Acrescentando ao texto anterior do
Shadows, mas sem querer fazer disto um grande desacordo (até porque no fundo
até entendo o seu ponto de vista no essencial), acho que a sua leitura falha
quando depois de se explanar um ponto de vista que entendo, se entra em
absoluta contradição ao querer fazer de Gerrard e Luisão casos completamente
diferentes, quando não o são!
Escrever algo como: “O Redmoon
mencionou o exemplo do Gerrard, mal comparado no meu ponto de vista. O
inglês teve um momento onde ambicionou para si poder ter no seu currículo
títulos, o que é perfeitamente legítimo. Mas foi sempre um exemplo de correcção
e amor ao Liverpool.”
Ora bem, para o Shadows, Gerrard querer
sair para o Chelsea porque queria ganhar títulos é legítimo.
Gostava de saber o que o Shadows diria se
o falecido Robert Enke que chegou a estar em casa de Pinto da Costa para
receber uma proposta (está na sua autobiografia), acabasse por assinar pelo
Porto para, como ele diz, “apenas para ganhar títulos” numa altura em
que o Benfica não ganhava nada. Seria legítimo?
Dizer que Gerrard só quis sair para
ganhar títulos é outra meia verdade.
É que só a título de exemplo,
o ano passado, o tal “amor” de Gerrard ao Liverpool era pago a 140000 libras
por semana! E para se ter ideia da dimensão desse “amor”, o segundo jogador
mais bem pago do Liverpool, Glen Johnson, era pago a 90000 libras por semana,
quase metade do “amor”! É este o tipo de “amor” de que o Shadows fala?! Sem
140000 libras na conta todas as semanas, em que clube estaria Gerrard a “fazer
o amor”?!
Dizer que Gerrard foi sempre um exemplo
de correção e amor ao Liverpool, ok, eu não digo que não tenha sido, mas também
não percebo onde é que também para Luisão alguma vez tenha deixado de ser esse
o caso, em troca de um ordenado condizente com a sua ambição, evidentemente,
tal como foi para Gerrard!
Diz o Shadows depois, e eu entendo a
ideia embora acabe depois por discordar em alguns pontos:
“Heróis são os adeptos.
E os jogadores nunca hão de ser dos nossos”
Ora bem, heróis são os adeptos, ok… mas
não todos. É igual aos jogadores! Há muitos adeptos do Benfica, tipo aqueles
que atiram petardos nos estádios, lançam pedras no Marquês ou devolvem
camisolas que jogadores como Luisão (sempre um excelente profissional mesmo
quando o Benfica perde) atiram para a bancada, há muitos desses adeptos do
Benfica que eu preferia que fossem adeptos de outro clube qualquer!
Quanto ao facto dos jogadores
nunca hão de ser dos “nossos”, também tem muito o que se lhe diga... Por muito
que se queira reduzir o Benfica aos adeptos, ao cimento e à Águia Vitória, a
minha ligação acaba mesmo por ser em relação aos jogadores, enquanto cá estão
pelo menos, e enquanto nos representam com o que de melhor têm.
Muitos jogadores são também
sócios, e muitos deles até pagam quotas desde o dia em que nasceram. Acontece apenas
que durante 12 anos da sua vida outros valores se levantam e o profissionalismo
fala mais alto. Ou o Shadows, se agora tivesse a hipótese de ir para o Dragão
trabalhar como Treinador de Guarda-Redes a troco de 60000 euros ao mês diria
que não?!
Ou quer-me o Shadows dizer
que os jogadores são todos uns mercenários, e somos nós os adeptos que somos
todos muito dedicados e muito sérios?!
Quanto ao amor à camisola que havia antes
dos anos 90 também tem muito que se lhe diga: Havia amor à camisola sim, mas
porque não havia muito dinheiro no jogo...
...Ou a matéria de que se faz um Eusébio,
um Coluna ou um Vítor Paneira é diferente da matéria de um Luisão ou um
Gerrard?! Havendo dinheiro a rodos naquela altura como há agora, e esses três
jogadores que referi acima seriam referencias de quê e de quem?! Do Benfica não
seriam certamente!
No fundo pois, compreendo o Shadows no
aspeto em que temos sempre de estar preparados para o momento em que os
jogadores nos traem da forma mais feia que há, mas isso é o futebol que temos,
cá e em todos os locais do planeta...
Ou o aceitamos como é, mas percebendo
também que apesar disso tudo as referencias dos adeptos hão de sempre ser os
jogadores e não o cimento, ou então o melhor é mesmo direcionarmos a nossa paixão
para outra coisa qualquer.
