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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Dos pequeninos

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Por João Gobern
À hora a que termino esta crónica, a Comissão Disciplinar da Liga fez o que devia: vai proceder a um inquérito aos incidentes no final do Benfica-Nacional. Não custa a crer que, dentro da moldura de sentenças previstas para estes casos, Jorge Jesus, treinador dos campeões nacionais, venha a ser castigado: seja qual for a terminologia utilizada – e é curioso como nestes casos de imagens que não são rigorosamente conclusivas as paixões clubísticas servem para se ganhar certezas –, dos “vários empurrões” às “agressões e murros”, o quadro não parece de molde a que o técnico saia ilibado do caso. Se assim se entender, condene-se. Mas, de uma vez por todas, que não se crie um precedente que, depois, não tenha consequências na jurisprudência e que se julguem os prevaricadores sem se lhes olhar para o emblema. É o mínimo.

Dito isto, deixando claro que por aqui não passam esponjas nem branqueamentos, confesso a minha perplexidade por mais uma sessão de “desforra” vinda de André Villas-Boas, uma atoarda mesquinha que envolve “miúdos e graúdos”. O meu espanto tem a ver apenas com isto: a continuar assim, em campo e fora dele, o jovem treinador do FC Porto verá os seus méritos profissionais e técnicos reconhecidos; já a sua personalidade e o seu caráter serão objeto de acesas discussões.

Continuo a pensar que Villas-Boas reage mais como adepto ou, dentro da “escola” portista, como dirigente. Para seu bem e para sossego geral, deveria ser mais contido e mais inteligente. Deixando vir à superfície uma obsessão constante pelo Benfica e por quem o representa, está a apoucar-se, a si e a quem lhe dá emprego – a constante referência ao inimigo, as mordidelas guerrilheiras, o toca-e-foge com as palavras, a piada grosseira sempre dirigida ao mesmo alvo, as ingerências em assuntos que nada têm a ver consigo, ameaçam fazer de André Villas-Boas mais um caso patológico a juntar à lista que se julgava produto de um qualquer microclima da zona de Contumil.

As claques portistas podem estar a festejar seja o que for (até um penálti capaz de fazer de Hulk um atleta com dons de adivinhação…), mas nunca se esquecem de enviar um cântico “amigo” ao SLB, cuja sigla entoam mais vezes que a do próprio clube. Jorge Nuno Pinto da Costa pode ser questionado sobre eleições presidenciais, sobre gastronomia ou sobre vias rápidas e SCUT – qualquer que seja o tema, ele há de encaixar uma indireta ou uma diretíssima ao Benfica, com o qual parece sonhar acordado. Villas-Boas vai pelo mesmo caminho? Que seja feliz. Mas que não se esqueça que um treinador não faz uma vida só num clube. E que se recorde que José Mourinho, campeão a partir a loiça, nunca por nunca aceitou ser a voz do dono.

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