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domingo, 9 de setembro de 2012

O Novo Benfica

. 39 comentários

Javi Garcia era um dos atletas emblemáticos do Benfica; pela postura, pala garra, pela competência, pela eficácia, pela coragem, pelo amor ao clube que deixava transparecer, víamos nele um dos pilares da reconstrução da velha “mística” Benfiquista, tão necessária ao sucesso desportivo do nosso clube. Não o esqueceremos tão cedo, desejamos-lhe o maior sucesso, mas sabemos que deixa uma lacuna na equipa difícil de colmatar e, sobretudo, ficámos afetivamente “amputados” e por isso, tristes.

Axel Witsel é um atleta de eleição, fortíssimo; fisicamente, tecnicamente e taticamente. Corajoso e cordial também. Mais um atleta à Benfica que daria contributo decisivo na conquista das vitórias porque ansiamos e de quem começávamos a gostar. A sua saída abriu novo “buraco” na equipa e no nosso afeto.
Lembro os casos de David Luís, Ramirez, Di Maria, Coentrão, muito semelhantes e que prosseguem as suas carreiras noutras paragens com relativo sucesso.
Além dos prejuízos desportivos óbvios para o nosso clube, as inevitáveis consequências afetivas dos adeptos para com o clube, poderão ser severamente afetadas no futuro com a sucessão destes casos. A ligação afetiva dos sócios, adeptos e simpatizantes ao seu clube “do coração”, sendo decisiva para a subsistência e desenvolvimento do mesmo, materializa-se nos atletas mais emblemáticos, que seriam recordados com alegria e saudade por muitas décadas, constituindo o património imaterial, porventura o mais relevante de todos, enquanto gerador de sonhos e motivação de novas façanhas.
O ser humano é um mecanismo extremamente complexo e, muitas vezes, incontrolável. A expetativa de “amputação afetiva” sucessiva, inevitavelmente, conduzirá, compulsivamente, silenciosamente, o adepto, a relativizar, aligeirar, essa relação com o seu clube o qual, progressivamente, perderá a identidade tradicional, podendo, eventualmente, cair nesse vazio afetivo, sem o qual, julgo eu, a magia da arte futebolística desaparecerá. Emergirá uma nova identidade igualmente poderosa, substituta da atual? Qual? De momento, não tenho resposta para esta pergunta, só sei que já não existem os pressupostos do passado que fizeram do Benfica aquilo que é hoje e que é melhor olharmos em a frente, procurando os caminhos do futuro num contexto completamente diferente dos do passado.
O grande capital e a globalização, associados à insaciedade da FIFA, da UEFA, das federações, ligas nacionais e dos clubes mais poderosos da europa, estão a conduzir o futebol a um estado de total descontrolo, perante a passividade “criminosa” da UE, que a tudo assiste com olímpica indiferença. Sucedem-se as competições desportivas, atropelando-se umas às outras, apenas pela necessidade de gerar receitas para sustentar toda esta loucura incontrolável. Hipocritamente, regulamenta-se e impõe-se o fair-play financeiro aos clubes, implementando em simultâneo calendários desportivos inviabilizantes de qualquer racionalidade na gestão clubística. Perante “o cheiro do graveto” nada nem ninguém resiste! De nada valem contratos, nem cláusulas de rescisão, nem “sinceras”juras de amor pretéritas.
Noutros tempos, quando os clubes eram “donos” da carteira desportiva dos atletas, era comum ouvir estes indignarem-se com a mercantilização de que eram vítimas por parte daqueles, hoje, não só não se indignam, como a desejam! Afinal, salvo honrosas exceções, o clube que todos amam é o “faz-me rir”.
O campeonato nacional já vai na terceira jornada, com dois atletas estruturais a menos, de que serviu o planeamento desportivo efetuado? E que justiça desportiva, e, portanto, idoneidade, tem a competição? Porque é que a UEFA e a FIFA não proíbem a transação de jogadores de clubes cujos campeonatos já estejam em curso? Vale tudo? E que poderá fazer o Benfica para evitar estas situações?
A não ser que a UE aprove regulamentação apropriada, o Benfica deve ter acesso aos mercados de todos os seus pares; Espanhóis, Ingleses, Franceses, Alemães, Italianos, etc. Tal só é possível participando em competições europeias transnacionais onde tenha acesso às receitas correspondentes. Não falo da atual Liga dos Campeões, mas de campeonatos europeus de dois ou três níveis. Simultaneamente, pôr-se-ia fim a provas inúteis, como a Taça de Portugal, a Taça da Liga e a Supertaça. Em cada país organizar-se-iam campeonatos com os restantes clubes em contexto a estudar; profissionais, semiamadores e amadores.
Sei que temos bons atletas no plantel que poderão minimizar as perdas; sei que se abriu espaço para as jovens promessas  da formação, oxalá os nossos Técnicos os possam otimizar. Recomendo à Direção que use os 40 ME da venda do Witsel para amortizar o passivo e que mantenha a todo o custo um núcleo de atletas icónicos portadores da temível mística Benfiquista. Refiro-me ao Luisão, ao Máxi, ao Aimar e ao Cardozo, a que se poderão juntar muito em breve, o Artur, o Garay, o Carlos Martins, o Rodrigo, o Sálvio e o Melgarejo. Teremos que ser capazes de o fazer, cultivando sempre o estilo “perfumado” do nosso futebol.
AB
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39 comentários

