Portugal, 13 de Julho de 2012
Por último o Andebol. Mas antes um pequeno esclarecimento porque já me apercebi que alguns leitores não conseguem chegar ao fim do texto, local onde este destaque talvez se enquadrasse mais. Esta série de textos vem na sequência de uma análise semelhante que fiz em Junho do ano passado, precisamente com o mesmo título. Foram publicados quer aqui no NovaGeraçãoBenfica quer no Basta (ver nos arquivos respectivos).
O que quer dizer que não estou a escrever para ocupar espaço, mas para continuar essa tradição. E deste modo tenho a mesma atitude: tentar perceber porque se perdeu, para no ano seguinte se poder ganhar. Tentar perceber porque se ganhou, para no ano seguinte não se perder. É uma atitude que expresso com frieza, calculismo e por vezes desprovida de sentimentos, admito. Mas desde que fiz uma cilada aos meus pais, com 10 anos, para descobrir que afinal o Pai Natal não existia, nunca mais passei a confiar no que se diz e no que se conta.
Retomando o tema, o Andebol é uma modalidade que me parece injustiçada pelos “deuses” do desporto. Todos os anos se trabalha bem, percebe-se haver ali uma equipa que é como uma família, os profissionais são bons, mas esta época não se ganhou nada.
Interpreto esta época como um castigo. Um castigo que se seguiu à destituição do treinador que “perdeu a Taça Challenge e ficou em 4º no campeonato”, e tinha ganho a Taça e a Supertaça. É pá, mas falhamos no campeonato, perdemos a final da Challenge e pronto, no Benfica é assim: o treinador perdeu, tem que sair. Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga... diz o povo e com razão.
Se há modalidade onde se comprova que o sucesso nas modalidades amadoras do Benfica acontece por sortilégios mais do que por competência e estratégia adequada de quem lidera (observação não direccionada a João Coutinho), o Andebol é exemplo.
Mudamos quase tudo, reforçamos o plantel com 2 ex-jogadores do FCP, despedimos o treinador, contratamos outro treinador com curriculum conquistado a norte e voltamos a ficar em 4º lugar com a diferença que este ano, não ganhamos qualquer dos troféus que ganhamos na época passada! Foi uma decisão inteligente a mudança de treinador? Para mim não foi.
Qualquer semelhança com o Futebol não é pois mera coincidência. Aqueles que pugnaram durante a época passada pela destituição do treinador Jorge Jesus, pelas mais fúteis razões e motivos, arriscavam-se a ter como herança um resultado pior na época seguinte. Como no Andebol.
É por causa destes paralelismos que sou por regra, contra a destituição do treinador. Porque normalmente não é o treinador o principal factor que explica o insucesso da equipa, como bem se provou no Andebol.
Podíamos dizer que seriam os jogadores, mas também não vou por aí. A qualidade dos jogadores do Benfica é elevada e comprovada pelo número de presenças na Selecção nacional. A questão é que podem meter toda a equipa do FCP no Benfica e levar a equipa do Benfica para o FCP, que quem continua a ganhar é o FCP!
Estou a ser duro? Não! Estou a ser realista. O FCP tem vários factores superiores aos nossos. Desde logo têm “melhores” arbitragens e ganham alguns jogos com isso. Jogos que dão pontos e níveis motivacionais superiores (quem perde pouco tem mais confiança em si próprio e no conjunto, logo torna-se mais forte). Já nós no Benfica não temos boas arbitragens, no sentido de vermos aplicadas as regras de jogo como elas são. Nós temos más arbitragens, como se viu no jogo de Alvalade, a feijões, mas que deu o 3º lugar ao SCP. A forma como Carlos Carneiro foi expulso a 8 segundos do fim, é de bradar aos céus. Só depois o SCP marcou o golo da vitória que lhe deu os 3 pontos. Mas houve mais, as tais coisas difíceis de explicar, nas palavras do treinador Jorge Rito. O “difíceis” aqui deve ser equiparado a uma “figura de estilo”...
Depois há outros factores como sejam a passividade da Direcção perante os atentados de arbitragem que se vêem semana a semana, e o próprio modelo de jogo pouco inspirado nos princípios defensivos mas mais nos atacantes. Somos Benfica e essa opção é quase genético. Um factor que condiciona negativamente, mas são os genes que temos e que poucos querem debater...
Neste contexto ser campeão, só por milagre. Vamos acreditar que os milagres existirão na próxima época...
