Eu sei onde estiveste o Verão passado

Eis o que ACHO que aconteceu no Verão passado:

O plano foi sempre vender Enzo Perez, o que num ponto de vista estratégico era a meu ver a ação correta. Enzo tinha 27 anos, estava no pico da sua forma, no seu valor comercial mais alto, tinha desejo de sair, e para um clube que sobrevive à conta de comprar por X e vender por X+Y, a saída era o cenário óbvio.

Claro que também aqui vou ignorar a célebre frase de LFV, de que não mais o Benfica teria de vender jogadores. Logicamente vai sempre vender jogadores.

Em primeiro lugar porque é o que a realidade demonstra, em segundo porque mesmo que as contas do Benfica fossem aquilo que o Presidente apregoa, os jogadores de topo quererão sempre sair, quererão sempre ganhar mais, e aos clubes pequenos (como é o Benfica financeiramente em relação a um Chelsea por exemplo) têm as mesmas chances de manter um jogador contrariado como tem o Gil Vicente de manter um jogador seu que seja assediado pelo Benfica ou pelo Porto, ou seja, ZERO!

O que não estava no plano, mais uma vez sendo eu a especular, foram as saídas de Markovic e Oblak. Mas como esses saíram pelas cláusulas, e como um deles antes de sair já tinha encetado a sua segunda fuga da Luz e o regresso estava fora de questão, e como também já tinha saído o Rodrigo, o André Gomes, e já se tinha oferecido o presente de Natal Garay aos russos, a saída de Enzo teria dado origem a uma convulsão na Luz.

Juntando este cenário à especulação sobre os problemas financeiros do Benfica, aos problemas do  BES, à especulação de que estávamos nas lonas e com a necessidade de vender tudo, à pressão da comunicação social e dos próprios sócios, Enzo ficou. Contrariado claro está, como se nota em campo, e também agora, já com 28 anos, a margem negocial de LFV é muito curta, e ou vende agora ou já não vende.

E julgo eu também, que se Oblak e Markovic tivessem ficado, estariam a jogar neste momento, mais valorizados seguramente, miúdos ainda novos,  e nestes casos evidentemente, a margem negocial das direções é sempre muito maior. E Enzo Peres, julgo eu, teria sido devidamente substituído no Verão, e seriamos nesta altura uma equipa com muito menos problemas do que aqueles que enfrentamos neste mês de Janeiro.

Por isso, o que julgo é que LFV, nestes casos, nada pôde fazer de diferente:

Não pôde evitar as saídas de Oblak e Markovic; Mas também não pôde vender Enzo Perez e causar uma convulsão no clube que dirige. Ficou, como se diz na gíria, de mãos atadas.

Markovic, julgo eu, já se terá arrependido da sua saída da Luz. Tem jogado tão pouco em Liverpool que não lhe falta tempo para fazer juras de amor ao Benfica na sua conta do Facebook.

E Oblak também, como aqui já escrevi e muita gente se ofendeu na altura, saiu do Benfica à caça dos euros mas, lixou-se.

Lixou-se porque já julgava ser guarda-redes de topo, aliás, não só ele como muitos adeptos do Benfica. Aliás, lembro-me bem, que enquanto alguns usavam o exemplo Oblak para provar a teoria do desacerto da não aposta de Jesus nos jovens, e de que Jesus só tinha apostado no esloveno por causa da lesão de Artur, e que Oblak era a prova provada de que havia jogadores de classe mundial na Luz que não eram aposta do treinador apenas e só por casmurrice, a realidade Madrid tem posto toda essa teoria em questão uma vez mais.

Porque eu lembro-me bem de ter aqui escrito, e da celeuma que isso levantou, que eu, sem colocar em causa o valor de Oblak, porque na verdade fui dos primeiros a reclamar para ele uma oportunidade, e foi sem dúvidas um guarda-redes de sucesso no pouco tempo que jogou no Benfica, questionei o facto de ele ser o guarda redes de topo que muitos já viam.

Porque eu, no seu curto tempo de Benfica, vi-o sofrer muito poucos golos, vi-o dar 2 ou 3 frangos (desculpáveis porque é jovem e está aprender e blá, blá, blá), vi-o fazer um punhado de defesas de altíssimo nível, e vi-o fazer MUITOS jogos em que o moço não tocou na bola. E isto não é invenção minha, facilmente comprovável num post que escrevi em Fevereiro “Oblak pede para sair para poder evoluir”, uma rábula que escrevi porque o homem estava na baliza há uma carrada de jogos, Artur estava quase recuperado da lesão,  e eu ainda não o tinha visto tocar na bola ou fazer uma defesa.

Bem, a verdade, é que até hoje Oblak está em Madrid sem jogar, jogou um jogo onde fez má figura e está tapado pelo colossal Moya, e nem nos jogos de taça merece oportunidades. Isto sem esquecer a afirmação de LFV de que Oblak foi oferecido ao Benfica para o regresso. O Atlético desmentiu a notícia obviamente, mas eu não vejo a razão pela qual LFV inventaria uma coisa dessas, correndo o risco óbvio de azedar as relações do Benfica com o Atlético, baseado numa mentira.

Por isso, até hoje, as minhas duvidas em relação ao valor de Oblak justificam-se.

Já sobre Markovic, e em contraste com o que achei em relação a Oblak, a sua não utilização, contraria aquilo que eu julgava que ia acontecer. Lembro-me de ter escrito sobre Markovic que este miúdo iria bater o record de transferências em Portugal. Não bateu, mas na verdade nunca poderia bater, visto a sua cláusula de rescisão ser de apenas 25 milhões.

Ainda assim, esperava mais de Markovic em Liverpool, onde não tem sido aposta regular de Brendan Rogers, num Liverpool fraquíssimo, e que não conta com o seu melhor jogador Sturridge há vários meses. Eles até são jogadores de certa forma parecidos e não o ver jogar preocupa-me.

E quando o vejo jogar naqueles poucos minutos que lhe dão, bem, anda ali, à procura de rodriguinhos, sem saber bem o que lhe é pedido coletivamente. Ao menos na Luz, eu via-o evoluir, e via que já começava a defender, que já não era um jogador apenas de tração à frente, que já conhecia o seu papel em campo naqueles 87 minutos em que não tinha a bola.

Quer Oblak quer Markovic são ainda muitos novos obviamente, e qualquer um deles pode ainda explodir a um nível altíssimo ou... desaparecer.

Seja como for,  ambos causaram um grave problema ao Benfica – o problema Enzo Perez - um problema escusado, porque bem teriam feito se tivessem ambos ficado na Luz, estariam seguramente a jogar, e todos nós andaríamos mais felizes.