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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Direitos Televisivos: Sol na Eira e Chuva no Nabal

. 10 comentários

Hoje estive a ouvir o podcast "Falar Benfica" sobre os direitos televisivos. Deixo-vos aqui, especialmente para assistirem ao "MasterClass" de Pedro Brinca neste podcast:

Recomendo vivamente dedicarem 2h do vosso tempo (ou pelo menos 1.30h ate outros começarem a divagar), não porque concorde com a abordagem mas pela explicação do factos e como o pragmatismo do Pedro Brinca "cala" a "fantasia" do benfiquista comum, e estavam ali três, como muitos milhões que somos.

Há muito que digo que os temas estruturantes no SLBenfica não podem ser discutidos com geração de valor real, porque há sempre os que pensam ser mais benfiquistas, gostar mais do Benfica e, principalmente, eles sim saberem o que é o melhor para o SLBenfica.

O pessoal, por definição, quer que o Benfica ganhe no minimo 8 em 10 campeonatos, que o Benfica lidere todas as conversas e marque as regras, que afronte a Liga e a FPF, etc. Obviamente que isto não passa de fantasias que não se aplicam ao mundo real que vai muito além da paixão pelo SLBenfica. É facil, muito fácil Amar o SLBenfica. Liderá-lo é muito mais complicado.

O Pedro explica claramente o "politics" associado a como funciona a Liga (um clube dois votos - da primeira Liga) faz com que andar aos gritos e a afrontar movimentos coletivos seja absurdo e mais prejudicial que positivo. O benfiquista comum gosta é de "showoff", de ouvir os dirigentes a falar constantemente e a "mandar bitates" que, na realidade dos factos servem apenas para animar o povão.

Rui Costa "leva" permanentemente com a expressão (certeira) de que não faz sentido sermos os unicos em contra-mão, a "pregar aos peixes". Porém, a realidade mostra isso mesmo... muitas vezes não é o que se quer... é o que o modelo permite e queiramos ou não... não somos os unicos, somos apenas os maiores e (muitas vezes) os melhores.

O futuro dos Direitos Televisivos resume-se essencialmente a duas questões que o Pedro resumiu bem (mas que é também onde discordamos):

- Ou se vende todo o ecosistema de valor da Liga a quem tenha capacidade e know-how para o desenvolver e criar valor. Este é o modelo que irrita os "românticos" porque implica que haverá quem ganhe dinheiro com o bom trabalho que fará e que esse dinheiro não será dos clubes por definição. Em Portugal achamos sempre que o retorno nos é devido, assim como as decisões... mas os investimentos devem vir de outros.

- Ou se assume a liderança dessa exploração (re)vendendo apenas os direitos e depois tendo uma equipa de gestão capaz de implementar um modelo de exploração diferenciado. Ora, todos sabemos que isso é possivel no quadro de dirigentes e profissionais actualmente no mundo do futebol.

Eu, tal como refere o Pedro, acho que a Centralização não será a solução para nada. Aliás a solução pode até passar pela centralização mas não num conceito igual aos demais paises porque, como o Pedro explica, o ponto de partida português (que não acho que tenha que ser o ponto de chegada) é fudnamentalmente difernete.

Para tal há quatro factores transversais fundamentais à tomada de decisão:

1. Revisão integral dos quadros competitivos: Menos clubes na Primeira Liga, porventura com outro modelo de campeonato que fomente mais oportunidades para os mais fortes estarem expostos à competitvidade. 

2. Capacidade de gerar valor nos clubes mais pequenos:
Obviamente que a tese absurda que surgiu por parte de alguns de aumentar sócios (e as comparações com outros paises onde clubes pequenos têm mais socios) não faz sentido; Somos um país pequeno e de cultura de vitória, não de desporto. Ou seja, por definição é-se de quem ganha. Todos querem ser de quem ganha.

3. Assumir uma aposta no Digital como elemento diferenciador. Para mim esta é a unica forma de poder gerar receitas (além de inovações à volta de "produto", mas que serão sempre de impactos que nunca irão além dos 10 / 15%). O Digital vai explorar o potencial de globalização dos clubes pequenos, de atracção de "tribos" e seguidores - que serão elementos de engagement numa otica de tribo e não de associativismo tradicional, que esse continuará limitado aos três grandes.