  1. quem é o "manfio" da foto?

    Será o adversario de LFV nas proximas eleições?

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    1. O manfio é o António Barreto em pessoa, ai vivo e a cores!!!!

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    2. Este Barreto do Benfica só quer duas coisas.
      Um sitio para pagar as cotas
      Uma cadeira para ver jogar o Glorioso.

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    3. O da foto sou eu; tenho exatamente as ambições que o Viriato indica e mais uma; a de contribuir para abrir novos espaços de reflexão construtiva que façam o nosso clube mais forte.

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  2. uma perda grande esta de Javi. para mim esta política de sermos um entreposto de jogadores é para acabar. Todos os anos sai um jogador dos 3 melhores do plantel e assim não vamos ganhar com regularidade. especialmente quando os azulinhos jogam com 14

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    1. Infelizmente é esta a nova realidade instalada no futebol,bom será se for possível manter o tal núcleo duro e promover mais atletas da formação.Veja o que está a contecer com o Ronaldo! Onde é que isto vai parar? Francamente, não sei, mas palpita-me que acabará mal.

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  3. BENFIQUISTA DO CORAÇÃO9/9/12 17:19

    MUITO BOA ANÁLISE

    SUBLINHO A PARTE
    QUE SE SEGUE
    PORQUE TAMBEM CONCORDO
    COM A SUA IMPORTÂNCIA

    "A não ser que a UE aprove regulamentação apropriada, o Benfica deve ter acesso aos mercados de todos os seus pares; Espanhóis, Ingleses, Franceses, Alemães, Italianos, etc. Tal só é possível participando em competições europeias transnacionais onde tenha acesso às receitas equivalentes"

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    1. Parece-me claro e sugiro à Direção que começe a trabalhar na constituição de um lóbi poderoso afim de pressionar a UEFA nesse sentido.

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  4. Concordo! O mercado devia encerrar na mesma data para todos! E deveria encerrar mais cedo, de preferência até à primeira jornada do campeonato. Irão culpabilizar o Jesus caso venhamos a ter resultados negativos? Não acho justo. É verdade sim, que embora ele cometa alguns erros, ele potencia os jogadores, possivelmente isso é o que nos poderá salvar. O dinheiro tem de ir para algum lado, concordo que seja para amortizar o passivo. Os benfiquistas têm de perceber que foram dois jogadores embora, também porque eles assim o quiseram, não há amor à camisola. Mas também foram 2 excelentes negócios para o nosso clube.
    Saudações Benfiquistas

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    1. É uma evidência que não carece de mais explicações. Estou convicto que tal não sucede porque a UEFA e a FIFA devem ceder à pressão dos lóbis mais poderosos.

