Parece que nem os árbitros sabem o que andam a fazer!

A frase de Rui Vitória na sua conferência de imprensa de ontem: “Parece que nem os árbitros sabem o que andam a fazer!” é elucidativa e bem representativa do sentimento generalizado dos adeptos, após uma semana verdadeiramente negra para a arbitragem, uma daquelas semanas que nos faz questionar muita coisa e quase nos faz questionar se vale a pena continuarmos a ter esta paixão e a dedicar tanto tempo da nossa vida ao futebol.

Como sabem aqueles que nos seguem, disse aqui bem antes do vídeo-árbitro ser introduzido, que não acreditava que este viesse resolver grande coisa na arbitragem portuguesa. Sempre disse que a grande diferença entre o ténis e o futebol é a objetividade dos lances. No ténis, a bola ou está dentro ou está fora da linha! Se querem trazer a tecnologia para lances objetivos no futebol, como linhas de golo ou foras de jogo, lances objetivos, a tecnologia é bem-vinda e resolve.

Para o resto resolve muito pouco, como sempre disse. Lances de penalty, lances de intensidade, lances de interpretação, em suma, a grande maioria dos lances de um jogo de futebol, a tecnologia não resolve nada, bem pelo contrário, só aumenta a confusão!

Olhando para aquilo que tem sido este campeonato português, e para os lances em que o vídeo-árbitro tem intervindo, confirma-se a minha visão. O vídeo-árbitro tem reposto a verdade em muitos lances de foras de jogo, em suma, em lances objetivos. No resto, bolas na mão ou mão na bola, toque com intensidade ou sem intensidade dentro da grande área a justificar penalty, até agora tem intervindo muito pouco, e assim continuará a ser, porque repito, são lances de interpretação e aqui o vídeo-árbitro não entra.

É por isso com estupefação e com raiva até (e, claro, sem esconder a minha costela de Benfiquista), que não aceito que o vídeo-árbitro tenha falhado como falhou no lance do primeiro golo do Porto contra o Estoril! Não é admissível um falhanço daqueles! Simplesmente não é! Quem tem acesso às imagens de vários ângulos, quem vê todas essas imagens em slow motion, não pode ver aquelas imagens e validar o golo do Porto contra o Estoril! NÃO PODE!

Que num jogo do antigamente, sem vídeo-árbitro, aquele erro surja, entendo perfeitamente. Reparem que a falta é marcada do lado esquerdo do fiscal de linha quase na linha do meio campo, e que para o fiscal de linha ver a bola partir para poder marcar o fora-de jogo, quando volta a olhar para os defesas no seu lado direito já passaram umas décimas de segundo, o suficiente para alterar qualquer linha de fora de jogo.

Mas com vídeo-árbitro não pode acontecer. Quem viu aquelas imagens e decidiu como decidiu sentado tranquilamente frente a um ecrã de televisão, tinha forçosamente de vir dar a cara e explicar a sua decisão, em nome da transparência. Com TV, a tolerância para erros como aquele tem de ser ZERO, tal como ZERO é o número de erros que acontece num jogo de ténis quando as cameras são chamadas a intervir!

Vem o Porto trazer à baila e dizer que escandaloso é o golo MUITÍSSIMO mal anulado ao Porto contra o Benfica por fora de jogo mal assinalado. Corretíssima esta análise e erro inadmissível, aqui estou de acordo MAS com uma diferença fundamental. Foi um erro escandaloso do FISCAL DE LINHA, que a partir do momento em que levanta a bandeirola e o jogo para, o VAR já não pode intervir. O que é escandaloso no golo do Porto contra o Estoril é ter sido o VAR a validar aquela pouca vergonha!

E isto, repare-se, numa semana em que o Sporting vence um jogo com um golo ridículo, vergonhoso e muitíssimo fora de horas, um golo que é um atentado à boa fé de todos os milhões de pessoas que seguem o futebol apaixonadamente independentemente das cores, e numa semana em que em seguimento disso Duarte Gomes foi ao Dia Seguinte dar sinais de incompetência atroz (embora tenha assumido o erro posteriormente por meias palavras), com uma teoria ridícula sobre os tempos de compensação de um jogo de futebol.

Em suma, uma semana vergonhosa para a arbitragem, com dois erros que simplesmente não podem ter lugar nos dias de hoje, por aqueles que se dizem especialistas na matéria!

E não, isto não desculpa os erros que também acontecem em favor do Benfica em vários jogos de futebol. Mas há erros e erros, e os desta semana são indesculpáveis, pelo menos aos olhos daqueles que ainda consigam (e queiram) olhar para a bola com alguma isenção.