Fejsa para treinador, já!

Escusado estarmos com tretas, Rui Vitória está com margem de erro zero, só não vê quem não quer. E indo mais longe, não há um Benfiquista com quem eu fale que me diga que vê em Rui Vitória um grande treinador. Há alguns que me dizem Calma aí Redmoon, também não pode ser tão mau como o pintas mas, dizerem-me que é um grande treinador e explicar porquê?! Não há um! O que é estranho, diga-se, num treinador tão humilde, tão bem educado, tão boa pessoa, e que até teve o desplante de ser Campeão Nacional duas vezes em três anos!

Culpa só dele? Evidentemente que não! A não ser que me queiram convencer que foi por exemplo Rui Vitória que chegou ao pé de LFV e fez finca pé na contratação de Jimenez por 22 milhões de euros! Obviamente, não foi!

Mas quando as asneiras feitas por parte da Direção encarnada ao nível de política desportiva são as habituais (este ano, mais uma marcha atrás com Jonas para lixar o 4-3-3 do treinador), e abaixo não há um treinador capaz de contornar as dificuldades que lhe são impostas por cima, arriscamos pois a que cheguemos a 2018/2019 e ao fim de três anos de Rui Vitória com 45 milhões de euros torrados num Jimenez já emprestado em Inglaterra, e um Rafa e um Zivkovic ainda de fora do 11 e, pior que isso, com um treinador que ainda não faz a p#ta da ideia de qual deve ser a posição deles no campo ou o que fazer deles!

Ainda na última Sexta-Feira, e depois da vitória na estreia para o campeonato, lá veio o treinador do Benfica mais uma vez com o seu discurso tapa olhos dizer que não podiam ser 20 minutos maus a apagar os 70 minutos de grande nível que o Benfica tinha feito. Rui Vitória aqui tem razão, mas também lhe faltou dizer que na mesma onda também não podem ser os 70 minutos de grande nível do Benfica a apagar 20 minutos de completo desnorte que ao fim de três anos continuam a acontecer no Benfica com assustadora assiduidade!

E depois um gajo diz que assim não pode ser e que isto são sintomas de uma equipa que não tem treinador, e lá tem de voltar a ouvir o ah e tal daqueles que me continuam a assobiar no ouvido que o Fejsa é um dos melhores trincos do mundo e que não é fácil substituir! Convenhamos que se Fejsa fosse um dos melhores trincos do mundo já não estava no Benfica, e seguramente que numa seleção de terceiro nível como a da Sérvia caberia nos 23 que foram ao Mundial! Mas nem uma coisa nem outra!

Estou a querer por em causa o valor do Fejsa? Também não! A sua importância no Benfica é inequívoca mas também já aqui escrevi várias vezes que Fejsa não é jogador para todas as equipas e para todos os futebóis, principalmente porque as grandes equipas não jogam com trincos que só defendem, que não sabem sair com bola e que nunca arriscam um passe vertical, e que obrigam o número 8 a recuar sempre para pegar no jogo em vez de esticar o jogo e receber a bola mais à frente. MAS...

A verdade é que este Benfica é inequivocamente Fejsa e mais 10! E basta tirar-se o sérvio de campo por 20 minutos que seja para que uma vantagem de três golos contra um Guimarães passe a ser um resultado incerto e pareçamos uma equipa com o coletivo de uma equipa de futebol de liceu formada por moeda ao ar!

A importância de Fejsa neste Benfica de Rui Vitória deve-se obviamente ao seu enorme valor mas, acima de tudo a ser muito provavelmente o único jogador do Benfica (acrescentaria Jonas) com cultura tática para perceber o que o jogo precisa em todos os momentos e... adaptar-se, tendo para isso de correr quase sempre muito mais do que os outros, porque anda sempre a apagar os fogos que os companheiros deixam para trás!

Com Fejsa de fora, em campo ficam alguns jogadores talentosos com a bola no pé mas que sem bola são absolutamente medíocres em questões de compreensão do jogo! Não serve ter um Cervi à esquerda sempre aguerrido, sempre a querer morder os calcanhares ao adversário se isto não assenta num plano defensivo coletivo.

Não adianta lançar um Alfa Semedo para o campo dizendo-lhe: Vais entrar para o lugar do Fesja e fazer o que ele está a fazer, se o Semedo não faz a mínima ideia do que o Fejsa está a fazer, e depois o que faz é começar a correr em campo como uma barata tonta atrás de quem lhe aparece à frente a tentar mostrar serviço!

E isto meus amigos, é trabalho do treinador! A vantagem que Fejsa tem no Benfica em relação a todos os outros é que não precisa do treinador para nada para entender o jogo e para saber onde se posicionar. Se Fejsa tivesse de estar à espera do momento em que Rui Vitória percebesse o que se está a passar no jogo para lhe passar uma ideia para o campo, quando esse momento chegasse, o Benfica já estava a perder por 2.

Infelizmente nestas coisas, não abundam muitos Fesjas no mundo da bola, e muito menos no Benfica! E quando não há Fejsas, ou quando o Fejsa se aleija e tem de sair, é preciso um treinador que se chegue ao pé dos jogadores que tem no campo e que não têm a capacidade de entender o jogo que o Fesja tem (e se calhar é por isso que nunca vão dar treinadores), e que lhes diga o que têm de fazer em cada momento, e explicar os porquês e fazer-lhes entender que tem de ser assim porque é isso que o jogo está a pedir!

E é isso que, por mais que digam o contrário, por mais que o Benfica até possa arrancar para 10 vitórias seguidas contra os Moreirenses cá do sítio, o Benfica não tem! Ao fim de três anos continua a ser Fejsa e mais 10, continua a ser a tática das palmas e do entrar para dar tudo e ganhar na base do brilharete individual, e bola longa no Ferreyra, que nisto das equipas de Rui Vitória, até o Messi teria de aprender a jogar de costas para a baliza e a ir disputar bolas ao segundo andar!