Levantou muita polémica a posição de Ricardo Araújo Pereira acerca da saída de Jorge Jesus e agora sobre a sua retratação(ou não) sobre Rui Vitória.
O que vi no “Governo Sombra” foi um adepto do Benfica a defender uma posição que deveria ser básica em qualquer outro adepto: a defesa do Benfica vencedor.
Como todos os que acompanham o NGB sabem, eu fui dos poucos que defendia a dispensa de Jorge Jesus desde 2013 e que bastantes críticas valeram na caixa de comentários do blogue. Portanto eu e RAP estavamos em desacordo sobre a manutenção de Jorge Jesus ao leme do Benfica.
O curioso disto, e que RAP frisou, é que hoje ele parece ser o único que criticou a situação no princípio da temporada ou até em Novembro. Aliás, como eu também o fiz em vários textos do blogue. É tipo os que votaram em Vale e Azevedo: hoje ninguém foi.
Os ataques à opinião do RAP têm a ver com as suas críticas a…Luis Filipe Vieira.
É que as críticas de RAP ao processo de dispensa de JJ visam a gestão desportiva do presidente do Benfica. É essa a razão pela qual tem sido tão atacado, até pelos mesmos que comungavam do seu ponto de vista no princípio da temporada.
RAP expôs 3 pontos fundamentais e que são incontestáveis(obrigado ao Benfica Eagle por os ter sintetizado no seu post de domingo):
- “Uma equipa só de jovens não ganha. O Benfica tem que ser Renato’s, Gaitan’s e Jonas”.
- “Atravessar a auto-estrada a correr pode resultar, mas é estupidez.”
- “Se estás a ganhar está quieto! Não mexas!”
Estes 3 pontos foram quantas vezes sustentados no NGB? Dezenas de vezes.
A aposta e inclusão de jovens da formação na equipa principal, tendo referências de qualidade com quem possam aprender e evoluir.
Ter uma equipa campeã ou cheia de bons valores e destruí-la em nome de dinheiro quando se está a vencer é como atravessar a tal auto-estrada. Pode correr bem mas a probabilidade maior é que corra mal.
O futebol tem aquela velha máxima: em equipa que ganha não se mexe.
Rui Vitória fez o que pôde e correu bem. Correu pela auto-estrada, levou uns toques mas acabou por a conseguir atravessar. Graças a quem? Só a si e ao seu trabalho.
Hoje, como também escrevi no passado, é fácil saltar para “a carruagem da vitória” e vir dizer que sabiam que ía correr bem.
Sabiam quando? Quando o Benfica jogava à 04h da madrugada na mesma semana que iria disputar a Supertaça?
Quando o Benfica estava a 7 pontos do primeiro classificado?
Quando Rui Vitória afirmou várias vezes, quando se viu sozinho na luta contra os “jesuítas”, que nunca esperou facilidades porque se fosse fácil ou simples não teria sido ele o contratado?
Quando Luis Filipe Vieira andou a dar entrevistas com desculpas de “dores de crescimento” ou “ano de transição” aos mesmos jornais que noutras ocasiões eram considerados de avençados?
Porque razão Luis Filipe Vieira se manteve longe da equipa durante toda a pré-temporada?
Porque razão prometeu LFV o mesmo investimento no plantel a RV e afinal só subtraiu? Ah espera, deu o Taraabt.
Ricardo Araújo Pereira assume a sua condição de SÓ adepto do Benfica. O seu contentamento com o clube acontece só quando o Benfica vence e a sua imensa amargura surge quando o Benfica não vence. Deveria ser sempre assim.
O que Luis Filipe Vieira não gosta é deste tipo de adeptos. Exigentes e insatisfeitos com os títulos do “campeão de vendas”.
Tem azar, porque felizmente o nosso clube ainda tem milhares destes adeptos. Milhões deles. Por isso é que apesar dessa aura de “grande sucesso que mais ninguém conseguiria ao leme do clube”, o clube perdeu 100 mil sócios nos últimos anos e nunca esteve perto da tal marca que LFV colocou como condição para ficar no clube: 300 mil sócios.
A maioria não vive iludida com as capas de jornais a falarem em milhões, porque esses milhões não marcam golos. Craques sim, marcam muitos golos e enchem estádios. Mas esses são vendidos ao primeiro suspiro.
O que interessa é ganhar e melhorar as condições para ganhar.
Somos tricampeões? Sem dúvida. Graças a Rui Vitória e à sua capacidade de agregação, qualidade de gestão e aproveitamento dos jovens. Ou alguém duvida que sem esses jovens a época teria sido, como estava a ser, desastrosa?
Não vem aí nenhum apocalipse, como se pretende fazer crer. Ninguém anda desnorteado com a possibilidade de venda dos pilares do título número 35.
O que entristece é que, centenas de milhões de vendas depois, o Benfica deve o mesmo(mais de 400M€), continua a necessitar de ir aumentando a parada na emissão de obrigações em vez de com uma das vendas “milionárias” liquidar essa via de financiamento, continua a não ter qualquer capacidade de reter os seus melhores nem sequer miúdos com uma carreira inteira pela frente, e ainda continuar a andar nas mãos de empresários e comissionistas que vivem da especulação e da proliferação de negócios e transferências.
RAP tinha razão sobre JJ? Não tinha. Mas na sua visão de adepto ferrenho do SPORT LISBOA E BENFICA está totalmente certo.