Várias foram as vezes que levantamos a discussão neste blogue sobre a política de jogadores emprestados na Liga Portuguesa.
Como noutros temas, as opiniões não são unânimes e por isso também não surpreendeu que as estruturas do futebol preferissem seguir um caminho de continuidade em vez de rotura.
Daí ter sido aprovada a lei que limitava o número de empréstimos que um clube poderia fazer a outro clube do seu campeonato, sendo que esses jogadores ficariam impedidos de alinhar frente ao seu clube de origem.
Nunca defendi esta solução e os seus defeitos estão à vista.
No passado fim de semana, o FC Porto enfrentou o Nacional em que o clube da ilha da Madeira não pode utilizar 3 jogadores emprestados pelo FC Porto. A isso acresceu que o Nacional teve também 3 baixas por “lesão”. (Os emprestados foi um dos grandes auxílios utilizados pelo FCP durante o período do Apito Dourado bem como nos anos 90. Nesses tempos os jogadores emprestados valeram muitos pontos ganhos.)
Ora, o que muitos argumentaram é que seria injusto que o clube que empresta (e por vezes até paga por inteiro o ordenado do emprestado) possa ser prejudicado por um golo do “seu” jogador.
Ou até se possa levantar suspeições se esse emprestado, por exemplo, marcar um auto-golo ou tiver uma exibição mais fraca.
Na realidade, estes argumentos são válidos mas não resolvem o que deveria ser o essencial numa competição profissional: a verdade desportiva.
Vamos usar o exemplo do Nacional-Porto. Onde é que está a defesa da verdade da competição quando Benfica e Sporting jogam contra o clube da Madeira e enfrentam os mesmos que foram proibidos de jogar contra o outro candidato ao título?
Isto é válido para qualquer clube, seja Benfica, Sporting, FC Porto ou ainda outros da primeira Liga. Não deveriam todos estar ao mesmo nível de competição?
Mas então e Benfica e Sporting também não emprestaram jogadores aos adversários? Sim. E portanto saem beneficiados quando comparados aos restantes competidores da Liga Portuguesa.
Os jogadores emprestados enfraquecem também a atitude dos clubes e treinadores que recebem esses jogadores. Que postura terá um clube se o adversário do fim de semana lhe empresta 3 jogadores (e paga vencimentos) que até são titulares e fundamentais nos resultados da equipa? Terá a capacidade de ter a mesma postura competitiva perante quem “lhe deu a mão”? Só que não acompanha o fenómeno desportivo de perto é pode acreditar que isto é possível.
A política que permite empréstimos a clubes da mesma divisão, sem limite de jogadores emprestados na mesma divisão, permite que haja clubes que emprestem pelo menos um ou dois jogadores a todos os clubes. Se forem todos titulares, significa que jogará em vantagem quando comparado com os seus concorrentes mais próximos. Isto defende a verdade desportiva? Claro que não.
A verdade nua e crua é que o regulamento de emprestados foi aprovado com a bênção dos 3 grandes com vista a que possam continuar a alimentar dependências e cumplicidades na Liga.
O regulamento como está permite que clubes endividados “até ao osso” como os 3 grandes continuem a contratar jogadores “à pazada” para depois os emprestarem sem nunca sequer a maioria alguma vez vestir a camisola do clube mãe.
Neste tema, nenhum clube pode apontar o dedo ao outros pois os “grandes” aprovaram este regulamento.
Querem falar em verdade desportiva nas competições? Comecem por aqui.
Por isso é que devíamos emprestar o Taarabt ao Nacional da Madeira! Jogasse ou não contra nós o efeito seria como um placebo, bola, zero.
ResponderEliminarE o treinador vintém do Nacional já não se cansaria...
