A honra do Benfica não conta para nada.

Não deixa de ser um sinal dos tempos alguns dos comentários que li no post que continha 2 das escutas do “Apito Dourado”.

Para defender encontros entre o presidente do Benfica e António Araújo, li coisas extraordinárias como que o encontro foi “à vista de toda a gente” o que nem é verdade porque não foi às claras como nada é com Vieira ou que sendo empresário de um jogador que o Benfica quer tem que se negociar com ele mesmo que seja “o demo”.

O mais curioso foi o anónimo que considerou António Araújo “reles e corrupto” mas que no mesmo comentário defende que é do interesse do Benfica negociar com um “reles e corrupto”.

Resumindo as medidas de coacção de António Araújo no âmbito do “Apito Dourado”, nota-se que é uma pessoa de bem e que reflete em todos os aspectos os valores do Benfica. Ora vejamos:

- Proibição de frequentar o Estádio do Dragão ou qualquer casa de alterne onde se pratique prostituição

- Proibição de contactar Pinto da Costa, Augusto Duarte, Jacinto Paixão, Pinto de Sousa e restantes arguidos

- Proibição de contactar quaisquer outros árbitros de futebol, dirigentes do FCP e SAD do FCP, bem como mulheres que se dediquem à actividade de alterne e de prostituição.

Além disso, foi proprietário de 50% daquele grande clube brasileiro fantasma que é o Corinthians Alagoano e foi sócio de Reinaldo Teles numa empresa imobiliária. Tudo coisas transparentes.

Lembro também que um dos jogos em que António Araújo foi envolvido foi o Nacional 3 – Benfica 2. O procurador Carlos Teixeira concluiu que António Araújo estava mandatado para proporcionar “conforto” aos árbitros com vista a condicionar o resultado do jogo e que o mesmo deu o serviço como feito.

Há também uma escuta de António Araújo e Antero Henrique combinando um aliciamento a um observador da Liga.

António Araújo foi considerado um elo essencial entre PdC e o serviço de “deusas”.

Ora, é com esta personagem que se negoceia o jogador Rafa.

Pois um clube que se dê ao respeito nunca mas nunca negociaria com este senhor. Acho piada os argumentos de que nos negócios não há espaço para “ódios”. Pois não, mas há espaço para não alimentar a mão que nos tentou prejudicar(e o conseguiu) através de esquemas como o revelado pelo processo “Apito Dourado”.

O que o Benfica deve deixar claro ao Rafa é que nunca jogará no nosso clube pois o Benfica não negoceia com gente ligada ao processo mais vergonhoso do futebol português. As opções do jogador, se quer mesmo jogar no Benfica, seriam óbvias. Se não o conseguir, paciência.

O Sport Lisboa e Benfica passa bem sem o jogador A ou B ou o nome A ou B.

Como tem sido provado sucessivamente, os nomes passam e o clube prossegue. Aliás, o clube sem os grandes Eusébio, Coluna ou Águas prosseguiu a ganhar.

Luis Filipe Vieira, através das suas vozes de eco, sempre quis para si os louros da eclosão do processo “Apito Dourado”.

Mas que coerência demonstra quem supostamente denunciou o estratagema de aliciamento a árbitros quando se dispõe a negociar com um elemento fulcral desse processo?

Pesa mais a ligação de Vieira aos seus amigos do círculo de confiança de Pinto da Costa?

Pesa mais a ligação de Vieira a Jorge Mendes, outro interessado neste negócio, que a defesa da honra do Benfica?

Pesa mais o dar mais um negócio milionário a Jorge Mendes como contrapartida da abertura ao “mundo chinês” dos sócios do empresário, mesmo quando isso envolve dar dinheiro a inimigos do Benfica? Negociar com eles?

Pelo visto, tudo está acima da defesa da honra do Sport Lisboa e Benfica.