4. Os elementos anteriores, vão criar espaço para a entrada de investidores externos maioritarios no capital dos clubes mais pequenos, desejavelmente como plataforma de outros clubes maiores do centro da Europa.

É preciso ambicionar, de uma vez por todas, que os clubes portugueses sejam atractivos para investidores externos. Fundamentalmente os que não são capazes de gerar receitas de forma tradicional (sócios e adeptos em escala). Porventura o SLBenfica será o unico clube capaz de sobreviver a esse modelo, como referi no post Investidores externos chegam aos "grandes"! Via aberta para a hipocrisia!

Investimento directo estrangeiro é, porventura, a forma de os clubes terem mais receitas (indirectamente) a partir de um novo modelo de Direitos Televisivos. Contudo acho que os direitos televisivos sem estes quatro pontos adicionais, não vão gerar nada de novo no contexto do futebol português... talvez até vá gerar menos receitas e a prazo nivelamente por baixo e perda de competividade europeia dos clubes grandes em Portugal.

Mas desenganem-se os mais fantasiosos... quando/se começarem a existir investidores que comprem este clubes, invistam neles e nas infra-estruturas e, principalmente, na formação... estes que acham que o SLBenfica deve ganhar 8 em 10, vão passar a ver maior incerteza na Liga, mas não pelo nivelamente por baixo como Proença quer - pela sua capacidade limitada

Há dois dossieres fundamentais para discutir nos próximos 24 meses:

- Eleiçoes da FPF: Fernando Gomes terá obrigatoriamente que sair (limitação de mandatos) e Proença tem a ambição de poder de o suceder. Se depender de Fernando Gomes, o seu sucessor será Luis Figo a cara da liderança de Tiago Craveiro. Nuno Lobo não tem expressão de apoios. Aqui o "jogo" é nas Associações... e o SLBenfica só tem duas opções:

1. Apoia o lançamento de uma candidatura disruptiva e trabalha com os clubes das Asssociações mais representativas (Associaçoes de Clubes, Treinadores, etc) para suportar essa disrupção. Como não o fez nos ultimos 2 anos, acho esta via completamente inviável. Ando há anos a pedir que houvesse trabalho feito para lançar abordagens capazes de apresentar projectos novos... não aconteceu.

2. Resta-nos apoiar o cavalo ganhador. Esperar para ver quem tem mais apoios e dizer que é esse... Aparecer como os que fazem birra e perdem, tem zero vantagem para o futuro. 

- Centralizção dos Direitos Televisivos por imposição legal. Este processo tem que ficar fechado nos próximos 2 anos e pode dar-se o caso de Proença o iniciar, mas não o terminar. Uma vez mais, aqui o SLBenfica tem pouca capacidade de intervenção directa. Pode e deve tentar influenciar os actores relevantes, porém - como explicado pelo Pedro Brinca  - a capacidade de intervenção real é residual e limitada.

O desafio neste tema da Centralização é essencialmente o de transformar uma "encomenda do Estado", num projecto de transformação do futebol português, indo muito mais além dos direitos televisivos.

PS- Parabéns ao Pedro Brinca pela explicação que a Liga portuguesa é uma Liga de "nivel 2" e que tem como base essencialmente servir de plataforma de desenvolvimento de jogadores para actuação nas Ligas de topo. Ou seja, que o modelo único viável é o desenvolvimento e venda de jogadores... algo que parece fazer confusão a muita gente, quando se fala de vender jogadores.

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10 comentários

  1. A mentalidade portuguesa é tão, mas tão transparente… :-)
    Para darem a ideia de que a liga portuguesa é competitiva, ao ponto de os direitos de transmissão televisiva poderem ser vendidos (sabe-se lá onde) por valores que permitam clubes portugueses financiarem-se sem ajudas de Novos Bancos e/ou Milleniuns BCP, é importante que o Benfica não ganhe título nenhum. Que seja o FCP ou outro qualquer (por que não o SCP ou O SCB ?). O importante é que não seja o Benfica, por causa da tal ideia de uma liga competitiva. O SCP e o SCB estão bem lançados para terem como ofertas os títulos que o FCP (por culpa própria, já que não tem jogado peva) não consiga “ganhar” e o Benfica se veja impedido de tentar ganhar, à custa de VARS escolhidos a dedo e com a agenda do Fontelas Gomes e Pedro Proença estudada.
    O campeão da conferências de imprensa, quando fala, faz lembrar o Mourinho quando no tempo do Apito Dourado dizia ter a certeza de que iria ser campeão.
    Quem queira ver futebol, enquanto desporto sério e à sério, que veja jogos da liga inglesa, alemã e/ou espanhola.