Cláudia Schifre
Falas falas falas... mas não dás solução. Ou possibilidade de solução. Ter 2 ou 3 jogadores emprestados e que não podem jogar faz assim tanta diferença quando os principais candidatos fazem o mesmo? Ganham "vantagem" num jogo, perdem noutro. Nas contas finais pouco ou nada importa na "Verdade Desportiva" que falas. Mas tens sempre de criticar, seja o que for. É bom que haja possibilidade de emprestar jogadores jovens a equipas da primeira divisão, caso contrário nunca ganham experiência competitiva. E já agora, devias cingir-te a factos. Colocar aqui o número de emprestados pelos grandes e a que equipas, e quais são titulares indiscutiveis. Para vermos se realmente tem sentido esse alarido todo que fazes sobre verdade desportiva. My guess? Não afecta. Mas falar por falar e criticar por criticar... That's your thing.
ResponderEliminarReclamas por ele não colocar o nº de emprestados... e tu também não colocas! E mesmo assim consegues retirar uma conclusão. Fantástico.
Eliminar+1... exactamente o que eu ia escrever. solucoes e propostas, nada
EliminarZe
"É bom que haja possibilidade de emprestar jogadores jovens a equipas da primeira divisão, caso contrário nunca ganham experiência competitiva."
EliminarLembras-te onde ganhou experiência um jogador genial de seu nome Rui Costa? O Fafe estava em que divisão?
Afinal também gostas de falar por falar!
Totalmente de acordo com o Shadows e completamente em desacordo com o comentário do Rui Dias. Repare, eu até estou de acordo com esse argumento de emprestar a um clube pequeno para ganhar experiência. O problema é que os clubes grandes (principalmente Benfica e Porto) contratam muitos jogadores apenas com o objetivo de emprestar para tirar vantagem, sem qualquer margem de progressão ou expectativa de ingressar no plantel principal. Ou seja, contratam e emprestam muitos jogadores (não todos como é óbvio) apenas como estratégia de controlo dos adversários. Isto desvirtua completamente a verdade desportiva. Era muito facil acabar com isto. Bastava limitar o número de jogadores sob contrato por clube, ou limitar a 3 ou 4 o total de emprestados a clubes da mesma divisão. Isso obrigaria os "grandes" a serem mais criteriosos nas contratações, e até aliviaria muito a folha de pagamentos. Os clubes pequenos ganhariam um pouco mais capacidade para manterem planteis de uma epoca para a outra. Os "grandes nunca deixariam de contratar e emprestar os jovens verdadeiramente promissores. As equipas B teriam finalmente o objetivo para o qual foram criadas. No limite, se um clube grande quisesse ter mesmo muitos jogadores sob contrato (e não houvesse restrição) teria de os emprestar a iutras divisões ou países. Saudações benfiquistas.
EliminarÉ um assunto bastante pertinente e um óbvio atentado à verdade desportiva.
ResponderEliminarAcho que o mal deveria ser arrancado pela raiz.
Impedir empréstimos de jogadores entre equipas que jogam na mesma competição.
Tanto a nível de nacional (FPF) como internacional (UEFA).
Esta medida teria também o condão de tornar as competições mais equilibradas, evitando que os tubarões (nacionais ou europeus) comprem jogadores por atacado e depois os exilem noutros clubes. Haveria mais bons jogadores disponíveis para os clubes de menor dimensão.
CP
Shadows, isso nunca vai funcionar.
ResponderEliminarNão proíbes e depois aparecem as lesões.
Ele devia adorar essa verdade desportiva...
EliminarO ideal seria que o campeonato fosse competitivo e para isso bastava que houvesse limite de jogadores sob contrato pois muitas vezes os grandes enfraquecem clubes e depois o reforço cumpre o contrato sem vestir a camisola sendo emprestado sucessivamente ate fim do contrato ou ser vendido entretanto. Mas se formos por aqui a verdade tambem fica comprometida visto que ha as equipas B o que nao é justo para os outros clubes
ResponderEliminarE as lesões? e as suspensões, e as mudanças de forma? isto não é um jogo de PC onde as condições são constantes.