      Entendo que a atual superestrura do futebol - FIFA, UEFA, Federações Nacionais e Ligas Nacionais - está esgotada, corrompida por múltiplos interesses, desvirtuando completamente as competições desportivas. Defendo a elaboração de uma nova "arquitetura" para a gestão do futebol. A atual cheira a bafio, a môfo...inspira-me repugnância.

      Abraço.

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    2. Concordo consigo caro António Barreto, deve certamente haver alguns interesses ocultos para não existir a mesma regra para todos.

      Um abraço

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  5. Como o compreendo, António Barreto!
    Ou nos reciclamos e entramos "na onda" ou andaremos sempre a nadar contra a corrente!

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  6. Nem mais, temos um passado maravilhosos mas, temos de olhar mais para a frente; menos celebração, mais inteligência,mais competência e mais trabalho.

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  7. Anónimo9/9/12 21:31

    porquê a foto?

    José

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  8. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  9. O Andrew Jennings é que a sabe toda...talvez assim percebam o porquê da protecção da UEFA e FIFA á Nike e seus patrocinados...FCP, Barcelona...vejam quem comanda os destinos da arbitragem na UEFA e o que fzaia antes em Espanha...pois é ...era o Directo Geral da Nike Espanha...coincidências...

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    1. Gostaria que desenvolvesse o seu comentário. O site da UEFA não é suficientemente claro quanto à composição dos seus comités, nomeadamente, de arbitragem, ou então escapou-me algo durante a pesquisa que fiz.

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  10. Wessel279/9/12 21:59

    Concordo com várias coisas no texto mas discordo profundamente que a Taça de Portugal seja uma competição inútil ... Uma competição que traz a festa do futebol a algumas zonas do país que muitas vezes não tem as condições que Lisboa e outras grandes cidades tem para ter espectáculos futebolísticos de valor nunca no meu entender deve ser desprezada ... Concordo que algumas coisas estão mal na taça e que se calhar teria que se pensar num diferente modelo para a competição mais atractivo mas penso que é a segunda competição em Portugal a seguir ao campeonato e que é uma festa para muitos clubes e gentes que por vezes recebem os grandes e fazem uma festa que se calhar nunca mais vão ter na vida ... Se fala de paixão e de amor pense também nos clubes pequeninos que tem na taça a sua única montra e que sobrevivem com muito custo devido à dedicação das pessoas que muitas vezes sem posses ajudam o clube ...
    Por exemplo aqui na ilha Terceira nos Açores todas as pessoas ainda falam quando o grande Benfica de Eusébio calhou em sorte ao nosso Angrense e é algo que nunca as gentes desta ilha que ao contrário de São Miguel nunca tiveram um clube na primeira irão esquecer ...

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  11. John Wakefield9/9/12 22:45

    Tentem o Atouba e o Van den Borre, dois laterais internacionais para cada faixa... Estão sem clube e não sei se já poderão ser inscritos...

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    1. António Barreto10/9/12 20:11

      Tente enviar a sugestão para a Direção Técnica. Certamente irão agradecer.

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  12. Compreendo e dou-lhe inteira razão quanto à necessidade de promover o futebol levando as grandes equipas a todo o país. Talvez esteja a ser injusto. A Taça, já foi, de facto, a festa do futebol, hoje, quanto a mim, é mais uma farsa. Temos assistido a certas "coincidências" nesta competição, verdadeiramente repugnantes. No entanto, talvez seja possível reformulá-la, dando-lhe a qualidade e a credibilidade necessárias à tal festa.

    Um abraço para si e para todos os Benfiquistas terceirenses.

