Talvez poucos estejam preparados para entender este post, mas começo por dizer que Rui Costa foi o grande beneficiado do dia de hoje, aliás, é o grande beneficiado da revisão dos estatutos.
Comecemos pela base, ontem foi - infelizmente - a AG menos concorrida. Quem ouvisse os presentes que tinham propostas a discussão (ou a sua entourage) antes do inicio das votações era unânime: Haveria uma maioria de bloqueio da direcção e "dos velhos" que ia travar as aprovações que queriam levar por diante os 0,1% de sócios presentes na AG.
Ora, a primeira grande dimensão que aconteceu ontem foi a constataçõ que não havia "forças de bloqueio" e que, curiosamente, até aconteceu o contrário: a pequena minoria presente que propês e apoiou aquelas alterações viu as mesmas serem aprovadas.
A não ser que haja "pequenas minorias do bem" ou que alguém se considere superior aos demais... Lá se vai a moral para criticar as "aprovações dos velhos".
Depois a postura de Rui Costa em si mesmo. Inteligentemente, optou por nunca votar (nem sequer ser solidário com a Direcção) e assim ficar sempre com o argumento sólido de que os Estatutos serão o que os sócios quiserem e que ele, como Presidente, vai querer ser presidente com os estatutos que os sócios quiserem. Resultado? Ovação de praticamente todos os presentes... digo praticamente, porque muitos dalí tiveram que engolir um sapo bem grande perante esta postura e até ver amigos de luta a aplaudir e elogiar o Presidente, o tal que pedem que saia urgentemente e cujo processo de Estatutos começou com ele a ser insultado e com gritos de "demissão". Juntem a isto um Benfica com o 39 e temos uma mistura explosiva (e muito perigosa, na minha opinião - mas já lá vamos).
Ontem aqui no blog partilhei a minha opinião sobre a fraca afluência às AG. Podem ler aqui: Porque falha a militância nas AG e ontem saimos dali com... mais uma AG ordinária, agora para fazer o balanço da época desportiva.
A 3a AG Ordinária
Vamos lá ver. Se eu poderia votar contra isto? Se é penalizador contra o Benfica? Nunca! Impensável... é daquelas coisas que, como terá pensado Rui Costa, se querem... seja. É daquelas que me abstenho e seja o que quiserem, salvo se alguém se opuser, porque na verdade é daquelas coisas que não serve para grande coisa: A direcção não vai andar ali a falar de jogadores, contratos, golos, treinadores e tácticas. Vai ser uma AG acima de tudo para ouvir os sócios e sair de lá exactamente como entrámos... em anos bons (que são mais que os maus) poucos lá vão e em anos menos bons, vão para lá uns quantos pedir a cabeça da direcção e do treinador.
A separação de Listas
Se há coisa que está evidente nestes estatutos, é que muitos estão procurar ter Estatutos à prova de presidentes e direções que não sejam sérios. Entendo, mas como dizia João Noronha Lopes e bem, não pode ser assim. As pessoas que não são sérias têm que ser a excepção e não a regra, precisamente por isso é importante destruir os muros e deixar de ser uma guerra onde se tenta ganhar ao outro lado. Enquanto nõ entenderem isso... estaremos sempre mais perto do tacticismo.
Ora, se o pricncipio é positivo, a separação de listas na prática é irrelevante num contecto de SAD, porque o CF e a MAG não fiscalizam a SAD que é onde se passa tudo. O grau de impacto dessa "fiscalização" será muito limitado. Isto partindo eu do principio que isto não foi o caminho curto de alguns poderem chegar a dirigentes (agora remunerados) porque não tinham expressão noutro contexto de uma eleição presidencial. Mas eu prefiro ser positivo e acreditar que não foi por isso... foi mesmo inocência de achar que a fiscalização acontecerá.
Espero agora que os mesmos que lutaram por esta aprovação lutem por incluir no Regulamento Eleitoral debates tambem entre candidatos ao CF e PMAG, mas não para discutirem fiscalizações... mas sim para discutirem as suas ideias para os cargos. Senão isto terá sido tudo uma feira de vaidades.
A 2a volta
Como a medida anterior, é algo que é impossível votar contra porque mal não fará. Curiosamente visa evitar algo que nunca aconteceu: Presidentes eleitos com poucos votos, num contexto de se apresentarem vários candidatos. Ora, ou eu me engano muito, ou é mesmo muito esquisito num clube desportivo aparecerem 4, 5, 6 candidaturas a Presidente de uma Instituição de expressão mundial. Não há asssim tanta gente com mãos para esse petroleiro.
O que quer dizer que a 2a volta pode acabar a ser uma medida com boas intenções a servir um propósito táctico de quem quer chegar ao poder: Dispeersão de votos entre candidatos "marioneta" numa primeira volta para tentar até minimizar ou atacar um outro, para depois na 2a volta ganhar na certa.
Parece que pode ser um tiro que sai pela culatra porque historicamente essas coisas beneficiam o incumbente, desde logo porque a campanha vai ter que ser mais longa, vai custar mais dinheiro e agora com listas separadas e dirigentes remunerados já não basta o Presidente passear pelas casas e dar entrevistas. Se vamos pagar a vices queremos saber o que vão fazer, qual a sua visão, compromisso, etc. O mesmo para o Conselho Fiscal e Mesa da AG. Esperemos que isto não nos rebente nas mãos.
Por fim os votos das casas
Meus caros, os votos das casas são 1%. Eu próprio o coloquei aqui como "linha vermelha" para os Estatutos, porém deviamos ter sido mais espertos todos e dar algo em troca às Casas nos Estatutos (nem que fosse reforço das verbas a partir do orçamento do Clube). Mais do que os votos das casas, que contam zero para a eleição, preocupa-me agora que para os muitos sócios que fazem parte das Casas, seja a direcçao quem defendia o voto (simbólico) deles e nós quem o quisemos retirar. Mais uma vez: é reforçar o "goodwill" da Direcção ao fazer uma coisa boa de uma forma menos boa.
Talvez tenhamos sido pouco espertos nisto. Seja como for, por principio eleitoral fizemos o correcto. Porém penso que o fizemos de forma incompleta e que talvez possa vir a ter beneficiado "o incumbente" mais do que antes. Espero que não.
Ou seja, olhando para trás, claro que Rui Costa está satisfeito. Eu diria que este processo lhe correu bastante bem. Nao perdeu nada hoje e ganhou tranquildade "contra" os que o atacam, como se viu pela ovação final que contrasta com o ataque feroz da primeira AG que iniciou este processo.
Como eu dizia ontem no Twitter ao grande Sérgio Engrácia: Aconteceu 1974 pela liberdade como que se tomaram decisões sem bloqueios. Agora falta haver humildade dos sócios (e aqui somos só nós mesmos) de fazer acontecer 1989 e derrubar o Muro (leiam aqui para saber do que falo: Porque falha a militância nas AG)
VIVA O SLBenfica!
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