ResponderEliminarOs emprestados permitem que a qualidade suba das equipas e saem prejudicados em 2 jogos que não podem usar os jogadores apenas isso, e o restante campeonato e competiç~es internacionais?
De resto nunca as equipas vão jogar contra os grandes de forma igual.
Aplaudo está medida que liberta os jogadores de se queimarem perante o seu empregador e melhora a qualidade geral
3 jogadores de baixa. Bolat não foi ainda utilizado na baliza, vitor garcia (titular indiscutivel - sempre 90 min jogados, tiago rodrigues titular sempre substituido no decorrer do jogo, maximo que jogou foi 73 min.
ResponderEliminarBenfica: Cesar (titular)
Sporting: Tobias Figueiredo (titular indiscutivel, sempre 90 min jogados)
Jorge Lemos
Simples, limitem o número de emprestados a 1 jogador por clube na mesma divisão.
ResponderEliminarAssim nem o clube que recebe os emprestados se vê privado de um número substancial de jogadores nesses jogos contra os "grandes" e ainda obriga a que os "grandes" emprestem os excedentários a mais clubes, nivelando a competição no geral.
Ricardo Ferreira
Concordo mas a solução não é fácil. Entretanto aproveito para dizer que ando muito triste com o meu clube o SCP. Com verdade desportiva já estávamos a 7 pontos 7
ResponderEliminarEsqueceste-te da última palavra: "atrás".
EliminarCuriosamente, escrevi sobre isso hoje mesmo. http://superioridadenumerica.blogspot.com.es/2016/10/marega-emprestimos-liga-portuguesa-sporting-porto-benfica.html
ResponderEliminarA solução é proibir os empréstimos dentro da mesma liga. De qualquer forma, qualquer um dos três grandes já tem mais jogadores emprestados noutras ligas do que na Liga NOS. E se não conseguirem arranjarem colocação para todos, simples, passem a ter menos jogadores que o número de jogadores que cada um dos grandes tem sob contrato é absurdo.
Eu quero e proibir as lesoes.
ResponderEliminarEste é um assunto interessante de se debater mas não há solução simples e que deixe todos felizes.
ResponderEliminarComo o Anónimo das 17:21 refere, se não proíbes aparecem lesões e gastroentrites. Vimos isso há 2 anos nos jogos contra o Porto. Ou aquelas expulsões esquisitas aos 90" do jogo anterior.
Mas fico curioso para perceber qual será a tua solução. É que criticar e dizer que está mal feito todos sabemos que és mais que capaz, mas não vejo solução ou alternativa viável no teu texto.
No caso do Nacional e das queixas do Manuel Machado é uma verdadeira estupidez.
ResponderEliminarOk não pode jogar com os emprestados pelo Porto, mas jogou com o Tobias (emprestado pelo Sporting), com o César (emprestado pelo Benfica) e ainda fez alinhar o Roniel e não utilizou o Geraldo, todos emprestados.
Queixam-se de que? Que se dediquem à formação, que rejeitem os empréstimos dos grandes e que contratem jogadores ao alcance do seu poder económico.
Já muitas vezes me questionei sobre esse tema. Efectivamente, uma equipa poder jogar na sua total força com todos os clubes menos com um, não é de forma alguma correcto e desportivamente aceitável.
ResponderEliminarE acabar com isto é tremendamente fácil: Acabar-se com os empréstimos a clubes do mesmo escalão.
Se querem rodar jogadores, façam-no na segunda divisão onde a competitividade é bastante forte!
Isto está assim, porque os grandes mandam nisto e tentam, cada um ser mais esperto que os outros!
Digam o que disserem mas verdade desportiva é que não é!
Shadows,
ResponderEliminarO Benfica não tem nada a ver com isto. Não sei o que é que estás a tentar insinuar...
Ja agora, como é que fazem nos outros países? Não aprendemos nada na europa? Ou só lá andamos para os resgates?