De acordo com tudo.
ResponderEliminarResposta perfeira...O Luisão para mim merece todo o respeito...Obviamente que tem que orientar a parte financeira...Quando acabar a carreira tem que ter o seu pé de meia acautelado...é perfeitamente legitimo...e condenar isso é viver noutro mundo.
O futebol é uma paixão e sendo assim é completamente irracional...
ResponderEliminarTodos têm a sua razão... Há sempre argumentos contra e a favor, basta pegar numa ou noutra ponta do novelo...
Um abraço aos dois
Uma das coisas boas deste Blog é mesmo o "Pluralismo Ideológico", embora às vezes pareça mais uma casa de tolos ;)
ResponderEliminarAquilo que penso é que jogadores como Baresi, Maldini, Totti, Del Piero(esteb poderia ter saido quando a Juve foi para a segunda e nem mesmo assim saiu), Gerard, e mais haverá, já não falo de outros de outro tempo e em que o mercado funcionava de outra forma, se calhar melhor que hoje, mas isso´são outros 500, mas dizia esses jogadores em condições salariais identicas ou mesmo ligeiramente inferiores nunca sairam dos clubes pelos quais jogaram ou jogam, claro que são bem pagos, ao nivel do melhor que cada clube paga.
ResponderEliminarDepois tambem tem a ver com o momento que os clubes atravessam, se estão em ciclos bons ou não, o factor desportivo tambem tem influencia, por exemplo Baresi e Maldini iam sair para onde? Depois os jogadores italianos por exemplo não são muito dados a sairem de Italia, agora com o mercado como está, tem saido mas os melhores italianos apenas saem mesmo no final da carreira e não são todos
A diferença por exemplo para o Luisão, que era de quem se falava, é que os que falei são todos eles grandes jogadores, e Luisão é um jogador normalissimo, logo isso faz toda a diferença quando se trata de mudar de clube, dos que jogaram com Luisão, sairam Ricardo Rocha, menos jogador mais saiu para Inglaterra, David Luiz, Garay, ou seja sairam todos os parceiros que Luisão teve na sua já longa carreira pelo Benfica, talvez queira dizer alguma coisa, outro pormenor é que Luisão como falou o Shadows raro foi o ano que não fez birra e a chantagear com a saida caso não lhe dessem mais dinheiro. Na minha opniºão Luisão jamais pode ser dos mais bem pagos, porque simplesmente não tem qualidade para isso, jamais poderia ganhar o mesmo que um Di Maria, Aimar, quer ele goste ou não, e dos jogadores que apontei nao se viu muito essa situação.
Agora Luisão tem o seu valor, não é toda a gente que joga num clube mais que uma decada, tambem tem que se gostar, e quer se queira quer não ele conseguiu por merito dele o seu lugar na historia do Benfica, se é um simbolo do clube, sim pelos anos mas pela qualidade enquanto jogador para mim não é
É importante este debate, até porque andavam aí uns esquecidos a propor o Paulo Sousa para treinador, colocando uma suposta competência à frente de outro tipo de valores.
ResponderEliminarE a questão é mesmo valores.
Ninguém vive de vitórias morais, a não ser os calimeros. Por isso não sabem ganhar.Nem perder.
Mas há que perguntar o seguinte, equipas portuguesas tal como o nosso país, não tem a mínima hipótese de competir no quer que seja com as equipas lá de fora, neste aspecto financeiro.
Quando te perguntam, amigos estrangeiros do Quebec, porque és do SLB e não do SCP, o que respondes? É só por causa da cor?Da História?
Ou existe algo além disso que te leva a ser de um clube? O SLB sempre foi identificado como clube democrático, do povo humilde. Isso, certo ou não, são valores não monetários. Há que distinguir pois hoje em dia ninguém pensa em mais nada. Os calimeros gostam de pensar que são aristocracia, uma espécie de nata que se diferencia dos restantes.
Os do FCP gostam de pensar que são protestantes contra o centralismo de Lisboa e pacoviamente representam uma pureza rácica e cultural inexistentes senão na miséria que origina essas ideias.
Ou seja, e passo a generalização, os clubes, como qualquer instituição têm um valor simbólico e ideológico.
No tempo em que o dinheiro é valor absoluto, os outros piam mais baixo.
Não podes é reduzir o futebol a isso, muito menos um clube.
« Quanto ao amor à camisola que havia antes dos anos 90 também tem muito que se lhe diga: Havia amor à camisola sim, mas porque não havia muito dinheiro no jogo...»
