A
equipa
1. Do 11 inicial de Moreira de Cónegos, temos Artur, Eliseu, Jardel,
André Almeida, Pizzi, Ola John e Lima, jogadores que tenho a certeza, a grande
maioria dos adeptos do Benfica acredita (como eu acredito) não serem jogadores ao
nível de um grande Benfica.
2. Dos 4 consensuais, temos Maxi Pereira, Luisão e Jonas (já em idade
avançada), e Sálvio.
3. Este Benfica tem dois jogadores de verdadeira classe, jogadores com
legítimas ambições a voos mais altos: Gaitan (que falta faz), e Sálvio (que
sobressai quando tem jogadores ao seu lado de igual classe e pode jogar em
equipa, mas que se apaga muitas vezes quando tem a responsabilidade de desatar
todos os nós sozinho).
4. Este Benfica suspira pelos regressos de Fejsa, Rúben Amorim e Júlio
César para ser um Benfica melhor. Do sérvio nada espero para esta época e pouco
espero para as seguintes; Rúben é para mim o verdadeiro reality check do atual
Benfica, quando se espera ansiosamente pelo regresso de um jogador mediano e
propenso a lesões para ser o tal líder que o Benfica não tem; e Júlio César, o
tal que todos já perceberam que tecnicamente até pode ser capaz mas que
fisicamente está preso por arames.
5. Uma equipa com vários jogadores excecionais torna os jogadores medianos
dessa equipa melhores e nivela a equipa por alto. Uma equipa em que a maioria
dos jogadores são medianos torna os jogadores excecionais dessa equipa piores e
nivela a equipa por baixo, que é o que acontece no atual Benfica.
O
treinador
1. O Benfica é líder do campeonato, o que não corresponde na minha opinião
à real qualidade do plantel encarnado, pelo que Jorge Jesus tem de ter grande
mérito neste feito até ao momento, provando ser capaz de somar pontos mesmo
quando as exibições são apenas assim-assim.
2. Jorge Jesus continua a ter como palavras favoritas no seu discurso
pós-jogos, palavras como “massacre”, “imparáveis”, e “muita fortes”. Eu
agradecia-lhe que abolisse essas palavras já desfasadas no tempo, e adotasse
umas novas mais adaptadas à realidade 2014/2015. Palavras/frases como
“acreditar”, “fato-macaco”, “capacidade de superação”, “contornar as
dificuldades que temos”, “lutar sempre até ao fim”.
3. Tiro o meu chapéu a Jorge Jesus por NUNCA o ter ouvido desculpar as fracas performances da
equipa com a debandada de talento a que se assistiu nestes últimos 13 meses, e
mais ainda com as inúmeras lesões que têm privado a equipa de 3 ou 4 jogadores
que são o melhor do que ficou. Podem acusar o homem de muitas coisas, mas não
de olhar demasiadas vezes para trás e não perceber que para a frente é que é o caminho!
4. Fica provado que Jorge Jesus não é Deus, e que mesmo os grandes
treinadores do mundo não são capazes de pôr uma equipa a tocar ópera sem ter
artistas. Os princípios da equipa mantém-se, mas a qualidade dos intérpretes
faz deste Benfica uma orquestra apenas sofrível, e torna esses princípios de
jogo muito mais falíveis.
As
contratações
1. No espaço de 13 meses vimos sair do nosso clube, Matic, André Gomes,
Rodrigo, Garay, Oblak, Siqueira, Enzo Pérez, Markovic e Cardozo.
2. Apesar disso, nas duas últimas épocas, o Benfica gastou 76 milhões de
euros em jogadores como Lizando, Mitrovic, Cortes, Markovic, Djuricic, Fejsa,
Fariña, Pizzi, Funes Mori, Benito, César, Talisca, Cristante, Samaris, Bebé,
Derlei, Eliseu e Jonathan.
3. Se as saídas permitem compreender alguns dos porquês de um Benfica tão
mais fraco que em anos recentes, já os 76 milhões gastos em dois anos de
contratações, e dos quais se revela apenas Markovic como jogador de
indiscutível qualidade, faz-me catalogar essa política de aquisições recentes, no mínimo como desastrosa.
4. Este Benfica tinha a OBRIGAÇÃO
de ser mais forte. Não o é porque os melhores jogadores saíram, é um facto. Mas
não o é TAMBÉM, porque a
grande maioria dos jogadores que se contrataram com 76 milhões de euros não têm
presente e não lhes vislumbro grande futuro.
O
Presidente
1. Há 18 meses anunciou que esse era o último ano em que o Benfica
precisava de vender jogadores.
2. Nos 18 meses seguintes vendeu tudo o que havia para vender, inclusive
da equipa B, a tal que foi anunciada como o futuro do Benfica.
3. Dos grandes Benficas das últimas
épocas, restam apenas Gaitan e Sálvio. LFV já disse que admite vender ainda mais
jogadores no final desta época. Todos já perceberam quem são. E todos já
perceberam o Benfica que fica.
4. Nunca reconheci em LFV grandes méritos de gestão desportiva no Benfica,
mas sem dúvida nenhuma que a contratação de Jorge Jesus e a estabilização do
Benfica a nível desportivo e financeiro lhe permitiram respirar melhor nestes últimos anos e andar longe das críticas. LFV encontrou em Jorge Jesus um treinador com costas largas e disposto a dar a cara em todas as lutas e todos os maus momentos, muitos deles com responsabilidade vinda de cima. Algumas
borradas presidencialistas não deixaram de ser feitas (o dossier Cardozo por
exemplo), mas os resultados da equipa passaram uma borracha por todas as
trapalhadas.
5. O Benfica pode voltar a não ganhar já este ano. E se isso acontecer,
LFV não pode sacudir as mãos e deixar de assumir responsabilidades por esta
nova realidade. Este é um Benfica a anos-luz do grande Benfica que ao fim de 25
anos permitiu aos seus adeptos voltar a sonhar, também a nível europeu.
Rui
Costa
1. Não sei o que faz. E ninguém pode ser acusado de nada quando não se
sabe o que faz exatamente. Se como se diz é o Diretor da prospeção, deveria ter
muita culpa no cartório do Benfica atual. Mas como também será legítimo
atribuir a JJ a responsabilidade de algumas más (e caras) contratações, fico
sem saber bem quem tem culpa de quê. Provavelmente nada será culpa de ninguém!
O campeonato
1. Um
grande Benfica com vantagem de 4 pontos e a receber o Porto na Luz tinha de ter
este campeonato no bolso. Mas este não é esse Benfica. Este Benfica vai ter de
suar muito para levar os 3 pontos de todos os jogos, mesmo os teoricamente mais
fáceis. O que não é necessariamente um problema, assim tenhamos a humildade de
perceber que o rolo compressor já não existe, que este é um Benfica de fato-macaco,
e os 3 pontos são bem mais importantes que a nota artística.