Pelo Poder ou pelo Benfica?

Já aqui escrevi muitas vezes que, talvez desde Borges Coutinho que o SLBenfica não tem um presidente para quem estar lá não seja uma questão de poder. Bom, estou a ser injusto do Jorge de Brito de facto.

Com excepção a Jorge de Brito, desde Borges Coutinho que só tivemos presidentes que aproveitaram o SLBenfica ou para criar fortuna ou para salvar empresas. Teixeira Duarte, Diese, Braz & Braz, Obriverca... são tudo empresas que se "salvaram" por os seus lideres terem aproveitado o estrelato e a presiência do Benfica para ter acesso a mecanismos que salvaram e/ou relançaram as empresas.

Depois ainda houve testas de ferro (apesar de bem intencionados) de empresarios que queriam chegar ao poder (e chegaram) e houve vigaristas.

Borges Coutinho deixou o SLBenfica há menos de 50 anos. Desde essa altura vencemos apenas 15 dos 38 titulos. Nos 28 anos anteriores vencemos 17 titulos. Só um grande clube resiste a isto... Só um grande clube vence, apesar disto!

Passando à frente de Vieira - que continua a ser ressuscitado na boca de todos em vez de ser enterrado por todos - Rui Costa chegou ao SLBenfica depois de estar na "ante-camara" do poder por mais de 10 anos. Portanto, apesar de eu achar genuinamente que era uma "wanna be", em parte chega ao Benfica também pelos mesmos motivos, por ter "mais olhos que barriga".

Estamos a cerca de um ano das eleições e temos dois caminhos:

- Os benfiquistas baixarem o nivel de "poluição sonora" sobre a Direcção e esperar por Outubro e fazer o julgamento que deva ser feito, nas urnas, de forma democrática e respeitadora.

- A Direcção tentar baixar o tom, entendendo que o ponto anteiror é impossível de acontecer, antecipar eleições de 4 para 3 anos de mandato, dar a palavra aos sócios sobre o que querem para o futuro, para devolver a paz ao Clube actualmente a viver uma "balcanização" inacreditável, com trincheiras, insultos constantes e escolha do "outro lado".

O que chamo da escolha do "outro lado" que se vive actualmente é estarmos perante um modelo de oposiçõ silenciosa, destruidora, com vista a poder disparar de volta. Se a Direcção diz "esquerda", das trincheiras ouve-se que está errado. Mas se eles corrigem e dizem "direita", das trincheiras ouve-se que é uma vergonha, que não honraram o que disseram antes, estão sem rumo, etc.

A um ano de eleições, no pior dos casos, quem considera ter ideias, soluções e compromissos (para mim as três coisas que mais interessam) deveria fazer parte activa da vida do Clube precisamente na partilha dessas ideias e compromissos.

Quem está pelo Poder, guarda os "trunfos" à espera de não serem usados em favor da Direcção, espera pelo momento definitivo para atacar, quando não puder ser mal visto ou criticado.

Quem está pelo Benfica, participa e partilha e, mais do que criticar e estar do outro lado, tenta identificar qual é o lado que deveria ser seguido, quais as ideias, compromissos e soluções a ser implementadas.

Então e se forem aproveitadas por quem está no cargo e for bem sucedido? Ganha o Benfica!

Temos que decidir se queremos que ganhem aqueles por quem temos uma convicção, ou queremos que ganhe o Benfica?

Se fizerem parte do dia-a-dia do clube, como nós fazemos, defendendo as nossas posições, ideias e convicções, quando chegar o momento certo, vamos saber julgar as ideias e não procurar salvadores. Vamos todos saber quem queremos a liderar o SLBenfica não pelo passado, mas pelo presente, não pelo que achamos que irá fazer, mas pelo que nos elucidou que ia fazer... e se não fizer, será julgado por isso. Temos que saber julgar ideias, compromissos e soluções e não pessoas.

Digo isto com um sentimento de "mea culpa", por eu próprio ter confundido discordâncias com criticas e com ataques pessoais - ERREI! E comprometi-me comigo próprio a não repetir e não contribuir mais para essas situações.

Honra seja feita aos poucos que têm tido coragem para dar a cara, partilhar as suas ideias, fazer parte das nossas conversas, estar nos estádios e usar os meios (redes e comunicação social) para se manter activos no dia-a-dia no Clube.

Podemos discordar das suas ideias, mas não temos que continuar a fazer disto discussões pessoais. Discutamos ideias e não pessoas...

E os que não quiserem vir para discutir as suas ideias e sugestões, mesmo arriscando a que ganhe o Benfica e não ganhem eles, não queremos que apareçam só para as eleições. Não queremos D. Sebastiões, Reis dos Discursos bonitos ou Heróis das Entrevistas (nada) ocasionais com palavras pensadas que todos querem ouvir.

Não podemos combater quase 50 anos de oportunismo, com mais tacticismos. Focar nas pessoas foi o que nos trouxe até aqui, focar no Benfica foi a herança que Borges Coutinho (e a excepção Jorge de Brito) nos deixaram. Não vamos todos concordar sempre, mas temos que discutir o Benfica e no final ganhará o Clube e a democracia. Continuaremos sempre activos no Benfica e pelo Benfica.