Não concordo com isto, por dois motivos, um porque aposto que não estavas lá e estás a falar só de suposição, outro porque o jogador é um ser enquadrado espacio temporalmente, tem uma cultura e absorveu valores extra futebolísticos, um jogador do River Plate acha-se diferente de um do Boca Juniors com tudo o que isso acarreta.
Reduzires tudo a uma questão de dinheiro, é passo a redundância uma redução absurda.
O futebol não é uma paixão, é um jogo de treta massificado, 22 gajos atrás de uma bola. O que é a paixão é o frenesim tribal em que alguns se deixam entrosar.
Tudo isto faz sentido, mas tambem nao eh preciso grande ciencia para analisar estas situacoes. Como a qualquer pessoa, o dinheiro faz falta para certas pessoas o dinheiro eh o mais importante para outras nao, mas o dinheiro eh sempre algo a ter em conta.
ResponderEliminarNos podemos estar muito bem num sitio a trabalhar onde gostamos mas se nao te sentires valorizado, vais desanimar e vais querer procurar um sitio em que valorizem o teu profissionalismo.
O Luisao se se sentir valorizado vai olhar para o coracao tal como o Gerard, agora imaginem o Gerard, um jogador top mundial sabendo que tinha qualidades para jogar em qualquer equipa, eh obvio e eh justo que o seu clube do coracao faca tambem tudo ate pela consideracao que devem ter por este tipo de jogadores. Acho muito bem que o Liverpool tenha agarrado um adepto da casa com a qualidade que tinha, ou andamos aqui a formar jogadores para que? Para fazer deles moedas de troca? Se eh para isso podem meter o Seixal no esgoto.
Foi o que aconteceu com o Maxi, se o Benfica fosse capaz de oferecer o mesmo que o Porco ofereceu sem duvidas que ele continuava, se o Benfica nao concordou em dar eh porque nao eh assim tao "Simbolo", porque a um "simbolo" deve se dar o valor que merece. Basta imaginarem se fossem voces.
Nos dias de hoje, o melhor que o futebol tem são os adeptos e a bola.
ResponderEliminarE, mesmo assim, já há adeptos culambistas que aspiram a um dia terem um tacho qualquer no seu clube ou, ao mesmo nível do que assistimos na política, terem um qualquer tacho num instituto ou num centro de formação que lhes deposite 3 ou 4 mil euros por mês na conta e há bolas produzidas em laboratório no sentido de privilegiarem um qualquer esteriótipo de jogo.
Sabendo nós ao que vêem muitos presidentes directores e treinadores, não me admiro nada que os jogadores, que dão o cabedal no relvado, achem que também tem direito a um bom bocado do naco!
Daí os "Luisões" os "Gerrards" e, veja-se, até o azeiteiro, cheio de "amor" pelo lagartedo, não descurou a parte do "graveto"!
Ou, como dizia alguém com bom senso, "estão todos uns para os outros!"
Daqui, levam, para além do Amor incondicional ao Sport Lisboa e Benfica de Cosme Damião,..... zero!
Boa Red.
ResponderEliminarComo é obvio a qualidade tem de ser paga. Se o jogador atinge um nível que lhe permite pedir um aumento e algum outro clube lhe paga só há duas opções... sai ou recebe. è assim com todos... e agora vai começar a ser com os da formação! Conforme ias dizendo (e alguns concordando)... se os jovens da formação forem realmente bons vão sair na mesma como saiam os estrangeiros com a diferença que com os estrangeiros maduros não tínhamos de os fazer crescer e levar com as suas dores de crescimento. Simples.
Comparar Gerrard e Luisão não faz sequer sentido. Adoro o Luisão, tenho todo o respeito por ele e acho-o um excelente jogador, mas nada que se compare ao Gerrard. O Gerrard teve imensas oportunidades para sair do Liverpool a troco de mais dinheiro e de títulos (começando pela Premier League que podia ter ganho no Chelsea e acabou por nunca ganhar) e escolheu sempre o clube do coração. Independentemente daquilo que lhe pagavam (e obviamente teria de ser o mais bem pago do clube até porque era o único ali que lutava mesmo quando estavam a perder e jogar miseravelmente) ele podia ter jogado onde quisesse e não o fez. O Luisão, que eu saiba, nunca teve uma proposta de um José Mourinho, ou teve?
ResponderEliminarInclusive este ano, quando saiu do Liverpool, teve propostas para jogar na Europa (do Monaco, Besiktas e até de clubes da Premier League) e não o fez para não correr o risco de defrontar a sua equipa, e não acredito que no Monaco lhe pagassem menos que nos LA Galaxy. Dizer que isto é jogar por dinheiro...
