Zidane conquistou três Ligas dos Campeões pelo Real
Madrid em três épocas ao comando do colosso espanhol. No mesmo período de tempo
conquistou ainda um Campeonato espanhol. Fosse este feito conseguido por um
José Mourinho ou um Guardiola por exemplo, e os seus nomes seriam levados ao
Olimpo. Não creio que seja o caso de Zidane...
Pode o futuro próximo desmentir-me, mas não creio que o
extraordinário feito de Zidane ao serviço do Real Madrid o tenha catapultado
para o topo da lista dos melhores treinadores do mundo nem para a lista dos
treinadores desempregados que serão imediatamente disputados pelos melhores
clubes da Europa.
Zidane sai do Real Madrid pelo seu pé e pela porta grande
e o que fez em três anos ninguém apagará nunca mas... Não creio que esta seja
uma saída que tenha desapontado muito Florentino Perez.
Há no meu entender uma diferença abissal entre um
treinador que provou (e Zidane provou) ter sido exímio a gerir um plantel que
herdou e que soube rentabilizar ao máximo, de outro treinador que estruturou o
plantel, que escolheu peça por peça tendo em conta uma ideia de jogo que depois se expressa no campo com brilhantismo.
Impossível neste contexto não apreciar o trabalho de
Pochentino no Tottenham por exemplo, de Leonardo Jardim no Mónaco ou de
Guardiola no Man City. Poderia acrescentar Klopp no Liverpool que devagarinho
vai fazendo do Liverpool uma equipa que se percebe ser à sua imagem.
Isto para dizer o quê? Que Zidane não fez no Real Madrid grande
trabalho de construção nem tem provas dadas neste campo. À sua escala Zidane foi no Real Madrid um pouco do que
Rui Vitória é no Benfica, um treinador de vacas magras e que aceita quase tudo o que
lhe impõe de cima.
Zidane entra no Real Madrid em Janeiro de 2015 e no final
dessa época limitou-se a gastar 30 milhões de euros em Morata que foi repescado
à Juventus e que até acabou por nem singrar em Madrid. No final da época
2016/2017 Zidane voltou a gastar no mercado 40 milhões de euros em dois miúdos
de nome Hernandez e Ceballos.
Estamos portanto a falar do Real Madrid, um clube de MUITOS
milhões todos os anos que em dois defesos deu a Zidane apenas 70 milhões de
euros que nem tiveram aplicação prática no seu habitual 11 titular.
Zidane geriu portanto o que havia (e que no Real Madrid é sempre de primeiríssima qualidade) e apostou na sua
cantera. E geriu muitíssimo bem, colocando os jogadores nas posições certas, gerindo egos e "inventando" Casemiro. Mas percebe-se também que a equipa do Real
Madrid está em fim de ciclo, que tem de ser renovada, e que este será um defeso
em que o Real Madrid deverá voltar a gastar muitos milhões no mercado para construir
as bases do Real Madrid do futuro. E é aqui que creio existirem muitas dúvidas de que Zidane fosse o homem certo para essa tarefa.
Entendo portanto a saída de Zidane do Real pelo
seu pé (aparentemente), mas ao mesmo tempo acredito que o próprio Florentino Peres já planeava (e queria) esta saída e que o que faz sentido na sua cabeça é que os 300
ou 400 milhões de nova “mercadoria” sejam investidos tendo por base as ideias do
treinador do novo ciclo que seguramente será um já com provas dadas também na área de construções de plantéis e que exige ser ele a tomar as decisões (aposto em Pochentino), o que não é o caso de Zidane.
Tudo isto para fazer um paralelismo com Rui Vitória no
Benfica, numa altura em que, parece-me, o Benfica já reconheceu erros cometidos
na época passada e se prepara para investir forte este ano depois de 2/3 anos
de vacas magras.
E neste contexto parece-me que Rui Vitória, se iniciar a
próxima época o fará numa posição frágil, e que precisa de garantir a
qualificação para a Liga dos Campeões e começar bem o campeonato para voltar a
ter os adeptos do Benfica maioritariamente do seu lado.
Não começando bem, a situação de Rui Vitória pode
complicar-se muito rapidamente, correndo-se o risco que por exemplo no Real
Madrid se quis evitar desde já, de se reconstruir um plantel à imagem de Rui
Vitória para daqui a 4/5 meses termos de estar a contratar um novo treinador e já
não ter dinheiro para lhe permitir grandes retoques.
Veremos portanto aquilo que nos traz a nova época mas,
uma coisa parece-me certa, Rui Vitória parte para 2018/2019 numa posição
fragilizada e sem grande espaço de manobra junto dos adeptos, o plantel do
Benfica precisa de ser reconstruído quase de base e tenho muitas dúvidas que
haja da parte dos Benfiquistas uma confiança cega de que Rui Vitória seja o
homem certo para dar corpo a essa tarefa, até tendo por base o seu histórico recente no aproveitamento de jogadores como Carrilho, Zivkovic, Cervi, Rafa ou Jimenez por exemplo.