Portugal, 7
de Novembro de 2012
Por uma conjugação de factores que não
dependeram apenas do Benfica,
logo mais temos um jogo decisivo para a nossa continuação em prova na
Champions. A derrota em Moscovo na última jornada conjugada com o facto de,
nesta edição da prova, termos feito 2 jogos fora na 1ª volta, ambos com os
nossos concorrentes directos Celtic e Spartak, assim o ditaram.
Na época passada
também tivemos que fazer dois jogos fora na 1ª volta mas em contrapartida, um
dos adversários era claramente “outsider”, o Otelul, equipa sem experiência de
Champions e até de Liga Europa. O outro era o Basileia que apresentava como
maior dificuldade ser uma equipa “sem nome”, mas com uma qualidade
invulgarmente elevada, para equipas suíças. Isto é: era daquelas que por cá a critica
diz que é para ganhar. Depois eles eliminaram o Manchester United...
Seja pelo grau de dificuldade superior dos
adversários que enfrentamos esta época, seja por incompetência na abordagem dos
jogos, em particular na
Rússia, o que é certo é que uma vitória que, se tudo tivesse corrido conforme o
planeado, seria um objectivo normal, passou a ser um objectivo único. Ou seja,
a pressão para este jogo, aumentou fruto da derrota em casa deste adversário.
Analisar derrotas
é sempre difícil porque os jogos não têm que se ganhar todos. Caso contrário,
os outros adversários diriam o mesmo das suas derrotas. Contudo pareceu-me
existirem 2 factores que contribuíram para perdermos um jogo, que em princípio,
poderíamos não ter perdido, tal como na Escócia onde pontuamos, e onde antes
sempre tínhamos perdido. 1) o factor tempo e tipo de relvado, sintético, que à
partida favorece quem está habituado a jogar mais vezes nessas condições, 2) o
modelo de jogo escolhido, que incluiu 2 pontas de lança ao contrário do jogo da
Escócia onde apenas jogáramos com 1.
Do campo e clima,
nada mais a acrescentar, excepto que também esses factores deveriam ter
condicionado o nosso modelo de jogo. Isto é, se as dificuldades favoreciam o
adversário, então não poderíamos ser fiéis à nossa forma tradicional de jogar,
porque essa forma de jogar, com 2 avançados, é propensa à dinâmica de ataque. E
quando se ataca num contexto que o adversário conhece e se adapta melhor, é
óbvio que vamos cometer mais erros e criar condições para permitir mais ataques
à nossa baliza, do que a situação inversa.
Para além deste
aspecto, o 4-4-2 em losango foi ao mesmo
tempo uma burrice e falta de respeito. Burrice
porque na Champions, com JJ, nunca ganhamos um jogo fora, a jogar assim (há 2
anos perdemos 2-0 no Shalke04 e Lyon, e 3-0 em Telaviv). Ganhamos ao Otelul,
que não entra nestas “contas”. Empatamos em Manchester e ganhamos em Basileia,
jogando só com 1 avançado, em Inglaterra, e 2 avançados em Basileia, mas com
Rodrigo a fazer de médio ala e não propriamente, de avançado de área. Falta de respeito, porque não medimos a
importância e qualidade do adversário, que tem um plantel seguramente mais
caro do que o nosso, com qualidade técnica e fomos lá impor a “cor” das
camisolas, quando se sabe que é o
trabalho com humildade que ganha jogos.
Nesta
problemática, há que avaliar a valia do
nosso plantel. Não vou falar das vendas de Javi e Witsel, pois compreendo a
opção pelas vendas milionárias (?). Há que cobrir os buracos desta gestão
mentirosa, que deve quase tudo aos Bancos e nos obriga a pagar dezenas de
milhões de juros por ano. Mas estava a pensar no Bruno César que este ano está “tapado” por Sálvio, graças à opção
do Sr.º Vieira em dar liquidez ao Atlético de Madrid para que pudessem pagar ao
FCP.
Sálvio é um óptimo
jogador, bom carácter, simpático. No binómio custo/qualidade contudo não fazia
falta. Para o seu lugar tínhamos (e temos) o Bruno César, o Gaitán e o Enzo
Pérez que foi contratado para cobrir a saída de... Sálvio. No ano passado, na
fase de grupos, Bruno César marcou 1 golo em Basileia e fez o roubo de bola de
que nasceu o golo do empate em Manchester. Foi
determinante na conquista do inédito 1º lugar no nosso grupo.
Hoje, relegado
para suplente por opção da Direcção na contratação de Sálvio, e tratado como um matraquilho, Bruno César
é um jogador que não se tem notado. Porque os matraquilhos normalmente não se
notam. Quem pensa que o jogador ganha bem, tem de jogar bem, continua a
pensar o futebol como há 50 anos. E isso para um clube como o Benfica é
péssimo. Por outro lado Sálvio ainda não marcou golos na Champions e o seu
contributo para as vitórias, não se tem notado.
Em resumo tínhamos um jogador motivado, Bruno César,
hoje temos uma despesa de 11 milhões (em período de crise), uma troca de
jogadores que não se notou ainda, e a época da Champions em risco. Ajudar os
amigos do FCP tem destas coisas. Mas espero sinceramente que seja hoje o dia
em que Sálvio faça a diferença. Ou que pelo menos, ganhe o Benfica ...
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