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  13. Anónimo9/9/12 23:42

    "A ligação afetiva dos sócios, adeptos e simpatizantes ao seu clube “do coração”, sendo decisiva para a subsistência e desenvolvimento do mesmo, materializa-se nos atletas mais emblemáticos, que seriam recordados com alegria e saudade por muitas décadas, constituindo o património imaterial, porventura o mais relevante de todos, enquanto gerador de sonhos e motivação de novas façanhas."

    Não sendo possível manter de todo uma identidade como a que os clubes tiveram até décadas recentes (em que os jogadores do Benfica eram "benfiquistas" - como o Bento e outros) e sendo certo que uma Direcção competente deve, em primeira análise, saber enquadrar o seu modelo de gestão (formação, aquisições, etc.) no contexto da realidade actual (os jogadores hoje jogam por quem lhes pagar mais), penso que há ainda assim meios e condições para preservar e fomentar o "benfiquismo" entre aqueles que nos representam.

    No entanto, penso que tal é extremamente difícil senão impossível quando é a própria Direção e estrutura dirigente a dar o mau exemplo (DSO, Carraça e outros quejandos que não são poucos).

    Bottom line, com 6 milhões de adeptos, é difícil de entender como não se tem "benfiquistas" competentes (e elemento competência é tão fundamental como o elemento "benfiquismo") em todos os elementos da estrutura do SLB que possam efectivamente enquadrar os seus atletas naquilo que significa o clube que representam.

    Cumprimentos,

    JR

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    1. António Barreto10/9/12 19:40

      São essas condições que devem ser identificadas e fomentadas. Quanto aos não Benfiquistas no Benfica, é um tema fraturante que exige, quanto a mim, justificação cabal por parte da Direção e reflexão por parte dos sócios, muitos dos quais se julgam "donos do clube" impedindo uma gestão racional do mesmo.

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  14. """"""""""O ser humano é um mecanismo extremamente complexo e, muitas vezes, incontrolável. A expetativa de “amputação afetiva” sucessiva, inevitavelmente, conduzirá, compulsivamente, silenciosamente, o adepto, a relativizar, aligeirar, essa relação com o seu clube o qual, progressivamente, perderá a identidade tradicional, podendo, eventualmente, cair nesse vazio afetivo, sem o qual, julgo eu, a magia da arte futebolística desaparecerá. Emergirá uma nova identidade igualmente poderosa, substituta da atual? Qual? De momento, não tenho resposta para esta pergunta, só sei que já não existem os pressupostos do passado que fizeram do Benfica aquilo que é hoje e que é melhor olharmos em a frente, procurando os caminhos do futuro num contexto completamente diferente dos do passado.""""""""

    Caro António

    Embora o teu post aborde e bem outros temas este paragrafo chamou a minha atenção para essa crescente ""amputação de afectividade"" motivada por uma sangria que obrigatoriamente se vai manter já que se torna imperioso fazer face a um passivo que foi crescendo de forma descontrolada e irresponsável.

    A politica seguida não só não trouxe títulos como comprometeu a manutenção dos jogadores que poderiam catapultar o Benfica para uma afirmação cimentada a nível interno e uma participação europeia capaz de discutir com os grandes da Europa.

    Estou certo que com um projecto rigoroso que corrija esse desvario de comprar jogadores por atacado mantendo um plantel que com a criação da equipa B caminha a passsos largos para os 100 jogadores sob contrato.

    Esta ""amputação afectiva"" concorrerá para menores assistências no Estádio, para a menor apetência para que novos sócios surjam, para a desistência de outros e para a diminuição de produtos da Marca Benfica factores estes ampliados pela crise que se faz sentir.

    Estou certo de com essa politica de rigor, com inteligência e capacidade de galvanização teríamos hoje invertidos todos os itens atrás referidos e o passivo controlado.

    O estatuto de grande clube da Europa de modo consubstanciado ficará assim adiado já que a diminuição do passivo é imperiosa, mantendo por alguns anos o Benfica como um clube vendedor, o que só acontecerá se abolirmos o entreposto em que tornou o Benfica.

