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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Falta clamor público

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Ainda relativo à recente entrevista de António Oliveira (AO) e contíguas reacções, vimos assistindo ao paulatino assassinato público do ex-seleccionador. Tal era aliás expectável, não fosse por um lado AO ser um alvo fácil de atingir, e por outro os visados terem uma máquina de propaganda ao seu dispor, capaz de triturar quem lhes faz frente. Um ex-presidente do Benfica que o diga.

Não sendo alheio a entrevista poder dar azo a uma contraproducente polémica capaz de mais uma vez beliscar a «indústria» do futebol e o seu 'novo' modelo, as impertinentes inconfidências vêm assim sendo tratadas com pinças, desencantando-se no meio do silêncio conivente da Comunicação Social alguns alinhados pontas-de-lança que, dentro das suas competências, se debruçam sobre a descredibilização de AO.

Quanto à entrevista propriamente dita, compreende-se que AO não podia ir mais além. Tal seria ao fim ao cabo um suicídio cometido por quem se agarra com unhas e dentes aos seus méritos enquanto treinador e seleccionador nacional. Além do mais, o alvo não era o FCPorto, tão pouco o Sistema, mas somente a Olivedesportos. Contudo, aparte o ziguezague de quem não quer beliscar quer a «hegemonia portista» quer a sua carreira, e deseja simultaneamente dar a conhecer certos meandros do futebol português – uma dicotomia que confere alguma subjectividade às declarações de António Oliveira -, tal não invalida que se devam isolar declarações passíveis não só de profunda análise, mas também de... intervenção pública.

Já em 27 de dezembro de 2010, em entrevista cedida ao jornal Record, AO defendera que "A má gestão, a ambição desmedida, a megalomania, a falta de visão da FPF e da Liga na organização das competições pode desembocar na desintegração de mais clubes. Só não aconteceu ainda porque o FMI do futebol, a Olivedesportos, tem impedido o desenlace fatal.(...) Se fosse candidato era muito provável que não agradasse e fosse reprovado pelos lóbis."

Quase um ano depois – concretamente em 12 de Dezembro de 2011 - AO voltaria à carga numa das suas crónicas no mesmo orgão. Sob o título «Carta aberta ao futebol», AO debruçou-se sobre o fenómeno da corrupção enquanto problema transversal da sociedade portuguesa, incluindo o futebol como parte envolvida; «a corrupção existe em Portugal e o futebol por muito que nos custe, também é um terreno fértil para estas práticas. Inverter este mal só será possível com a chegada de um líder capaz de desenvolver a modalidade com uma visão de futuro, através de uma atitude transparente e com um projeto que envolva todos os intervenientes em torno do mesmo objetivo. É por isso que defendo que a Federação Portuguesa de Futebol deveria ser liderada por pessoas idóneas, sem segredos e capazes de resistir a pressões e solicitações dos mais variados quadrantes, servindo os interesses do futebol nacional. Mas estou em crer que nada disso aconteceu.»

Desta feita, em entrevista à RTP Internacional e com tempo de antena pós-Clássico Sporting-FCPorto, AO extravasou os limites ao traçar analogias como «Não é sorteio, eles não metem uma bolinha como na Taça de Portugal, quente e fria(...)», ou ao tecer considerações como «Não é uma eleição, é colocar pessoas.(...) O presidente da Federação é colocado por um lóbi fortíssimo que existe em Portugal. «O presidente da Liga é colocado na Liga por interesses do lóbi que domina o futebol em Portugal. Quem? A Olivedesportos, obviamente (...) Tal como o anterior [Gilberto Madaíl] que foi metido pela Olivedesportos, este é o substituto, um continuador, um homem de mão da Olivedesportos.»

É de facto pena que não se aproveite a dádiva, até parece que é todos os dias que vemos denunciados num estúdio televisivo Tráfico de influência e Corrupção desportiva. E com nomes e tudo...
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1 comentários

  1. O grande ressabiamento de AO é terem-lhe prometido o apoio para presidente da FPF e terem virado o bico ao prego. A grande azia dele vem daí.

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