As próximas épocas já começaram

Ainda há um título para ganhar, sim. Um título que pode e deve entrar para a história do Benfica e que só a vitória se exige nos três jogos que faltam, dado que esta época, para o Benfica são apenas mais três jogos. Nada mais que isso.

Se o Vieira saísse do seu casulo onde tudo corre bem e se desse ao trabalho de ouvir os benfiquistas, saberia como se vê na sondagem ao lado que os benfiquistas querem que as coisas mudem. Ou muda-as ele, ou os benfiquistas terão que mudar de presidente.

Mas mesmo que se consiga «salvar a época» com a Liga Europa, é bom que Vieira não transforme como habitual essa conquista num «balão de oxigénio» e se esqueça de mudar o que tem que ser mudado.

Não interessa agora falar dos jogadores A ou B, se vem realmente o Nolito ou se o Taiwo preferiu o Milan. Pode até vir o Messi, que nada vai conseguir mudar. O que me preocupa é o que tem que ser melhorado e não com quem isso vai ser «escondido em campo». É preciso então... Sentir o Benfica

O GB já fez aqui alguns tópicos a «por o dedo na ferida» sobre o quanto falta a paixão pelo Benfica no nosso clube. Doa a quem doer, isso é uma verdade cruel. Eu prefiro claramente ter no Benfica aqueles que sentem o nosso clube do que aqueles que todos dizem são os melhores profissionais do mundo na sua área. Ou querem ver que não há benfiquistas sérios e competentes?

Já todos sabemos que por personalidade ou por interesse, o Vieira não é esse apaixonado pelo Benfica. Nunca o foi, nunca o será. Sempre foi, sim, apaixonado pelo atingimento de metas quase sempre não desportivas e, honra seja feita, atingiu-as quase todas. Mas isto é de um clube desportivo que estamos a falar e não nos contentamos com isso.

No Benfica falta mais gente com o ADN de Rui Costa, Nuno Gomes ou Rúben Amorim, de Sheu ou Pietra, de Henrique Vieira ou José Jardim, de Carlos Lisboa ou João Coutinho, de Rui Cunha ou Rui Gomes da Silva entre muitos outros.

Ou se termina de vez com a «feira de vaidades», a vontade de protagonismo e os interesses pessoais que populam o Benfica hoje em dia, ou andaremos ano após ano a lamentar-nos porque raio os outros lá em cima nos ganham consecutivamente.

O actual problema de mentalidade que se vive no Benfica, que constantemente nos faz tremer nos momentos mais decisivos, deve-se em grande parte à falta de organização e fragilidade iminente que existem no Clube. Parece haver sempre «algo por tratar», algo deixado ao acaso...

Ninguém é perfeito. Luis Filipe Vieira não é, como Rui Costa ou João Coutinho não o serão, mas estes dois, na liderança do futebol e modalidades respectivamente, têm claramente mais a dar ao Benfica do que o modelo actual que, já todos percebemos, está esgotado.

Eu discordo em absoluto de uma ruptura directiva. Não faz sentido começar tudo de novo, aparecer agora um novo candidato do nada que esteve calado e ausente todos estes anos, para agora ser o novo Vieira, ou seja, ele sim seria o «Salvador da Pátria», que o Vieira seria o «novo malandro», enfim seria mais um...

Contudo, na minha perspectiva chegou o fim da linha para Luis Filipe Vieira, Domingos Soares Oliveira e Paulo Gonçalves. Cada um à sua maneira fez o melhor que soube e pôde pelo Benfica, mas acho que todos percebemos que não chega, que não têm o necessário «ADN Benfica» - principalmente Domingos Soares Oliveira e Paulo Gonçalves.

Na minha opinião, a solução passa por Luís Nazaré ou Rui Gomes da Silva na presidência. Uma solução de continuidade, mas num estilo diferente, mais sentido, mais... Benfica.

Se as modalidades estão bem entregues a João Coutinho e Carlos Lisboa, respectivamente Vice Presidente e Director Geral para as modalidades, já o futebol tem que ficar entregue a alguém do futebol: Rui Costa, Humberto Coelho e Nuno Gomes respectivamente para Presidente da SAD, Director Geral do Futebol (profissional e formação) e Coordenador Operacional do Futebol Profissional juntamente com Sheu Han. Na formação, o Coordenador Operacional do Futebol de Formação seria João Santos, actual treinador dos juniores e responsável pelo projecto do modelo táctico único «aproveitado» pelo Armando Carneiro que na minha opinião está a mais a partir do momento em é também empresário FIFA e tem uma empresa para tal - conflito de interesses óbvio.

O Benfica não pode nunca mais ser gerido, liderado ou influenciado por departamentos não desportivos, como foi o caso do Financeiro e do Jurídico que têm tido uma influência, na minha opinião negativa nestes últimos anos. O saldo, no futebol principalmente, é claramente negativo.

Não estou a defender a saída de Luis Filipe Vieira antes do final do seu mandato em 2012. Estou a defender é a que seja feito um trabalho de transição nesse sentido, já desde o final desta temporada, para voltar a re-centrar o Benfica num clube desportivo, com objectivos desportivos e ambições desportivas em primeiro lugar. Tudo o resto deve ser construído em torno dessas conquistas desportivas.

Mesmo nos planteis do Benfica temos que estabelecer níveis de construção para podermos garantir todos os índices necessários ao sucesso (Mística, Experiência, Potencial e Juventude):
» Jogadores de base - mais experientes (acima dos 26 anos), com mais de três anos no plantel, constituindo 1/2 do plantel, com objectivo de permanência no clube.

» Jogadores de potencial - mais jovens (até aos 24 anos), com permanência no clube ligada à conquista de títulos, com objectivo de realizar mais-valias financeiras, constituindo 1/3 do plantel.

» Jogadores da formação - dois a três novos jogadores por ano ou de dois em dois anos, com evolução em função da sua qualidade e potencial para um dos dois níveis acima.

Em resumo, o problema não está nos jogadores, nem nos treinadores. Acho que os últimos 20 anos já deram para perceber isso (foram 22 treinadores e muitos, mas muitos jogadores).

O problema também não está em Luis Filipe Vieira porque o presidente foi responsável por algumas acções e projectos não-desportivos importantíssimos no Benfica. Tudo tem o seu momento e foi um presidente muito importante num momento onde precisámos claramente de alguém como ele.

Só que o Benfica, graças a esta equipa de gestão, mudou - É certo que desportivamente, pelo caminho perdeu-se muito mas muito tempo e dinheiro, mas o saldo é positivo apesar de tudo. Porque o Benfica mudou é hora de dar ao Benfica o que o Clube agora precisa mais para dar o passo seguinte e acho que a solução está no que propus acima.