
    DENÚNCIA SOBRE A ESTRUTURA MONTADA PELO FCP QUE ENVOLVE MAGISTRADOS
      E QUADROS DA POLICIA JUDICIÁRIA
  
Exmo senhores,
    O que vimos denunciar é de enorme gravidade.
  
    E fazemo-la de forma anónima, em defesa da nossa integridade física e por
    receio de represálias, tendo em conta o nível de ligações, inclusive ao
    sector da Justiça e da própria Policia Judiciária na estrutura informal
    criada.
  
    A ESTRUTURA
  
    Desde de Abril de 2017 que um grupo restrito de responsáveis do Futebol
    Clube do Porto se reúne semanalmente numa sala do
    Hotel AC Hotel Porto Marriot, em prol da concretização de um plano
    que visava destruir a hegemonia do SLB e criar uma rede que desse corpo a
    essa estratégia na justiça, nas forças policiais e nos media.
  
    O surgimento desse projeto surgiu quando foi concretizada a possível compra
    da correspondência privada do SLB, os famosos emails, que foram entregues em
    três momentos distintos.
  
    Denunciamos que dessa estrutura base fazem parte
    Adelino Caldeira (Administrador do FCP),
    Luís Gonçalves (Director Geral do FCP),
    Manuel Tavares (Director Geral do FCP Media), Francisco José Marques (Director de Comunicação do FCP),
    contando para a concretização da sua estratégia com os contributos do
    Juiz Conselheiro do STJ, José Manuel Matos Fernandes (Presidente da mesa
      da assembleia Geral do FCP)
    e os
    agentes da Polícia Judiciária do Porto, Monteiro Ferreira, Barba Rocha, Duarte Vaz e Faustino
    com um longo passado de colaboração com o clube.
  
    Mais tarde para as redes digitais e montando os blogues que clandestinamente
    divulgavam os emails roubados ao SLB, a coordenação foi feita por um Grupo
    que integra o
    deputado do PS Tiago Barbosa Ribeiro, Pedro Bragança (Baluarte dos Dragões) e Diogo Faria
    que utilizaram a sua rede de colaboradores para massificar essa informação.
    Quem também colaborou nessa estratégia digital foi a equipa liderada por
    Ricardo Pereira da empresa eComOn, curiosamente a empresa que gere
    plataformas do FCP e que está sediada em Lisboa.
  
    Consolidada a estratégia, para reforço da sua promoção, comunicação e
    divulgação foi feita também a famosa reunião do Altis em Lisboa que juntou
    da parte da comunicação do FCP,
    Manuel Tavares e Francisco José Marques e da parte do SCP, o seu
        diretor de comunicação, Nuno Saraiva.
  
    Nessa reunião foi partilhada a existência da vasta informação da
    correspondência privada do SLB e definiram-se timings, tendo ficado também
    definido que através das estruturas informais do SCP, existiria partilha de
    informação para criação de blogues, que também difundissem essa informação e
    que existisse cooperação de esforços para a concretização da estratégia de
    comunicação.
  
    Da parte do SCP, toda a equipa das redes digitais seria liderada por
    João Duarte da empresa Youngnetwork, que gere diversos blogues
    associados à direção de Bruno de Carvalho e presta serviços para as
    diferentes plataformas de comunicação do SCP. Aliás é nesta empresa que
    trabalham os bloguers que têm criado os diversos domínios que têm difundido
    os emails roubados do SLB.
  
    ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO
  
    A estratégia de comunicação definida passou por diferentes fases e foi-se
    adaptando conforme as circunstâncias.
  
    Mas ficou decidido que seria Francisco José Marques no Porto Canal a ser
      o ponta de lança
    e porta voz das denúncias, de forma a que passa-se nos media, existindo
    sempre pronto acompanhamento de reações por parte do diretor de comunicação
    do SCP. Analisados os dados e tendo em conta a colaboração da própria equipa
    da PJ, através dos nomes atrás identificados, foi decidido que:
  
    a) Manuel Tavares pelo elevado conhecimento e alguma predominância
    sobre a direção e os jornalistas de alguns órgãos de comunicação social
    ficaria com a ligação e articulação com o Jornal de Notícias, Jogo, RTP
    Porto e rede de comentadores do clube nas Televisões.
  
    b) Que Nuno Saraiva, pelo nível de envolvimento com o sub diretor do
    expresso, Nicolau Santos, mas sobretudo pelo controlo e ligação entre Bruno
    de Carvalho e o jornalista Pedro Candeias, procuraria alimentar aquele
    jornal de enorme importância para quebrar a ideia de que só com o JN e Jogo
    seria mais uma história do Porto.
  
