Quando esta história dos emails surgiu e muitos Benfiquistas se começaram a insurgir contra o silêncio da Direção, aqui escrevi que os emails eram um ataque quase mortífero ao Benfica e que o silêncio da Direção, mesmo que inconveniente, tinha de se entender.
Uma coisa era os emails virem cá para fora todos de uma vez, o ataque ser desferido, e o Benfica defender-se a seguir; Outra bem diferente era os emails irem sendo divulgados estrategicamente aos poucos a cada semana, obrigando o Benfica a defender-se também todas as semanas...
Ora, o Benfica só tinha dois caminhos possíveis: Ou se começava a defender semanalmente de cada ataque que ia sendo feito e não fazia outra coisa, ou então não se defendia de nada e apostava no tempo (e nos bons resultados da equipa) para ir amenizando o efeito dos ataques.
Sendo que a única outra opção alternativa que tinha era defender-se umas semanas e não se defender nas outras, mas isso seria quase assumir que umas vezes os ataques eram baseados na verdade e noutras na mentira, e o Benfica não podia deixar essa impressão na opinião pública.
E compreensivelmente, a Direção optou pelo silêncio...
Resultou? Evidentemente que não... Como evidente também era desde o início que esta história dos emails ia deixar marcar profundas na vida encarnada, mesmo que alguns (muitos) dos emails até fossem falsos!
Devia a Direção ter-se demitido naquela altura?
Muitos acham que não porque a demissão era assumir a culpa e ir ao encontro dos objetivos do ataque, argumento que aceito MAS...
Talvez nesse momento, uma Direção, mesmo que inocente mas que pusesse os interesses do Benfica acima dos seus interesses pessoais, tivesse achado que a sua demissão era a solução para que o Benfica saísse da nuvem em que se viu envolvida nos últimos 18 meses e pudesse preparar o presente e o futuro com outra clarividência!
E isto porque era óbvio que nunca a Direção encarnada (e por consequência todo o Benfica) ia passar incólume a uma devassa da sua vida privada desta magnitude... A novela montou-se, e convenhamos que nem nós como simples indivíduos, mesmo que os mais honestos, passaríamos sem sobressaltos junto das nossas mulheres, filhos, entidades empregadoras, igrejas, etc, se de repente todos os nossos emails e SMS e mensagens do Facebook de uma vida inteira começassem a ser lançados cá para fora, dando-se destaques a frases soltas muitas vezes sem qualquer contextualização.
Há sempre aquela ex-namorada a quem enviámos uma mensagem no aniversário, uma frase mais arrojada sem importância nenhuma e da qual já nem sequer nos lembramos mas que, lançada à estampa de uma certa maneira vai dar discussão com a mulher durante pelo menos três meses!
E se isto seria sempre assim com o simples Zé ou com o Horácio, então num clube da dimensão do Benfica, os estragos seriam sempre tudo isto multiplicado por 5000 ou 10000! Era óbvio que por muita mentira que também haja misturada em muita verdade, o Benfica nunca sairia vencedor desta guerra!
E chegámos então a este ponto, depois de 18 meses de casos e letargia, depois de n visitas da Polícia Judiciária à Luz, e quando julgávamos que já víamos o fim disto tudo, deparamo-nos também com emails em que as aparentes falcatruas se desenrolam dentro do clube e em benefício de algumas das figuras do atual Benfica! Ou seja, no fim de tudo, afinal o “inimigo” já não é só externo e se calhar está lá dentro sentado na poltrona! E nós a aplaudir!
E as perguntas legítimas são: onde é que isto vai acabar, e por quanto mais tempo vamos levar com esta novela? Perguntas às quais acrescentaria: que mais coisas lindas estaremos ainda por descobrir da honestidade e lisura de processos de membros desta Direção encarnada, Direção essa que sempre anunciou os bons princípios como a sua grande bandeira?!
Devia a Direção encarnada ter-se já demitido? O tempo diz-nos que sim! Diz-nos que nos últimos 18 meses o foco do Benfica está mais nos escritórios de advogados do que nos balneários das equipas, diz-nos que desportivamente o Benfica andou para trás, e diz-nos também que seja qual for a estratégia que a Direção usou para se defender nos últimos tempos, não resultou e o nome do Benfica está cada vez mais enterrado na lama!
E agora podemos perguntar: E a Direção não se demite porquê? Porque obviamente se percebe até pelos últimos emails, como fazer parte desta Direção é sinónimo de vida boa... E a vida boa de três ou quatro indivíduos pesa bem mais na hora de decidir do que o amor que sentem pelos clubes que representam e do que eles significam na vida de tantos milhões de adeptos!
E como já disse hoje, no passado e direi sempre, muita da promiscuidade no mundo da bola se resolveria de imediato com a limitação de mandatos presidenciais a dois! Só isto permitiria que auditorias às contas dos clubes fossem feitas com regularidade e só isso impediria que certas más práticas e vícios se tornassem rotineiros!
Quando se dá 15 anos de vida a uma qualquer Direção pode dar nisto: Tudo se torna numa grande família, fica tudo demasiado à vontadinha e todos sabem tudo uns dos outros, e na hora de repartir a herança que a tia avó que era rica deixou há sempre insultos e ameaças porque todos exigem as suas migalhas e ninguém se deixa comer...
Ou já nos esquecemos das muitas vozes incómodas para a Direção que se trouxeram para dentro do clube ou dos cargos de prestígio que “compraram” certos silêncios? E acharam que isso era de borla?! Hoje, naturalmente, são todos reféns uns dos outros, o que faz com que na hora de aperto, mesmo que se queira mudar qualquer coisa, o compadrio seja já tão grande que se se deixar cair um deles caem todos, porque não faltará quem lhe apeteça dar com a língua nos dentes como se costuma dizer com tanta coisa que sabe!
E então lá andam, a prejudicar o Benfica obviamente, já debaixo de água a respirar pela palhinha quase quase a afogarem-se, a esbracejar desesperados pela sobrevivência e pela manutenção do status quo instalado!
E o Benfica a definhar lentamente... Até quando Benfiquistas?! Até quando?!