Provavelmente se o Shadows ganhasse 10 milhões por época, e o Porto oferecesse 13 milhões, acredito que não ia. Eu pelo menos, de certeza.
ResponderEliminarAgora a questão do Gerrard, há uns pontos que gostaria de referir, até para acabar com esta argumentação inválida por parte do Redmoon.
Primeiro, Gerrard foi de longe, de longe o melhor jogador do Liverpool durante a sua carreira futebolística. Apenas houve uns anos em que Suarez e o Owen dividiram o trono com o inglês. De resto, Gerrard era, muito claramente, o único fora de série do clube- vendo esse gráfico, é até desrespeitoso Glen Johnson sequer aproximar-se do inglês em termos remunerativos. Se era o melhor jogador por longa distância, só poderia receber muito mais que os seus colegas de equipa. Lógica do 1 mais 1, aqui.
Depois a questão da wikipédia e dos 140 mil libras que consideras imenso... amigo Redmoon, Gerrard nem figura no top 10 dos mais bem pagos da Liga Inglesa em 2014, havendo jogadores ainda a ganhar praticamente o dobro que ele. Agora pensa o que é ganhares 140 mil, e amanhã teres clubes dispostos- é que não tenham dúvidas- a pagar o dobro para o ter na equipa....arrisco que em 100 jogadores, ter-se-ia um caso singular!
Redmoon, como podes constatar, esquece essa treta dos 140 mil, esquece essa comparação incomparável com Luisão, esquece tudo! Gerrard é intocáve! É símbolo, lenda, glória de um dos clubes mais prestigiados do mundo. RESPECT!
A afirmação que Enke e empresário foram a casa PC é falsa! A verdadeira história é esta!
ResponderEliminar"A primeira proposta chegou em Janeiro de 2002, seis meses antes do final do contrato com o Benfica. O FCPorto queria contratá-lo. “Sou Benfiquista, não posso mudar-me para o FCPorto”, disse Enke. Mas a oferta era demasiado boa para se recusar dez milhões de euros líquidos por um contrato de 3 anos. “Não posso fazer isso”, repetia Enke.
“Mas são dez milhões de euros líquidos, uma quantia exorbitante. Só precisas de assinar e não tens de te preocupar mais com o teu futuro”, disse o agente e amigo Jorg Neblung. Eles estavam de acordo, pelo menos nunca coisa, podiam encontrar-se com Pinto da Costa. O presidente estava à espera deles numa moradia vazia em Cascais.
O intermediário pessoal de Pinto da Costa – uma espécie de agente especial sem cargo específico no FCPorto, que era enviado para este tipo de operações, abriu-lhes a porta. O presidente tinha um fato escuro e óculos sem armação e estava sentado numa poltrona de pelúcia. Não ofereceram qualquer bebida, nem mesmo um copo de água. A luz estava acesa. As persianas estavam fechadas. “Parecia que estávamos a fazer uma entrega de droga”, recorda Neblung. O agente começou por agradecer a proposta. Robert Enka fez a tradução. Pinto da Costa respondeu em português. “Dez milhões? Mas quem é que falou em dez milhões? Nunca falámos em qualquer montante”. O intermediário que apenas duas semanas antes tinha apresentado aquela proposta permanecia sentado, impassível e sereno.
Robert Enke e Neblung trocaram um olhar, como que a confirmar o que ambos estavam a pensar. Aquela proposta ilusória tinha sido uma forma de os trazer à mesa das negociações. “Nós viemos aqui presumindo que íamos discutir uma proposta de dez milhões, mas parece que nos convidaram usando pressupostos falsos”, disse Neblung. Pinto da Costa pediu calma, disse que apresentaria uma oferta que iria deixar Enke “muito feliz”. “Desculpem”, continuou Neblung, “mas como os pressupostos prévios foram alterados não poderemos continuar a negociar”. Pinto da Costa ainda disse uma coisa em portugês a Robert Enke, “Se assinarem pelo FCPorto guardaremos segredo até ao final da época. No dia da apresentação da equipa aparecia de surpresa no Estádio do Dragão”. Dois dias mais tarde, de facto, chegou uma proposta assinado pelo FCPorto. Claro que não se tratava de dez milhões de euros. mas fora sem dúvida a proposta mais lucrativa que ele alguma vez tinha recebido. “Não vou atraiçoar o Benfica por causa de dinheiro, mais vale jogar noutra equipa qualquer por menos dinheiro”, disse Robert.
60000 euros e treinar os guarda-redes do porto...nem por todo o dinheiro do mundo treinaria neste clube.
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