JDM: Discutir ideias será sempre um bom princípio!

Ontem o candidato a presidente do SLBenfica, João Diogo Manteigas, anunciou 9 medidas para os primeiros 100 dias. Isto sim eu gosto de analisar e discutir e não o candidato, a pessoa e a forma. Isso deixemos para a campanha eleitoral, debates e afins. 

Desde já o meu Obrigado ao João Diogo por seguir este caminho. Partilhar o que pensa e as ideias do que gostava de fazer. Os sócios terão oportunidade de avaliar, discutir, pensar e decidir. Mas que se caracterizem as pessoas em função das suas ideias e não por julgamentos de caracter, que seguramente nos levarão a errar ao avaliar pessoas com base em ideias pré-concebidas.

Agora é hora de TODOS os que têm ideias, compromissos e projectos que avancem e abram o debate. Será que todos irão ter capacidade de discutir apenas ideias? Ou rapidamente irão passar aos ataques pessoais e de caracter? Esperemos que não. 

Dito isto, vamos então partilhar aqui para todos, e analisar na minha perspectiva os 9 compromissos de João Diogo Manteigas para os primeiros 100 dias caso seja eleito Presidente:

1 - Desencadearmos de imediato uma auditoria aos últimos 20 anos no universo empresarial do Sport Lisboa e Benfica.
Uma medida que me parece normal para uma nova liderança depois de tantos anos. Não me parece essencial continuarmos a "caça às bruxas" do passado, pois desta forma nunca mais iremos sair disto. De qualquer auditoria sairão várias questões que arrastarão processos de responsabilização sobre o passado, arrastarão nomes no presente que penso que deveremos querer que façam parte apenas do passado. 
Nunca estaria entre as minhas medidas para o futuro, dado tratar-se de revisitar o passado, mas entendo e não me parece algo que se possa discordar.

 2 - Ratificarmos em Assembleia Geral os nomes que vão executar o plano estratégico da SAD enquanto principal empresa do clube
Medida interessante, mas que preferia que fosse feita em campanha, como defendo há muitos anos. Senão vejamos: a SAD, como refere o JDM, é a principal empresa do Clube. Nesse sentido, creio que devemos votar na Direcçõ do Clube sabendo quem irá liderar o principal negócio / actividade do mesmo.
Votar mais uma vez "em branco" no que diz respeito aos nomes da SAD (que serão depois a base de tudo) não me parece o melhor caminho.
Depois há outra coisa que me preocupa: ratificação não é aprovação. Ratificar é confirmar / validar. Ora, parece-me uma AG perfeitamente desnecessária, um proforma. Se quiser submeter à "Aprovação" dos sócios também não me parece correcto uma AG, pois se forem recusados o que acontece?
Para mim isto é uma excelente medida, mas deveria ocorrer em sede de Campanha eleitoral, pelo menos os três nomes principais da equipa de gestão da SAD que defendo deve ser 100% independente da Direcção do Clube.

 3 - Anunciarmos aos Benfiquistas os nossos objetivos desportivos, empresariais e institucionais para o Sport Lisboa e Benfica no quadriénio 2025-2029
Excelente medida! Nada a dizer sobre algo que me parece um princípio básico que poucas vezes foi cumprido no SLBenfica. Até como empresa cotada, o SLBenfica deveria ter um Plano Estratégico anunciado e publicado. Aliás acrescento aqui, que deveria até - aqui sim - haver um processo de submissão de propostas dos sócios (que teriam que ser devidamente sustentadas).

 4 - Apresentarmos um novo processo de bilhética, onde a transparência e a premiação da fidelização dos associados seja uma realidade
Não tenho opinião porque não sei em que se traduz e como se pode diferenciar da actual. Com anunciar que acabariam com as preferências dos bilhetes às claques (bilhetes que são "retirados" da venda), penso que já todos ficavam felizes sem ser preciso inventar nada.