Falta um pormenor curioso: O Porto jogou com o Nacional com 2 emprestados do tlético de Madrid, Oliver e Diogo Jota.
ResponderEliminarLá fora não existem regras como a portuguesa.
Tens razão mas e quando os jogadores inventavam gripes ou seja lá o que fôr só para não vos defrontar? O mal tinha que ser combatido de raíz. Limite de empréstimos e de jogadores nos quadros... só isso impede a vergonha que vamos vendo por aí...
ResponderEliminarEngraçada esta questão que pões no ar. Quando o Benfica esteve praticamente 6 anos a jogar contra equipas com vários jogadores castigados antes dos seus jogos. E no lado contrário nunca havia amarelados. E já agora lembra-te quem é que inicialmente, antes desta regra, proibia jogadores do Belenenses e afins de jogarem contra o clube do estado.
ResponderEliminarShadows, coincidências ou memória de elefante?
Já andas a "olhar para cima" há duas jornadas...o que vale é quando chegados ao fim do ano os rafeiros do Saraiva e do Brunalgas desaparecem !
EliminarMarco, o que é que o teu comentário tem a ver com a questão dos jogadores emprestados? és capaz de explicar?
EliminarNa minha opinião, um jogador emprestado nunca deveria jogar contra a equipa que o emprestou. E não é pelo teu primeiro argumento ("...seria injusto que o clube que empresta (e por vezes até paga por inteiro o ordenado do emprestado) possa ser prejudicado por um golo do “seu” jogador"), que, diga-se, é, no mínimo, um bocado ridículo (se não querem sofrer as consequências de emprestar, então... não emprestem!... duh-uh...).
ResponderEliminarSoluções (em vez de estares sempre a armar-te em virgem ofendida, também podias avançar, de vez em quando, com uma solução/ideia): ou são proibidos os empréstimos tout-court (acho que também não há necessidade de ir a tal extremo...); ou limitam-se os empréstimos a máximo de um jogador por equipa recebedora (sendo que esse jogador nunca deveria poder jogar contra a a equipa que o emprestou...).
Um dos poucos posts em que concordo com o Shadows.
ResponderEliminarNão concordo com a eliminação total dos empréstimos na mesma divisão pois penso que este mecanismo é importante na formação. Assim penso que o ideal seria apenas permitir empréstimos de jogadores da formação, máximo de 2 por clube e máximo de 7 a todos os clubes da superliga. Penso que isto iria forçar os clubes grandes a emprestarem mais jogadores às divisões inferiores o que as tornaria mais competitivas.
Por outro lado penso que também não faz sentido que os direitos de um jogador sejam detidos mesmo que em parte por um clube da mesma divisão. Isto deverá ser restrito de forma a evitar "falsos" empréstimos em que um clube vende com opção de compra.
Concordo com a solução actual, que será a menos má, defendendo clubes, treinadores e jogadores, ao retirar o onus da utilização do jogador da alçada dos clubes e dos treinadores. Sabem todos à partida com o que contam. Não é a solução ideal (que seria a "redistribuição" dos jogadores pelos vários clubes) mas é a solução que defende os intervenientes e a competição da suspeição.
ResponderEliminarPessoalmente concordo com a lei actual. Acho razoável.
ResponderEliminarhttp://sporting.filtro.pt/2016/10/02/na-luz-um-vermelho-perdoado-luisao-video/
ResponderEliminarE continua a impunidade.. agora imaginem se fosse expulso aos 43 da 1ª parte !!!
É muito simples, os jogadores emprestados deveriam jogar sempre seja contra quem for...
ResponderEliminarGostava de te ver a fazer uma homenagem a Mário Wilson. O que tens a dizer sobre isso? O veneno é tanto que te esqueceste? Ou preferiste deixar para quem tem mais jeito?
ResponderEliminarQuanto ao post, até concordo com o que escreves. Lá está, quando não és pau mandado da tua própria agenda, e pensas "outside of the box" dizes umas coisas acertadas.