Serão os FSEs a raiz de todos os males?

 

Este é o novo bicho papão que anda na boca de todos os benfiquistas. Chega a ser divertido ver como alguns falam disto e misturam conceitos, comparam com os rivais... na prática sem qualquer noção do que se está a dizer. 

O Luis Mendes dizia que era preciso baixar 15% estes custos. Ora, 15% são cerca de 12,3M€ mas vamos assumir que estes valores em 2024 foram na ordem dos 100M e vamos por isso assumir que é preciso baixar 15M!

Está bom de ver que apenas o top 5 de rubricas (total de 62,5M) podem contribuir de forma material e a rubrica de "outros" (total de 9,3M)... dado que correspondem a 87% dos ditos FSEs.

Ora, vamos la ver isto então:

Licença da Marca Benfica é basicamente dinheiro que a SAD subvenciona ao Clube para pagar custos das modalidades. Estamos disponiveis para reduzir os 4M (cotização) mais estes 8M de orçamentos para as modalidades do clube? Ok... imagino que a resposta é não.

Gestão Operacional da BTV poderia ser uma opção, mas queremos então reduzir os conteudos, tempos de emissão, etc? Sim, porque tempo "no ar" custa dinheiro para transmitir jogos. Queremos deixar de transmitir alguns jogos da formação ou modalidades que é onde estça o maior custo? Queremos passar a ser como a SportingTV ou, pior, o PortoCanal? Ok... imagino que a resposta é não.

Com isto lá se vão 16M dos 71M que correspondem aos 87%.

Sobram as deslogações que gastamos 6,3M vs por exemplo 5,7M do Sporting. Podemos sempre equiparar... já conseguimos poupar aqui quase 0,6M dos 15M necessários. A chatice é que se juntarmos aqui o que o Sporting chama de "Combustiveis", eles até gastam mais que nós.

Sobram os Trabalhos Especializados (14M), que o FCP gasta ainda mais (15,5M) e o Sporting 4,4M mas depois tem outras rubricas que seguramente incluem o que FCP e SLBenfica gastam nesta rubrica como Subcontratos (10M). Podemos assumir que gastamos mais ou menos o mesmo os três clubes?

Sobram então a "Gestão Operacional do Estadio" que não existe nos rivais como tal e está espalhado por varias rubricas e desde logo porque admito também que parte desses custos ficam no clube. Mas vamos assumir que eles fazem isto por 70% do custo (o que será absivo a julgar pela quantidade de rubricas onde estamos muito alinhados).

Se assumirmos que isto da para baixar 30%, temos aqui 7,8M (coisa que acho sem sentido, mas vamos por aí para ver).

Depois há o tal amado custo de Seguraça e Vigilância que não está como tal no relatorio do SCP mas está no do FCPorto e a diferença é 1M ou 1,5M salvo erro. Portanto se uniformizassemos, estamos a falar de juntar 1M aos 7,8M... para um total de 9M de 15M necessarios.

Acham mesmo que o problema de termos de vender jogadore são os FSEs? NÃAAAAO! Ou melhor, não sim, mas não é - de longe e como podem ver - o maior problema.

O problema é a politica desportiva errática...

Mas sem fechar o tema dos FSEs deixo algumas sugestões, algo que infelizmente continuo a não ver muitos dos criticos dizer onde e como cortariam custos... sendo que a minha principal preocupação (dado o impacto residual) seria muito mais em como incrementar receitas do que em cortar estes custos:

• Antes de ir ao particular há duas coisas que penso que merecem ser feitas: 1) auditoria interna simplificada (max 2meses) aos fornecedores e rubricas. Que serviços são prestados, contrato em vigor e abertura do fornecedor a rever (se for identificada essa viabilidade)

• Com base nos dados do ponto anterior, chamar cada fornecedor e dar nota de abertura de concurso para as suas áreas de serviços na data de renovação e dar oportunidade de proposta renovação antecipada (se o fornecedor for qualificado em 4 ou 5 de 0 a 5 em qualidade de serviço)

• Fornecedores com notas abaixo de 3 (satisfatório) em preço e/ou qualidade, devem ser notificados imediatamente da não renovação de contrato de dada oportunidade resolução antecipada se o entenderem. Caso contrário, honrar o contrato e não renovar

• Casos especiais de falta de qualidade de serviço ou preço desajustado do mercado de forma comprovada, se o fornecedor não resolver, análise de viabilidade de resolução do contrato unilateralmente. Se não for viável, honrar até final e notificar da não renovação

Quanto ao real problema, todos conhecemos e ainda hoje discutia isso com dois ENORMES benfiquistas:
- Salários altos no futebol profissional
- Custos elevados com processos de contratos de formação (com elevadas comissões)
- Base arrastada de varios negocios com prejuizos para o SLBenfica
- Contratações sem base de retorno desportivo bem financeiro

Estes quatro pontos, sim, são os que levam a que os custos estrangulem as receitas - que são brutalmente mais elevadas que os rivais (logo os custos é normal que também o sejam, por isso os benchmarks são inuteis).

Como se elimina isto?

Assumir que tem que haver um ano zero! Um ano de excessivas receitas (vender talvez dois / tres jogadores sem que se tenha que fazer um forte investimento) para realmente sanear custos, equilibrar os custos correntes e avançar para uma politica desportiva mais criteriosa, que tem que passar por um novo modelo de governo da SAD, por uma nova política de profissionalismo, por ter profissionais (bem) remunerados que evitem andar a ter custos espalhados por varios mecanismos, empresas e subcontratações. etc.

Tudo coisas já sobejamente ditas aqui no NGB. Ao qual um juntaria o mais importante para evitar o anterior ou pelo menos suavizá-lo: um plano de incremento de receitas. E ideias não faltam... porém, esta direcção sem capacidade empresarial nunca terá esse posicionamento ou conhecimento.

Dito isto: "Aceitam-se ideias não de quem saiba mais mas sim de quem queira fazer melhor".

Ou seja, podem comentar, criticar, o que quiserem... mas pelo menos tenham coragem de apresentar ideias, alterantivas.... comprometam-se com as criticas que fazem ou "guardem a viola no saquinho".