Eu assisti à final de 25 de maio de 1988 com o PSV no recentemente demolido Cinema Europa, no melhor bairro do mundo, Campo de Ourique, em Lisboa.
Tinha assistido à gravação de um programa de televisão chamado ‘Par ou Ímpar’, apresentado pelo benfiquista Fialho Gouveia.
E qual não foi a surpresa quando ao início da tarde e das gravações, o Fialho Gouveia anuncia que iriam transmitir em écran gigante o jogo e que todos o poderíamos acompanhar. A excitação foi enorme. Um mini-estádio para acompanhar a final da Taça dos Campeões em que o Benfica estava presente!
Assistir às gravações de um programa de televisão naquela altura era um acontecimento. Só com cunhas ou conhecimentos se podiam arranjar entradas para as gravações. E por vezes entrava-se perto das 15h, e as gravações duravam até à 01h, 02h da madrugada. Mas o tempo passava num instante. E os apresentadores e os convidados ajudavam a que mesmo nos intervalos das gravações o público estivesse entretido. Carlos Cruz, Carlos Miguel, Carlos Cunha, Herman José, Fialho Gouveia, Raúl Solnado e tantos outros cantavam, contavam anedotas, brincavam com o público tornando quase 10h de gravações num quase convívio entre amigos.
Mas aquela tarde custava a passar. O relógio não andava. E o frio na barriga cada vez era maior. Ora bolas!! Era a primeira Final da Taça dos Campeões com o Benfica que eu assistia. A da Taça UEFA de 1983 não foi a mesma coisa. Afinal esta era o topo da competição!
Finalmente chegava a hora. O Cinema Europa estava quase cheio. Poucas pessoas não ficaram para ver o jogo em écran gigante. E de repente, lá vinham eles. Os jogadores do Benfica. Era uma excelente equipa. A perda do Diamantino era grande, mas tinha muita esperança nas explosões do Pacheco, na arte do Elzo, na solidez defensiva e no ataque de luxo com Mats Magnusson e Rui Águas.
Mas do outro lado estava uma equipa fortíssima. 6 ou 7 eram titulares da selecção holandesa que seria campeã da Europa semanas depois, incluindo o Koeman que mais tarde nos fez sonhar na Europa. E tinha um jogador que gostava imenso de ver jogar: o Lerby.
O jogo foi duro, renhido, e mesmo as botas que saltavam dos pés do Pacheco nunca me deixaram desanimar. A Taça seria nossa. Mas o tempo foi passando. Até que chegamos aos penalties. E aí, tudo correu bem. Até os defesas Mozer e Dito marcaram. Até chegar o Veloso. Confesso que sempre o achei um jogador competente, concentrado e focado, um líder.
Vi os olhos dele ao caminhar para a baliza. E depois vi o ar do Van Breukelen. O Veloso tinha um olhar, não temeroso, mas de quem sabia que aquilo não era a sua especialidade. E de pouca convicção de que poderia marcar. Por outro lado, o Van Breukelen tinha um ar de adrenalina, de motivação, tipo ‘eu consigo defender’...infelizmente, confirmou-se. Veloso chutou e perdemos essa final. A frustração foi enorme. Ao sair para a rua, eram dezenas as caras de desilusão nessa noite.
E no dia a seguir, na escola, foi só distribuir canelada no futebol e maus fígados para toda a gente. E nem me falassem no Veloso. Nesse ano, o PSV venceu o campeonato holandês, a taça da Holanda e a Taça dos Campeões, culminado pela vitória da selecção laranja no Europeu de 1988.
Passaram quase 24 anos, e ainda me dá azia falar nesse jogo.
A minha memória de Benfica faz-se por episódios gloriosos como este. O Benfica, mesmo com uma diferença abissal no orçamento, ombreava de igual para igual com os melhores. Sim, o Benfica estava entre os melhores. Era um deles.
Temos amanhã um jogo que estou convencido vai marcar pela positiva o resto da época.
Sonho em voltar a ver o Benfica numa final dos Campeões. Tenho muita confiança que vamos vencer a Liga e a Taça da Liga.
Mesmo discordando do nosso pastilhas, o JJ, deposito nele e nos jogadores uma fé enorme de que me vão fazer engolir as minhas críticas e dar-me grandes alegrias ainda esta temporada.
Grande e enorme SHADOWS,
ResponderEliminarainda há 15 minutos estive nesse famoso Bairro Campo de Ourique (Rua Carlos da Maia) que é realmente uma cidade.
Quase nos cruzamos, pois passei de carro e parei na Francisco Metrass! É uma cidade, dentro de Lisboa! Modéstia à parte, é fantástico!
ResponderEliminarMeu caro Shadows!
ResponderEliminarAssisti a essa final in locco. Fiquei atrás da baliza onde foram marcados os penaltis. E recordo bem essa imagem que tão bem descreve e que fez dizer para quem estava comigo: "Veloso vai falhar!" Era tão óbvio por tudo o que naquele momento se expressava em campo...
Mas é sempre bom estar lá, nessas finais. Por azar meu, comecei a ver futebol (na televisão) precisamente com a primeira final perdida... E por azar meu e do nosso Clube, as seis que se lhe seguiram foram todas perdidas! Mas são essas finais e o caminho percorrido até elas que nos deu esta gloriosa história e a segunda posição, creio, de clube com mais finais europeias! Estas, ninguém no-las tira!
Temos 8 finais...parece que só o REAL MADRID é que tem mais...
EliminarÉ isso que torna o Benfica num dos maiores clubes mundiais, cara Águia Preocupada!
EliminarPelo seu mérito e dimensão. As pessoas esquecem que foram clubes como o Benfica que consolidaram o futebol a nível europeu. Que lhe deram brilho, qualidade, emoção e grandeza.
Campo de Ourique o melhor bairro do mundo.
ResponderEliminarVivi lá 20 anos, onde hoje é a casa Fernando Pessoa.
de 69 a 89.
Viva o Benfica
Grande Farfalho! Rua Coelho da Rocha!! Vi logo que eras boa pessoa e não era só por seres benfiquista.
EliminarViriato! São oito efectivamente.Nas seis que mencionei, incluí a que estava em causa!
ResponderEliminarPois é! Adoro Campo de Ourique, como de resto todos os bairros antigos desta maravilhosa Lisboa que eu adoro!
Mas o meu, o melhor, por todos os motivos óbvios, é Benfica! E que tal estar a escrever sobre o nosso Clube e ter como pano de fundo a Catedral!?
É verdade, basta virar ligeiramente a cabeça e ei-la, em toda a sua majestade!
Mudaste então de residencia....mas para melhor...com aquele pano de fundo até devias pagar mais impostos...a reverter para o Benfica claro!!!
EliminarEh! Pá! Oh! Viriato! Mais impostos!? Achas que já pagamos poucos? Não não mudei de residência. Moro em Benfica há já alguns anos... Abrir a janela do meu quarto e ter logo frente aos meus olhos a nossa Catedral é um privilégio de poucos... Como o é também ir a pé para o Estádio... E não digo mais, porque já vos fiz (será?) muita inveja!
ResponderEliminarRealmente, acho que o teu IMI deveria ser agravado pelo privilégio que tens!!
EliminarÉ isso mesmo. É o IMI...estava debaixo da lingua e não saía.
EliminarMas olha AGUIA. Moras do lado do Califa, ou do lado Norte? Se moras perto do Califa que é onde estaciono o meu tricicolo, podíamos cumprimentar-nos nas rolotes do Colombo, à sombra de uma bifana e de uma mine....(pagas tu)....que dizes?
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