    Penso que esta é uma análise correcta da situação com a qual muitos poderão não concordar mas que a mim não me deixa outra saída.

    Abraço

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    1. António Barreto10/9/12 19:47

      Sem dúvida que é imperioso incutir imediatamente, maior racionalidade e assertividade nas contratações as quais deverão dar lugar progressivamente à ascensão dos atletas da formação, local onde se fomenta o autêntico Benfiquismo, embora, às vezes amargo. Manter a equipa forte, incorporar mais atletas da formação e atacar o passivo, são três princípios centrais da gestão do nosso clube. Procuremos, com inteligência, dar o nosso contributo.

      Abraço

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  15. Já tenho referido isso e volto a dar ênfase a este ponto: nós continuamos a ver o futebol de forma "romântica" e "apaixonada" enquanto que há muito ele se tornou um negócio, ou talvez seja melhor, uma negociata.

    Com essa forma de ver o futebol continuamos a "endeusar" jogadores da nossa equipa quando eles vêm nela uma forma de ganhar dinheiro, e quando surge uma proposta mais alta, não pensam nem em carinho dos adeptos nem na grandeza do clube, muitas vezes nem pensam na carreira, apenas vêm o dinheiro.
    Seria hipócrita se dissesse que não o faria na minha actividade profissional, mas os valores envolvidos são bem diferentes, e certamente, não mudaria de empregador sabendo que ia dar um passo atrás na carreira só para ganhar dinheiro.

    Voltando ao ponto em que me queria focar, se para os atletas do clube isto é negócio, então o clube tem de fazer igual abordagem, e com isto quero dizer:

    1º - se o clube quiser vender e a proposta apresentada for satisfatória, óptimo faz-se o negócio.
    2º - mesmo que a proposta seja satisfatória mas o clube ache que em termos de gestão desportiva ou outra não deve libertar o jogador, então não vende e ponto final. Caberá ao comprador interessado, se realmente quiser o atleta, cobrir o valor da cláusula de rescisão para ele ingressar nos seus quadros.
    3º - nunca o clube deveria ceder a "chantagens psicológicas" do género "ou me aumentam o ordenado ou saio" ou "se não me deixarem sair não volto a render o mesmo", pois existe um contrato assinado de boa-fé entre ambas as partes e esse é para cumprir.

    Para além do mais, e referindo-me ao ponto 3 novamente, ao ceder perante um jogador, o clube está a abrir uma porta, para que outros tomem a mesma atitude, pois se fizeram a um têm que ter igual tratamento com os outros.

    Acho engraçado estas situações em que se refere "ah mas depois o jogador sai a custo zero"; quando se contrata um jogador pressupõe-se que é para ele jogar pela equipa, ou não? Se, à posteriori, surge a oportunidade de o vender e ganhar dinheiro com ele, melhor, mas inicialmente a ideia será ele jogar.

    Por isso, defendo e sempre defendi, que as contratações devem ser cirúrgicas e para colmatar ou melhorar posições em que a equipa possa estar debilitada. Nunca achei boa política, comprar contentores de jogadores, para depois abrir e ver se no meio de 40 ou 50 há 1 ou 2 ou 3 que se aproveitem. Um clube de futebol, não é uma empresa de leilões, nessas sim compra-se por "atacado" e depois tenta-se maximizar o lucro.

    A história do amor à camisola, se é que alguma vez existiu, já foi chão que deu uvas, senão repare-se que até jogadores como: Fernando Chalana, Rui Costa, Paulo Sousa e tantos outros "Benfiquistas desde pequeninos" saíram quando o dinheiro falou mais alto, portanto acho que está na altura de nós também sermos menos românticos e mais resultadistas, sem que com isso não se deixe de apoiar a equipa sempre.

