Eu não comecei a falar do problema da participação de
Dirigentes do Benfica em programas de debate desportivo ontem. Não me dirigi a
este tema por ser um tema da moda ou porque o Presidente do meu clube saiu um
pouco mais emocionado de um funeral e teve uma intervenção pública em que
colocou muita coisa em causa.
Eu falo disto há anos, bem antes dos Pedros Guerras, numa
altura até em que era praticamente consensual que a Política de Comunicação do
Benfica era um desastre (para não dizer inexistente). Já em 2013 eu escrevia
neste blogue que Rui Gomes da Silva era o verdadeiro Diretor de Comunicação do
Benfica!
Anos houve,
naqueles anos em que o Benfica não ganhava nada e éramos constantemente atacados
por todos os lados, anos em que os adeptos encarnados ansiavam desesperadamente
por uma explicação Presidencialista e tudo o que havia era silêncio, anos em
que no Benfica só havia duas pessoas a dar a cara:
João Gabriel,
com aqueles tiros de pólvora seca que divertiam a malta mas não atingiam
ninguém, e... Rui Gomes da Silva, cujas intervenções à Segunda Feira davam
resposta a algumas dúvidas e atenuavam esses silêncios presidencialistas que,
sem Rui Gomes da Silva a dar a cara por LFV, se tornariam verdadeiramente
intoleráveis!
Ora, um primeiro ponto que quero vincar é que Rui Gomes da
Silva é dentro do seu estilo, alguém em cujas posições em relação a diversos
dossiers do futebol português me revejo quase sempre. Isto é fatual de facto,
independentemente do estilo do nosso Vice-Presidente, esse sim discutível em
alguns momentos...
É alguém que sei que ama o Benfica de coração, e que, se
um dia se candidatar a Presidente do Benfica terá o voto de muitos pelo
consenso de posições MAS...
Aquilo que o pode tramar (e ele sabe-o) é o estilo com
que intervém muitas vezes... É a linha de comunicação que seguiu ao longo dos
últimos muitos anos na TV e que virou um estilo seu, estilo esse que um dia,
num outro cargo qualquer, será importante alterar mas, se calhar também, dificílimo
demarcar-se dele...
Trazendo isto tudo agora para a realidade e para o dia de
ontem, Rui Gomes da Silva sabia que ia ser tema de conversa no “Dia Seguinte”.
E sobre este
tema, Rogério Alves levou o seu angulo de abordagem para o cargo oficial que
Rui Gomes da Silva ocupa na estrutura do Benfica e do facto desse cargo ser inconciliável
(na sua opinião) com algumas das suas intervenções públicas (na pele de cidadão
apenas), e aqui, contra a opinião de muitos, tenho de estar de acordo.
Podia lembrar por exemplo Março de 2015, quando, ANTES de
um Benfica X Braga decisivo, Rui Gomes da Silva acusou os jogadores e o próprio
discurso diretivo do Braga de terem uma atitude quando jogam com o Porto e outra
quando jogam com o Benfica, trazendo à baila um possível penalty sobre Pardo
num jogo com o FCP e o silêncio da Direção Bracarense sobre esse lance (aqui), colocando pressão e tensão extra nesse tal jogo decisivo do Benfica que,
mesmo sem estas intervenções polémicas e desnecessárias, já seria sempre
difícil.
Disse
mentiras?! Talvez não mas, não é essa a questão! A questão aqui é Rui Gomes da
Silva poder dizer este tipo de coisas em nome pessoal (em que papel estava quando
falou à Rádio Renascensa?), e três dias depois estar sentado à mesma mesa como
Vice-Presidente encarnado com António Salvador a comer um grande cozido à
portuguesa!
Claro que a
estas e outras intervenções menos felizes, virão os defensores do estado de coisas
atual dizer que o idiota do Redmoon não consegue distinguir aquilo que são intervenções
do “Benfica oficial” de outras que
são ditas em programas de debate desportivo e que são feitas em nome pessoal!