 5 - Reorganizarmos todo o grupo empresarial, reestruturando a sua dívida e passivo e emagrecendo a estrutura dirigente, mas reforçando e valorizando os recursos humanos que todos os dias trabalham para o sucesso do nosso Sport Lisboa e Benfica
Como a medida anterior, penso que isto é uma frase muito complexa de assumir nesta fase, porque há vários factores desconhecidos que não permitem ser taxativo neste tema. Há muitos custos associado, compromissos económicos que implicam decisões estratégicas, etc. Penso que esta é uma medida que JDM não poderá comprometer-se sem uma avaliaçõ detalhada de impacto e até temporal.

 6 - Aproximarmos os benfiquistas, sócios e adeptos, com uma comunicação de proximidade e com a abertura das principais equipas, começando com um medida simbólica: abrir as portas todos os meses a um treino da equipa principal no Estádio da Luz. É a nossa paixão que fomenta a chama da ambição dos nossos atletas
Excelente medida! O encerramento da equipa de futebol em torno de si mesma é absurdo. Infelizmente, é preciso avaliar em que medida isto é viável com calendários cada vez mais apertados e as equipas a treinarem apenas duas/três vezes por semana ao longo de vários meses do ano. Antecipo que haverão vários meses ao longo da temporada onde o treinador não terá tempo para um treino aberto. Penso que encaixa nas medidas que todos queremos, mas que o futebol moderno está a matar.

 7 - Reunirmos com todas as entidades competentes, Federação e Liga, para apresentarmos a nossa visão para o futebol nacional e respetiva reorganização dos quadros competitivos das diversas provas em disputa.
Esta o JDM vai-me desculpar mas é pura demagogia. Ele sabe, todos sabemos, que no processo de voto e decisão da Liga e da FPF, o SLBenfica tem uma representatividade individual baixissima. Ou seja, apresentar isto a estas entidades não levará a nada em si mesmo. 
Se o JDM ajustar essa medida para: Convidar vários clubes e até gente externa aos clubes e organismos a criar um modelo de reorganização dos quadros competitivos, com vista a ser apresentado à Liga e FPF, nesse caso penso que poderemos estar mais proximos de não ser apenas uma declaração de boas intenções.

 8 - Governo e Autoridade da Concorrência, para adiar/ revogar o decreto lei da centralização dos direitos audiovisuais
Tal como a medida anterior, considero bastante demagógica sem o apoio dos clubes. Algum Governo e Autoridade da Concorrência vai legislar a pedido de uma parte interessada porque a mesma se sente prejudicada? Pensemos na hipótese de haver interesse em considerar a nossa posição (que no sistema político e juridico actual mais isso seria um facto), iriam ter que chamar os demais e perguntar se também estão contra... e iriam obter que resposta? "NÃO!" Iriam ouvir da Liga, FPF e da maioria dos clubes que estão a favor do que têm vindo a cozinhar... 
Novamente, penso que é algo que tem que ser trabalhado com as partes interessadas, obter apoios e depois sim elevar a discussão. Caso contrário será apenas uma intenção muito nobre, mas sem resultados práticos.

 9 – Ministério da Administração Interna e Instituto Português do Desporto e da Juventude, para terminar de vez com as zonas com Condições Especiais de Acesso e Permanência de Adeptos e redesenhar a lei afeta aos grupos organizados, que manifestamente não cumpre o seu propósito, reduzir a violência no desporto
Mais uma excelente medida, como a 8 e a 7, porém peca novamente na forma, na minha opinião. O princípio tem que ser de apoio prévio, de trabalhar com os clubes num mecanismo que todos possamos levar ao MAI e IPDJ... e depois dizer à FPF que está com os clubes junta-se, se está contra que o assuma.

Em resumo, não vejo qualquer medida do João Diogo que seja possível algum benfiquista discordar. Penso que há várias que não terão efeitos práticos na forma como são abordadas e outras que são muito mais complexas do que apenas ter a intenção.

Não obstante, penso que é da discussão que se fará o futuro. Tenho a certeza que até Outubro o João Diogo irá ainda debater com outros candidatos, irá ajusar ideias e estas 9 medidas não têm que ser estanques. Algumas podem cair, mudar ou ser substituidas. Está tudo OK!

Concordarmos em discordar está OK, o importante é discutirmos o Benfica e como fazer melhor no futuro - de preferência votando o passado e as pessoas que fizeram parte dele a isso mesmo, a uma página virada e que faz parte do livro, mas que não queremos voltar a ler.