exemplo o aumento da divida portuguesa entre 2007 e 2013 é grave e resulta de esquemas mafiosos do FMI e seus ASSOCIADOS, ESTAMOS A SER VITIMAS DE UM ROUBO COLOSSAL PESSOAL! Isto está tudo ligado, a máfia financeira está ao serviço dos esquemas em todas as áreas da sociedade.
Meu deus E muita dor de cotovelo
ResponderEliminarAbraço
Locomotiva prod