    Posteriormente e com o desenvolvimento de todo o processo,
    esta estratégia reforçou-se, ainda mais quando responsáveis do FCP se
      gabavam que na equipa que na PJ de Lisboa coordenavam as investigações aos
      diversos casos sobre o SLB, estava um fervoroso adepto do FCP, que lhes garantia que tudo seria feito para se criar a ideia de que
    existia uma estratégia de domínio do SLB do futebol português e que estaria
    disponível para passar informação a um ou dois jornalistas de confiança.
  
    Foi neste quadro que surgiu a ligação ao jornalista, também ele
      adepto assumido do FCP, da Revista Sábado, Carlos Rodrigues Lima, aparentemente insuspeito por ser um jornalista especializado e
    reconhecido pela sua ligação à área da justiça e que se tornou no eixo
    central de toda a informação que era passada para o grupo Cofina [CM,
    Negócios, Record, Sábado, Destak].
  
    Ao mesmo tempo,
    reforçou-se a informação transmitida ao jornalista Pedro Candeias do
      Expresso, que passou a receber informação de uma pretensa fonte da Polícia
    Judiciária que se assumiu desde o primeiro momento como fazendo parte da
    equipa central de investigação em Lisboa — o tal elemento com ligações ao
    FCP, atrás referido - e que deu origem às sucessivas notícias que o Expresso
    tem publicado (sempre citando fontes da PJ) que fala de toupeiras do SLB no
    Ministério Público e que dá, pela primeira vez, voz à tese de que existia
    uma estratégia do SLB para dominar o futebol português.
  
    Apesar de ter inicialmente suscitado duvidas ao FCP, porque tinham
    informação de que Pedro Candeias seria simpatizante do SLB,
    rapidamente o diretor de comunicação do SCP tranquilizou garantindo que
      tinha absoluto domínio sobre o seu trabalho e que ele tinha um ódio de
      estimação ao presidente do Benfica e uma forte ligação pessoal a Bruno de
      Carvalho.
  
    AS MAIS RECENTES EVIDÊNCIAS
  
    Mas a enorme gravidade de tudo o que até agora relatámos aumenta, quando se
    prova a forte influência que o FCP tem tido sobre diversas decisões difíceis
    de compreender por parte de responsáveis da Justiça no território do Porto e
    do Norte, como se demonstra nas seguintes recentes decisões:
  
    a)
    Decisão do Tribunal de Guimarães e do representante do Ministério
      Público
    no processo que envolve e liga Pinto da Costa e Antero Henriques à empresa
    de segurança SPDE no processo Fénix, inclusive objeto de recurso por
    parte do DCIAP e que vai custar um processo disciplinar ao próprio
    representante do Ministério Público;
  
    b) Decisão do juiz de primeira instância, Fernando Cabanelas sobre a
    Providência Cautelar apresentada pelo SLB, assumindo o juiz neste caso ser
    adepto do FCP. Decisão posteriormente revogada por unanimidade por parte do
    coletivo de juízes desembargadores do Tribunal da Relação do Porto;
  
    c) A forma como
    quando 4 dos 5 jogadores do Rio Ave foram chamados pela PJ do Porto para
      serem ouvidos no âmbito do caso da eventual combinação de resultados, à
      frente de todos, um dos agentes deu ordem para o quinto elemento, o
      jogador RAFA se retirar comentando "Epá este gajo é nosso. É emprestado
      pelo Porto. Podes ir embora."
    Tendo sido afastado do processo, sugerindo que questionem qualquer dos
    outros jogadores que confirmam este episódio.
  
    d) As constantes fugas de informação sofre o caso dos emails ( só no
    processo em que o SLB é acusado), vouchers e a forma como surgiu na
    comunicação social as suspeitas sobre o pretensos jogos comprados com
    envolvimento do SLB;
  
    e) As constantes fugas de informação para o jornalista da Sábado que sabia
    dos timings em que os emails iam ser divulgados nas redes digitais e
    produzia de imediato notícias deles, gabando-se inclusive junto dos seus
    amigos portistas no seu facebook pessoal, antes mesmo de fazer as notícias;
  
    f) O mesmo jornalista que em plena redação disse alto e bom som que a PJ
    estava a chegar à luz e a casa do presidente do SLB, quando das últimas
    buscas em torno do caso que envolve o juiz Rui Rangel, regozijando-se que "é
    desta que o apanhamos";
  
    g) As fugas de informação passadas para o Jornal de Notícias e jornal Record
    sobre os hipotéticos jogos comprados e que foram dadas de forma tão leviana
    que quiseram fazer ligação com o jogo Rio Ave-Benfica da época de 2014/2015
    , não reparando que um desses jogadores estava numa equipa francesa nessa
    altura e um segundo não tinha jogado por estar castigado;
  
    h) As fugas passadas ao jornal Expresso de quem se não se eximia de se
    assumir como fonte da Polícia Judiciária e sempre de teor negativo para o
    SLB;
  