Essas pessoas
que vêm ao texto do Redmoon tentar levar o texto do Redmoon para o
enquadramento que ELES próprios querem passar, ainda não perceberam que o burro
não é o Redmoon por não ter percebido ainda a ideia deles. O Redmoon já
percebeu há muitíssimo tempo a ideia deles... Mas o que esses não perceberam
ainda é que essa separação ente “Benfica Oficial”
e “Benfica Televisivo” é APENAS e SÓ
a interpretação deles, interpretação essa que é altamente discutível!
...Porque na
cabeça de outros, dos Sportinguistas principalmente (mas de muitos Benfiquistas
também), o que existe é um Presidente encarnado em silêncio para poder dizer
que não incendeia ambiente algum, para ter os seus porta vozes a fazer o
trabalho sujo por si nos programas televisivos, passando LFV por um ser que
paira sobre isto tudo sem ter culpa de nada quando se calhar até é o promotor
de muito.
E repito, eu
não estou a dizer que é assim. Eu estou a dizer é que da acusação já não se
livra, e que esta é a versão Sportinguista que eles usam como justificação à
sua forma de retaliação depois, e se nós queremos que este ambiente que
atualmente se vive no futebol português melhore, não podemos ignorar que para
tal acontecer é importante que se entendam as posições de ambos! Não basta
entender apenas o nosso lado!
A não ser que me queiram convencer que as culpas são só
dos outros, e que por exemplo as tais SMS de Jorge Jesus escritas aos jogadores
do Benfica (e nunca provadas, mesmo depois do desafio público de JJ para que se
mostrassem), foram invenções do “Benfica
Televisivo” e nunca uma insinuação lançada em consonância com uma posição
pública que à Direção do “Benfica Oficial”
também interessava passar.
Caramba, se
quando o Presidente Sportinguista escreve no seu Facebook pessoal nós o
criticamos por ser o Presidente do Sporting, quando é Rui Gomes da Silva a
fazer a mesma coisa vamos dizer que não é o Vice-Presidente encarnado mas sim o
cidadão?! Mas que raio de coerência é essa?!
Isto tudo para dizer que o que Rogério Alves disse ontem foi
em suma isto, que em função das palavras de LFV esta semana pedindo moderação
aos seus comentadores, a coexistência dos “dois” Ruis Gomes da Silva (Vice-Presidente
encarnado e como cidadão no Dia Seguinte e no Facebook) não são compatíveis.
Mas depois
falou Guilherme Aguiar, partindo de outro ângulo de análise, este ainda mais de
encontro ao meu: o de que nos deixemos de inocências e de ingenuidades, pois
Rui Gomes da Silva foi, bem antes dos Pedros Guerras, uma peça fulcral da
estratégia comunicacional de Luís Filipe Vieira, e que por isso a separação
entre o Vice-Presidente e o cidadão Rui Gomes da Silva nunca existiu. Rui Gomes
da Silva tem sido para Guilherme Aguiar, o tal Diretor de Comunicação do
Benfica que eu já aqui em 2013 achava que era, tudo com a benesse (e suporte) de
Luís Filipe Vieira.
Todo este texto para dizer o quê? Que Quinta-Feira
ficaremos a saber se Rui Gomes da Silva continuará ou não a ser Vice-Presidente
do Benfica... Será esta informação vital para o futuro do clube? Claro que não,
mas servirá pelo menos para contextualizar melhor as palavras de LFV esta
semana a pedir aos Benfiquistas que falem de nós e não dos outros, e
percebermos melhor o tipo de discurso que aí vem.
Aquilo que acho? Acho que RGS não continuará como
Vice-Presidente, porque acho que o não continuar dará mais força e legitimidade
à sua participação televisiva com total liberdade para continuar a defender o Benfica
e a ser fiel às suas ideias, sem nunca comprometer a Direção encarnada...
A própria explicação de RGS ontem, a justificar a capa
incendiária de “Abola” na última Quarta-Feira como uma intervenção que tinha
tido na Terça-Feira ainda antes das palavras de LFV, faz-me pensar que algo
está para mudar.