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  2. Quando se fala de possíveis modelos para para o futebol português esquece-se sempre um...o modelo que os países mais desenvolvidos do mundo seguem: Noruega, Austrália, Suíça, Islândia, Dinamarca, Suécia, Irlanda, Países Baixos. O futebol é residual no modelo desportivo, não prioritário, não se vende a alma ao diabo, não há discussões sobre centralizações, nem investimentos estrangeiros e parecem estar a safar-se bem no que diz respeito à qualidade de vida, desenvolvimento, prática desportiva, etc.

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  3. O Brinca deve estar é brincar, outro lunático, caralho fazei uma liga com Benfica Sporting, e os clubes periféricos da Mouraria e ficam os dois com o farfalho todo 90 % para o Benfica 10% pros Lagartos ou então vão jogar para outra galáxia...

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  4. Enquanto uns poucos com conhecimento de alguns meandros das catacumbas do futeluso discutem o sexo dos anjos, 99,9% do mundo adepto da bola quer é a dita muitas vezes no fundo dos entrefolhos adversários.
    Quem mete ou manda meter estão-se c@g@ndo desde que o artista vista "aquela" camisola.
    Mesmo que muitas vezes a dita não tenha nada a ver com a alma do seu clube mas dá muita massa ao mesmo.
    Exemplos?
    O número de contributos e/ou comentários deste post e do que atrás homenageava o KING.
    Se o KING ainda calçasse eram comentários aos molhos.
    Morto, já não interessa, não calça, não marca!.
    Direitos? Isso marca? Não? Taquepariu!
    Mais um exemplo? Vão daqui a uma hora à Luz!
    À nova, que a velha já não calça!

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    1. E foram, de momento ganha Braga..

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  5. Ainda garantes que o braga vai ganhar o campeonato?

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  6. gosto tanto quando vem elogiar alguém por determinada posição como se ela fosse a tradução do pensamento do autor do post quando na realidade a posição é completamente a oposta aquilo que o autor do post andou, e muitas vezes ainda anda, a dizer durante anos e anos.

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  7. Admito que sou romântico. Portanto, até que haja uma decisão final no Tribunal Constitucional, serei sempre contra a "Centralização dos Direitos Televisivos por imposição legal".

    Não existe nada nem ninguém que possa me obrigar a vender o que não desejo. Por isso, duvido que a imposição legal seja válida neste caso se o Benfica não quiser vender. Além disso, de acordo com a Constituição da República Portuguesa (CRP), as expropriações devem ter caráter de utilidade pública. Se isso for invocado para impedir o Benfica de exercer seus direitos, então esses jogos teriam que ser transmitidos em canal aberto, como ocorre com os jogos da Seleção Nacional. É por isso que o futebol perdeu o status de "interesse público", permitindo que a SPORTTV entre no mercado.

    Portanto, até que haja uma decisão final, não abriria mão de nada que não respeite o valor do Benfica em Portugal.

    Aproveitaria o intervalo entre o fim dos nossos direitos e o suposto início da centralização para fazer um contrato de 2 anos com a AMAZON ou DANZ pelo maior valor possível. Isso serviria como base para as negociações em relação à centralização. Isso protegeria o Benfica nas negociações e também protegeria o clube se tentarem "expropriar" esses direitos, uma vez que o mesmo artigo da CRP estabelece que tal expropriação deve ser feita "mediante o pagamento de uma justa indemnização".

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    1. mas sabes que o tribunal constitucional só se pronuncia sobre assuntos que lhe são colocados e que até agora ainda ninguém o colocou para ele se pronunciar e duvido muito que se pronuncie sequer sobre o assunto.

      mas tens que nos jogos europeus também foste expropriado do mesmo direito e ninguém reclamou.

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  8. Como a pessoa que organizou este episódio do podcast com o Pedro Brinca é do Servir o Benfica há que deitar abaixo, curiosamente este blogue já lá foi mencionado e não me lembro de terem feito o mesmo. Talvez um dia ainda possamos perceber de onde vem o ressabiamento, ainda por cima, neste caso contra uma pessoa que tem uma dedicação ao clube muito acima da média. Enfim...

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