    Quanto ao resto concordo genéricamente com o que diz o António Barreto, mas contrariar o lóbi que está instalado nas "altas esferas" do futebol europeu e mundial é muitíssimo difícil, porque vai muito para além de clubes poderosos, federações ou mesmo UEFA e FIFA, quem manda no futebol e outros desportos mediáticos, são os patrocinadores, as grandes marcas, e os poderosos, que tal como na política, as comandam na sombra, sem aparecerem e sem ninguém saber muito bem quem são para que possam mexer a seu belo prazer os cordelinhos; acho muito difícil ser o Benfica, apesar da sua grandeza, mesmo juntando-se com outros clubes poderosos, a contrariar esse lóbi. Até porque, muitos desses ditos clubes poderosos, já têm alguns desses senhores que actuam na sombra, a dirigi-los através das SAD's.
    Para isso é que quiseram criá-las para poderem comandar sem se saber quem são, nunca para lá meterem o seu dinheiro para o clube crescer, isso é para tontinhos com muito dinheiro como os sheiks árabes, que não sabem com que se hão-de entreter e então brincam ao futebol.

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    1. António Barreto10/9/12 19:58

      O seu comentário nada tem de "conversa fiada"! Gostei.

      Genéricamente concordo, no entanto; relativamente ao ponto 3, estou farto de dar voltas à cabeça e não vejo como proteger o clube quando o atleta tem a cabeça noutro lugar. Só vejo uma maneira; proibir contratações na vigência dos contratos. Obrigaria todos a serem mais responsáveis e acabava-se com a espiral de agravamento de custos. Concorda?

      Quando ao poder dos patrocinadores, concordo plenamente. É o que acontece por cá; O patrocinador manda no futebol e em quase toda a comunicação social e não há leia anti-monopolistas que o segurem! No entanto o Benfica não deve desistir desse combate.

      Por essas e por outras é que, às vezes, dou comigo a pensar que a salvação do futebol está...no regime amador!

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    2. Caro António, de certo modo até concordaria porque isso era mais uma forma de "obrigar" os clubes a fazerem contratações com "cabeçinha" e não às "pasadas", e por outro lado evitaria o tal agravamento de custos.

      Mas parece-me difícil que quer clubes poderosos, quer agentes, quer os próprios jogadores embarquem numa coisa dessas, até porque muitos vêem os clubes de "chegada à Europa" como "plataformas" para outros voos.
      Temos o caso do Ramires, como exemplo flagrante disso, em que as primeiras declarações (infelizes ou premeditadas) apontaram de imediato nesse sentido.

      O penúltimo parágrafo que escreve é sintomático, e não é só cá. Basta olhar a forma vergonhosa como FIFA e UEFA branqueiam erros grosseiros de arbitragem com transmissões televisivas que nuns casos não repetem sequer lances duvidosos ou noutros os repetem de ângulos que nada esclarecem (quando há dezenas de câmaras espalhadas por todos os lados do estádio) e com isso levem as pessoas a dar o benefício da dúvida.
      A isso chama-se censura, manipulação e poderia continuar a lista...

      A solução acho que passaria por um regime profissional, mas em que fossem atribuídas as características de profissionalismo ao modelo ou regime. Porque amador é o que eu acho que temos, mas mascarado de profissional, para "inglês ver".

      Profissional, e mesmo assim não perfeito, poderemos encontrar na Liga de Basquetebol norte-americana, onde se criaram condições para que todos compitam em igualdades de circunstâncias à partida; onde não se permitem que uns tirem vantagens sobre outros através do poderio financeiro, pois há tectos salariais dos quais não podem passar.
      Uma liga onde todos têm acesso a comprar grandes atletas de forma equitativa, o que obriga aqueles que querem ser melhores, a trabalhar de forma pensada e estruturada, com um plano estabelecido.
      Se queremos realmente ser competitivos temos de estar preparados para jogos difíceis, de verdade, todos as semanas, então ter 10 jogos em 50 durante um ano em que o grau de exigência é realmente elevado.
      Só quando tivermos isso dentro de portas, poderemos ambicionar a ser grande fora delas, pois a bagagem competitiva será muito maior, e a diferença para os grandes colossos existente agora, será esbatida.
      A não ser assim, continuaremos a viver de fogachos quer internos quer externos.

