Uma coisa é certa: Aqueles que tiveram a ilusão de que o
vídeo-árbitro ia trazer a verdade ao futebol e a pacificação no desporto, já se
desiludiram há muito. O vídeo árbitro não vai trazer pacificação nenhuma, vai
apenas passar a ser o (novo) foco da discussão.
E esta é uma
ideia que tem de se passar desde logo, a de que a pacificação no futebol não se
resolve com vídeos-árbitros, e só vai existir quando os agentes desportivos
tiverem eles próprios a intenção de pacificar.
Ora, não têm,
a perceber logo por esta moda nova dos Diretores de Comunicação, que na verdade
mais não são do que “Paineleiros” que abundam pelos programas de “debate desportivo”,
mas que são “Paineleiros” com mais poder. Ou seja, são por assim dizer os
chefes dos “Paineleiros” todos de cada clube, quase sempre os mais arruaceiros
e dando o mote às campanhas que se devem seguir.
E como não
têm nem nunca tiveram essa ideia de pacificação, o vídeo-árbitro é apenas e só
o novo foco de discussão, e se não for o vídeo-árbitro é garantido que se
arranja outro. Sem merda a gravitar à volta do futebol esta escória não
sobrevive.
Sobre o vídeo-árbitro já aqui fiz a minha previsão há
muito tempo: de que ia trazer mais problemas do que benefícios. Não vou repetir
tudo o que já disse mas queria apenas passar três ideias:
1. Como
o Shadows diz e bem, até agora o vídeo-árbitro só serve para proteger o
árbitro. 90% dos lances em análise num jogo de futebol são discutíveis, e
nestes o VAR não mexe. O critério do árbitro prevalece (quase) sempre.
2. A
lógica diz que daqui em diante, o fiscal de linha só assinalará foras de jogo
escandalosos. Tudo o que seja ali metro atrás ou metro à frente, nada como
deixar seguir, e se houver fora de jogo o VAR logo anulará a jogada. Na prática,
nem seria preciso Fiscal De Linha no campo. Bastaria ao VAR comunicar os foras
de jogo ao árbitro da partida.
3. Um
dos problemas que os programas de Tele-Lixo desportivo trouxeram ao futebol foi
que criaram os penalties de televisão, penalties esses que antes da
televisão passavam despercebidos ou simplesmente não se marcavam, e com a TV em
slow motion dão conversa para duas semanas. Ora, o VAR representa a entrada numa uma nova era, a dos
penalties de vídeo-árbitro.
Ora, sobre o ponto 3 dou um exemplo: No último Guimarães
X Sporting, há um empurrão num pontapé de canto de Bas Dost ao avançado do Guimarães
na área do Sporting que o VAR analisou. Para mim é penalty? A resposta é não,
não é. Mas para mim, aos olhos do vídeo-árbitro não há-de ser penalty porquê?
Há ou não há empurrão? Há ou não há tentativa de tirar o jogador do Guimarães
da jogada? Para mim há.
Mas este é um
exemplo em que vai ser preciso muito mas muito cuidado com o caminho que o VAR
seguir, porque até agora é tudo novo, e o que se está a assistir está a ser
arquivado pelos Paineleiros dos clubes, e brevemente vai ser tudo trazido à luz do dia para ser confrontado com qualquer lance semelhante que aconteça num outro jogo, e onde o
vídeo-árbitro decidir... marcar penalty.
Ora, se o penalty sobre Jardel contra
o Braga não foi e o de Bas Dost também não, nenhum lance parecido daqui em
diante pode ser. Qualquer treinador pode pedir aos seus jogadores para agarrar. E quando for penalty vai dar merda da grossa, claro está, e todos se vão questionar: Vídeo-Árbitro para quê?
Para finalizar, Eliseu deveria ter sido expulso contra o Belenenses? Para mim
sim, inquestionavelmente. Aquele lance, e quem já jogou à bola sabe (e eu joguei embora
não tenha sido no Damaiense), aquele tipo de lances são para marcar
território e ali o Eliseu excedeu-se um bocadinho.
Podia ter evitado o contacto, eu sei que tirou o pé sem “amassar”
muito, mas a verdade é que amassou e podia ter aleijado o jogador do Belenenses
seriamente.
Quem se lembra do que nem há uma semana atrás aqui
escrevi sobre Eliseu, mantenho. Aprecio Eliseu, acho que para o campeonato
português onde se joga rasgadinho e sempre ao ataque serve, eu gosto de jogadores raçudos que
não se intimidam e que jogam sempre ali nos limites da legalidade mas, a outro
nível, a um nível de Champions League onde é posto à prova defensivamente vinte
vezes num jogo, o Eliseu vê um amarelo aos 10 minutos e a partir daí vai ser
sempre a sofrer.
Ora, isto é o
que eu diria se fosse um jogador do Sporting ou do Porto a ter aquela entrada,
e para Eliseu digo o mesmo: Deveria ter sido expulso.
Discussão completamente diferente é quando se entra na questão de se para o Eliseu ser expulso
o Maxi também tem de ser e não foi, e se para o Maxi ser, o Slimani deveria ter
apanhado 20 jogos pela cotovelada sobre o Samaris, etc,etc. Isso já é conversa
para paineleiro desportivo, cada um nas suas campanhas, onde sinceramente não
creio que haja inocentes, por muito que isso custe a alguns.
Hoje mesmo Fábio Coentrão desmentiu Pedro Guerra, dizendo
que nunca chumbou em nenhuns exames médicos. Ora, o que Pedro Guerra disse no
Prolongamento foi que o Benfica recusou Fábio Coentrão (dando a entender que
nos foi oferecido), e que o Benfica não quis porque clinicamente está “acabado”.
Ora isto, A SER VERDADE, é grave, independentemente de ser o Benfica ou
outro clube qualquer a dizê-lo. Isto põe em causa a honra e a dignidade de qualquer CIDADÃO. E se é mentira não se deveria dizer ou
insinuar, é a minha opinião.
Este é um
caso em que gostava de saber realmente se Fábio Coentrão chumbou nos exames
médicos ou não, para que eu saiba em quem confiar.
E esta é pois
a questão, confiar em quem numa altura em que vale tudo e cada um diz literalmente o que
quer, em que se inventa tudo e mais alguma coisa e toda a gente passa impune
sem necessidade de provar o quer que seja?
A escolha é
simples: Ou papar esta lenga lenga toda porque a gente gosta é deste tipo de
novelas e de ver todos à chapada, ou então é desligar TVs, jornais e blogs,
desfrutar apenas dos jogos ao fim de semana, e tentar acreditar no fim, que
ainda existe alguma verdade no meio daquilo tudo.