Roger Schmidt e o mundo encantado do "está tudo bem"

"Não falhou nada hoje", "Estivemos bem" e "Acho que fizemos um jogo muito bom" são algumas das frases que Roger Schmidt disse ontem na conferência de imprensa pós empate com o Rangers (2-2).

É verdade que o Benfica de ontem foi claramente melhor do que aquele que disputou o clássico no passado Domingo (fazer pior também era difícil), porém afirmar que a equipa jogou bem e que nada falhou é um completo exagero. Os dois golos sofridos, fruto de uma defesa adormecida, e o não aproveitamento das oportunidades criadas são prova de que realmente muita coisa falhou. Tivesse havido eficácia na finalização e não tenho dúvidas de que a história seria outra e o Benfica partiria para a Escócia numa posição bem mais confortável do que aquela em que atualmente se encontra. 

Custa-me perceber como é que Schmidt olha para o jogo de ontem e consegue tirar tais conclusões. Terá ele visto aquilo que nós também vimos, mas não o quis assumir? Ou viverá o treinador alemão numa ilusão? Talvez por isso o Benfica vá somando exibições tão pobres mesmo tendo um plantel capaz de fazer bem melhor...

Estas declarações do treinador acabaram por contrastar com as de Otamendi que afirmou: "temos de sair desta situação de merda em que lamentavelmente estamos". Não podia estar mais de acordo com o capitão. E esta diferença de postura mostra que não é só em campo que há falta de ligação, mas também fora dele, essencialmente ao nível da comunicação. Não é preciso ir muito longe para perceber que este não é um caso isolado. No final do clássico, após uma humilhante derrota, Roger afirmou que não tinha que pedir desculpa aos adeptos, mas o seu presidente Rui Costa disse precisamente o contrário ("Peço desculpa as benfiquistas. Foi uma noite desastrosa"). Mas afinal estamos ou não estamos todos no mesmo barco a remar para o mesmo lado? Quero acreditar que sim, porém esta comunicação nada alinhada só causa ruído desnecessário. 

Aos três e aos restantes só peço uma coisa: união! E passem essa imagem cá para fora. A partir daí, se lhe juntarem raça e ambição, e puserem as teimosias de lado o final só poderá ser risonho. 

Reage, Benfica!