Termino esta série de textos, agradecendo as criticas construtivas e algumas correcções que os textos anteriores tinham. Os textos poderiam seguramente estar mais bem escritos se eu fosse de facto melhor escritor (e não sou) ou se os pudesse guardar de um dia para o outro, para os corrigir com profundidade. Coisa que também não tenho podido fazer nestes dias em que os companheiros de escrita estão de férias.
ResponderEliminarPortanto cometi alguns erros, mas não na forma de pensar. Apenas nos detalhes. Sou bastante exigente comigo no que faço diáriamente, mal seria que andasse aqui a facilitar com quem no Benfica, em particular na Direcção, não tendo salário mas a fortuna aumenta colossalmente (ao que dizem algumas publicações), sem se perceber lá muito bem como.
A cassete do profissionalismo que agora existe no Benfica, tal como a cassete do milagre económico são vectores de uma estratégia que não se destina a tornar o Benfica melhor. Mas sim governado pelos mesmos e com a ideia que não há alternativas.
Não dou para este peditório...
Nas modalidades penso que se estar a trabalhar bem, mas podia trabalhar-se melhor e corrigir certos aspectos.
EliminarEu saúdo o teu trabalho de reflexão. Concordando ou não com o que escreveste, penso ser útil o balanço e consequente debate.
Quanto a cassetes, a mim também não me convencem, embora reconheça melhorias significativas e trabalhos de base, em especial nas modalidades atletismo e basquetebol.
No hóquei em patins e no futsal, espero com optimismo que os erros tenham sido interiorizados e que pelo aumento de competência possamos repetir os títulos. Convém começar um trabalho competente nos escalões de formação para assegurar êxitos futuros.
No andebol e no voleibol acho que estamos longe do sucesso, embora as dificuldades económicas possam vir a fazer pender os sucessos para o nosso lado.
Alternativas há sempre enquanto existirem sócios. Insubstituíveis só no cemitério, pois presidentes, directores, treinadores e jogadores passam e o Benfica continua. é assim há 108 anos e espero que continue por mais 108.
Sobre o Andebol não poderia ter uma opinião mais diferente.
ResponderEliminarNo início da época o Alberto Minguéns fez um post a elogiar a equipa de Andebol e a antever sucessos. Eu na altura alertei para aquilo que achava serem as fragilidades da equipa. Mas pior que isso, constatei que à semelhança do Professor José António Silva, o Jorge Ritto também não era treinador para o Benfica. Visses o jogo que eu vi em casa contra o Madeira SAD e perceberias o que quer dizer. A falta de atitude dos jogadores, a descrença na vitória ainda na 1.ª parte, um treinador que é incapaz de pedir um minuto, gitar com os jogadores e exigir outra atitude levaram-me a compreender que nunca teríamos um final feliz.
Fernando Tavares na sua entevista não explicou porquê, mas assumiu o despedimento do Donner devido aos conflitos com a generalidade do plantel. Pior que isso, assumiu que o voltaria a fazer. À semelhança do que se passou com o Mortimore e o Hagan que eram odiado pelos jogadores, devem as direcções fazer entender aos jogadores que jogadores jogam e treinadores treinam e quem não está bem vai-se embora em vez de despedir os obreiros do êxito.
Vou esperar por ver os novos reforços em acção, penso que o Dario Andrade seja ponta-esquerda e a ser assim, teremos resolvida uma lacuna do nosso plamtel que existe há anos. Os 2 jogadores que vieram do Porto no ano passado são já um pouco velhos e se calhar não asseguram intensidade em quantidade como o fizeram durante vários anos.
O Pedroso nunca se afirmou, o Tavares por vezes tem paragens cerebrais.
O nosso ponto mais forte era o Candeias e o Carneiro e foi para esses 2 lugares que o Ritto quis ir buscar jogadores.
Como disse, espero para ver os reforços e que a falta de grana condcione os lá de cima, mas atenção, no ano passado não ficámos em 2.º, nem no ano anterior. Mais, os grandes jogadores do Madeira SAD foram para o Porto.
Sinceramente, acho que falta liderança no andebol, mas vou esperar pelos primeiros jogos para perceber o que vale a equipa.
Quanto ao professor José António Silva, pegou num grupo campeão e deixou que os lá de cima fossem tri-campeões, pelo que o valor dele não é assim tanto como se apregoa. Os lagartos ganharam a Challenge e não é por isso que puseram em causa o domínio nortenho.
As competições europeias como a Challenge, a Cers ou a Liga Europa, incluem normalmente as equipas que não são do topo, eplo que sendo mais fácil ter bons desempenhos que nas Ligas dos Campeões, onde os tubarões abundam, não são indicativos exactos do valor da equipa, pois depende um bocado da sorte do sorteio