    A DECISÃO SOBRE O PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO AO SLB
  
    Para piorar todo este conjunto de factos e situações que merecem ser
    investigados com todo o rigor, denunciamos que, desde há duas semanas, que o
    núcleo restrito do FCP atrás referenciado, garante e gaba-se em reuniões
    internas da administração do FCP e em contactos com jornalistas que têm a
    garantia de que o processo da PJ que concentrou vouchers, emails e jogos
    comprados que envolve o SLB, concluirá por uma acusação conforme os seus
    desejos, apesar de reconhecerem que era difícil provar algum crime de
    corrupção ou tráfico de influência em concreto.
  
    Afirmam, de acordo até com aquilo que foi passado ao Expresso, de que tinham
    a garantia do tal elemento da equipa da PJ que seria adoptado no relatório
    final a tese de que existia uma estratégia por parte do SLB para controlar
    diversos e fundamentais setores do futebol português, e que tal seria
    provado, não por evidencias concretas, mas através da montagem de uma
    espécie de puzzle com base em diferentes emails, interpretando que tudo
    obedecia a essa orientação e que seria suficiente para defender junto do
    Ministério Público, que existiam indícios de corrupção e tráfico de
    influência desportiva.
  
    Como prova desta tese surge a fonte da Polícia Judiciária que transmitiu
      ao jornal Expresso esta tese.
  
    A mais recente noticia comentada nesse grupo, foi que o tal elemento da
    equipa de Lisboa da PJ teria sossegado os seus colegas atrás citados do
    Porto, que iriam desvalorizar a solicitação do empresário César Boaventura
    para ser ouvido, e também sobre as acusações que ele diretamente começou a
    fazer sobre jogos da mala e nomes da rede de influência que o FCP tem activa
    neste momento.
  
    E que também as eventuais suspeitas sobre o recente jogo Estoril - FCP
    seriam desvalorizadas.
  
    Tendo inclusive realçado que, para desviar as atenções, teria sido dada
    aquela história de que a PJ não descartava a hipótese de uma toupeira
    interna do SLB no caso dos emails roubados, ao Pedro Candeias do Expresso,
    apesar de quem está com esse processo ser daqueles que não gosta de falar
    sobre os processos que tem em mão.
  
    CONCLUSÃO
  
    Todos os factos aqui denunciados podem ser facilmente confirmados. O nível
    de relações promiscuas e de controle de alguns setores e quadros da justiça
    por parte do FCP a Norte, comprova-se pelo escândalo como o representante do
    Ministério Público e o Tribunal de Guimarães omitindo factos provados,
    arquivaram aquele processo, numa decisão sobre a qual o próprio DCIAP quer
    recorrer, quer pela decisão do Juiz que chumbou a providencia cautelar do
    SLB sobre a divulgação dos emails.
  
    Toda a gente no Porto sabe quem são os representantes da justiça que
      costumam frequentar os camarotes do estádio do dragão, pertencem aos seus
      órgãos sociais e têm um longo historial de decisões que ultrapassam
      qualquer lógica sempre que está em causa os interesses de Pinto da Costa e
      dos dirigentes do FCP.
  
    No que se refere à Polícia Judiciária, basta ver a quem, de que forma e qual
    o sentido de todas as fugas de informação sobre o processo dos emails e quem
    que são as fontes das notícias assumidas como exclusivas sobretudo para o
    Expresso, Jornal de Notícias e revista Sábado.
  
    Finalmente, a necessidade de se analisar com rigor, o despudor com que
    responsáveis do FCP comentam e se gabam de viva voz de controlarem o
    processo de queixas que está a ser investigado sobre o SLB e informam com
    antecedência das fugas de informação os seus canais nos media e articulam
    até essas fugas.
  
    Todos estes factos pela sua gravidade merecem uma investigação independente
    e rigorosa porque é a imagem de credibilidade e rigor das instâncias
    judiciais que está em causa, sendo preocupante que elementos da
    administração do FCP com total despudor inclusive passem para dirigentes do
    SCP que têm tudo sob control.
  
    Desta denuncia daremos conhecimento a diversas instâncias, em nome do bom
    nome e defesa do Estado de Direito e da credibilidade das instituições, a
    saber Ministra da Justiça, Secretário de Estado da Juventude e Desporto,
    Procuradora Geral da República, Diretor do DCIAP, Diretor Nacional da
    Polícia Judiciária, Presidente da Federação Portuguesa de Futebol e
    Presidente da Liga Portugal.
  
    Porto, 23 de fevereiro de 2018
  
 



