Infelizmente o grande problema do Benfica não se chama Jorge Jesus nem Rui Vitória

Antes de mais, deixem-me dizer que concordo com o Presidente LFV quando acredita que chicotadas psicológicas a meio da época, raramente trazem os resultados pretendidos... Basta olhar a história para constatar essa realidade... No Benfica, salvo erro, apenas por uma vez conseguimos ser campeões em ano de troca de treinador.

Algo que, diga-se, prova logo que mesmo com maus treinadores (e no Benfica existe um desses casos), os problemas dos clubes nas fases de maus resultados são quase sempre muito maiores do que o nome do treinador... Mudar de treinador sem mudar muito do resto que também está mal, não chega para se inverter um mau ciclo!

Mas:

No Benfica, é notório que a Direção encarnada perdeu confiança em Rui Vitória. Uma Direção que confia não precisa de dormir sobre assuntos nenhuns nem fazer conferências de imprensa para anunciar que... fica tudo na mesma!

Nesta novela que foi o fica-não fica do treinador a semana passada, o único que ficou mal na fotografia foi o Presidente LFV... Quis substituir mas não substituiu, e não substituiu, digo eu, porque aquele que queria para o substituir não está disponível (ainda).

Ou seja, aquilo que LFV conseguiu foi, em primeiro lugar dar uma imagem de desnorte de si mesmo, e em segundo lugar ser ele próprio a fragilizar ainda mais a posição do treinador junto da massa adepta encarnada. Bravo!

Dito isto, estou em crer que LFV quer (e vai ter) Jorge Jesus! Não acredito que LFV fosse dormir sobre o assunto da troca de treinador sem ter minimamente um plano. E se ele próprio diz que ficou surpreendido com a qualidade dos treinadores que se ofereceram imediatamente, teria sido fácil substituir Rui Vitória por outro treinador, assim houvesse esse interesse!

Só que LFV não quer apenas outro treinador! LFV quer Jorge Jesus, e este não pode ter já, e arrisco-me a dizer que não irá ter seguramente em Janeiro.

Jorge Jesus sempre deu a imagem de, apesar de muitos defeitos que tem, de ser um homem de palavra e de honrar os seus compromissos. Ficaria muitíssimo surpeendido se Jorge jesus quebrasse o seu vínculo na Arábia e saísse a meio da época!

Mais, como já se percebeu, se Jorge Jesus vier para a Luz, virá com muitos anti-corpos e terá de reconquistar muitos adeptos. Duvido que o próprio Jorge Jesus quisesse vir para a Luz em Janeiro sem ter tempo de fazer pré-época, sem poder jogar muito no mercado (os bons jogadores estão empregados), e ter de jogar com o que há, e lutar já pelo título este ano a partir de trás, correndo o risco de não o conseguir e esses anti-corpos na Luz aumentarem ainda mais. O homem pode dar calinadas mas burro não é!

Se foi isto que LFV teve de ponderar naquela noite em que uma Luz o assaltou, é triste, mas se a história é esta (e eu acredito que seja), substituir Rui Vitória nesta altura nem deveria ter sido equacionado.

Até porque, para se substituir Rui Vitória nesta altura não pode ser por fezada nem para se escolher alguém ainda pior. E se é para se ir buscar alguém com estatuto, quem é o treinador com estatuto que queria vir para o Benfica a prazo sabendo que já há treinador para a época seguinte?! Nenhum!

A noite da "luz divina" foi em suma para equacionar substituir Rui Vitória por um "estagiário" a recibos verdes tipo Lage, com quem se corria o risco das coisas correrem bem e em Junho próximo ter-se uma bota ainda maior para descalçar!

Em resumo, esta rábula do sai-não sai de Rui Vitória é verdadeiramente anedótica!

A isto chama-se navegar à vista sem qualquer plano, e rezar para que por uma lufada de sorte um vento forte nos leve a bom porto, e o Messias Vieira ainda saia como herói no fim da rábula que ele próprio criou. ELE, o MESSIAS, o SALVADOR, o BENFICA EM CARNE E OSSO, que quando mais ninguém acreditava, fez finca pé na permanência do treinador Rui Vitória, e ganhou!

O homem que o ano passou nos privou do penta por teimosia e fezadas (tinha de provar que era com a miudagem do Seixal que lá ia e que reforços não faziam falta), é o mesmo que no ano da “#Reconquista” chega a Dezembro sem saber o que quer e a fazer do sucesso ou insucesso da época, muito mais do que uma questão estratégia, uma questão de mera sorte!

Como há ainda adeptos capazes de aplaudir isto, não sei, mas felizmente são menos, cada vez menos, aqueles ainda completamente cegos para tanto desnorte!