Exclusivo: Uma estratégia para o futebol do SL Benfica

No quadro abaixo são listadas as equipas que conseguiram chegar às meias finais da Liga dos Campeões da UEFA nas últimas 5 épocas, respetivo número de presenças nesta fase da prova e montantes médios de receitas e valor do plantel no período em análise.

Receitas – últimos 5 relatórios da Football Money League da Deloitte (FML); Valor do plantel – dados Transfermarkt; Mónaco – o montante de receitas apresentado corresponde a um valor máximo, uma vez que não atingiu o top 30 da FML em nenhum dos anos em análise.

Assumindo uma distribuição normal das receitas e do valor do plantel dos clubes que atingem esta fase, o Benfica, nas condições atuais, terá uma probabilidade muito baixa de atingir a referida fase numa dada época (probabilidade que varia entre 1% e 4,5%). 

Esta é a realidade atual do Benfica no contexto do futebol europeu. A questão à qual os benfiquistas têm de responder é se pretendem acomodar-se a esta mediocridade competitiva e ao afastamento irreversível dos grandes colossos do futebol mundial, ou se pretendem sair da sua zona de conforto e ousar colocar o Benfica em níveis competitivos consentâneos com a sua grandeza.

A atual liderança do Benfica e da SAD optou indiscutivelmente pela primeira alternativa. Tem sistematicamente justificado essa estratégia de downsizing com o facto de o Benfica ser um clube de um país periférico, limitado a um mercado de reduzida dimensão. Apela a um sentimento de pequenez e de autocomiseração que infelizmente os portugueses alimentaram durante grande parte do século XX. 

Ameaça com o fantasma da era Vale e Azevedo para justificar que é preferível um pássaro na mão do que dois a voar. Distrai os benfiquistas com folclore barato… uma espécie de “benfiquismo pimba”. Entretanto, os recursos do Benfica são esbanjados em negócios opacos e as oportunidades de afirmação mundial do clube vão sendo desperdiçadas. 

A liderança esquece-se que o Benfica é um clube com milhões de adeptos espalhados por todo o mundo e com uma história grandiosa alicerçada numa mística única que não se consegue explicar … apenas sentir. 

Numa economia global como aquela em que estamos inseridos, não há periferias e não há mercados localizados. Há um mercado global que está aberto a todos aqueles que tenham audácia, competência e grandeza de alma para ousar atingir a glória. Este mercado é a Liga dos Campeões da UEFA. Entendo que é possível o Benfica alcançar o patamar competitivo dos colossos do futebol mundial e que a estratégia da atual liderança não é a correta.

A estratégia do futebol profissional tem de passar necessariamente pelos seguintes vetores:

· Reforço cirúrgico do plantel com atletas de qualidade indiscutível. Não é aceitável a contratação sucessiva de atletas “à experiência” para setores críticos do plantel; 

· Contratação de 1 ou 2 atletas que sejam estrelas no contexto do futebol mundial. São estes atletas que dão notoriedade ao clube e que permitem à marca Benfica consolidar-se no mercado global; 

· Redução do número de atletas emprestados. Não faz sentido contratar atletas para sucessivos empréstimos. O negócio do Benfica não é outsourcing de atletas; 

· Verdadeira aposta na formação com integração no plantel principal de atletas que possam contribuir de forma consistente e sustentada para o reforço competitivo da equipa. Só há verdadeira aposta na formação quando o Benfica conseguir manter os jovens talentos; 

· Retenção de atletas com qualidade. É inaceitável que os atletas olhem para o Benfica como um trampolim para outros clubes. O Benfica deve ser visto como o topo da carreira; 

· Criação de um projeto desportivo ambicioso. Sem medo de assumir que o objetivo é vencer a Liga dos Campeões da UEFA; 

· Contratação de um treinador da elite mundial, ambicioso, com uma ideia de jogo própria e com autonomia para a pôr em prática.

O investimento inicial que esta estratégia implica deverá ser financiado através da alienação de passes de atletas emprestados, através do aumento do passivo e de outros instrumentos de financiamento (capital próprio). 

Com o atual volume de receitas da Liga dos Campeões, o sucesso nesta competição permitirá sustentar um passivo mais elevado e permitirá a amortização gradual do mesmo. Esta estratégia implica ainda um aumento da massa salarial na ordem dos 20 milhões de euros anuais, o qual será compensado com o crescimento nas receitas e com maiores eficiências ao nível dos gastos operacionais (neste momento ascendem a quase 30% das receitas). 

Acredito sinceramente que esta é a estratégia que poderá colocar o Benfica no caminho do sucesso e que poderá tornar o Benfica O MAIOR E O MELHOR CLUBE DO MUNDO.