      Eu critiquei e critico jogadores por saírem a troco de mais dinheiro exclusivamente, mas a verdade é que se pensarmos bem, qual será o gozo de jogar em estádios com 3000 pessoas ou menos? e muitas vezes isso é assim porque são adeptos do Benfica que se deslocam quase sempre em grande número, mesmo fora, senão o número seria drasticamente menor.

      Muito honestamente preferia ter uma liga onde 6 ou 7 equipas lutassem regularmente pelo título, mesmo que isso custasse por vezes a não vitória no campeonato ao Benfica, mas que tivéssemos jogos disputados. Isso por outro lado traria muito mais incerteza ao campeonato e não permitiria que uma equipa à 5ª ou 6ª jornada quase que possa ser campeã se houver um mau arranque de outra.
      Quantas vezes vemos em Inglaterra (penso que há 2 anos foi assim) equipas com 10 ou mais pontos de vantagem, e no fim não serem campeãs? Isso só é possível porque o campeonato é muito mais equilibrado e há mais do que 3 ou 4 a disputar os lugares cimeiros da tabela como cá, e dessas 3 ou 4, apenas 2 realmente arrancam o campeonato com reais hipóteses de o vencerem, das outras quase que se espera semanalmente pelo início dos deslizes...

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    3. O que eu, acho é que é tempo de refundar a organização do futebol, pelo menos a nível da Europa. A atual organização não tem a menor credibilidade. A UEFA e a FIFA, dão-se ao desplante de, implícitamente, ameaçar estados soberanos! É intolerável. Por outro lado, faz orelhas moucas aos indícios de corrupção, como acontece em Portugal, graças a uma espécie de imunidade universal e perpétua! Quem fiscaliza, avalia e julga esta gente? NINGUÉM! A que leis estão subordinados? Às que eles próprios fazem, sem qualquer espécie de escrutínio| Fazem o que querem! São uma espécie de Estado soberano! Não tenho dúvidas, a UE deveria tomar este assunto em mãos e organizar um novo modelo correndo com toda essa gente. Esta causa tem que ser divulgada e defendida por gente com peso político e institucional.

      Também defendo a redução do número de clubes da 1ª Liga apenas àqueles que têm um certo nível de autonomia financeira, a definir. Atualmente, grande parte dos atuais clubes, inexorávelmente, cai na dependência sem retorno de entidades como o patrocinador, por sua vez afeto a um dos clubes concorrentes, que por sua vez lhes cede e/ou compra atletas, numa promiscuidade que legitima as suspeitas de corrupção.

      Então, revela-se a tradicional hipocrisia; faz-se a lei do fair-play para dar a ideia de que só concorrem os clubes que a cumpram e depois, "inventam-se" mil maneiras de a contornar, e tudo na paz do Senhor!Isto fede! Cheira mal! É piolheira! Mete nojo! Esta gente não tem vergonha na cara?

      Por estas e por outras é que entendo que a solução do futebol nacional e europeu é de natureza política e, como cidadãos, temos obrigação de o exigir a quem de direito. Falta descobrir a melhor forma de o fazer.

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  16. Há muito que defendo que o Benfica deveria tentar participar noutra Liga, condizente com a sua grandeza. O problema é a UEFA e a FIFA que não passam de estruturas para-mafiosas, defensoras de lobbies e de "tachos". Imagine-se o Benfica na liga espanhola (que passaria a ser Liga Ibérica) defrontando as maiores equipas do mundo. Com receitas de bilheteira, merchandizing e direitos de TV incomensuravelmente superiores às actuais. É a única forma de o Benfica dar o salto e deixar de ter de vender jogadores (que, aliás, participando na maior Liga do mundo não iriam querer sair). É utópico? talvez. Mas é a única via.

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    1. António Barreto10/9/12 20:00

      "Quando o Homem sonha, a obra nasce" (Fernando Pessoa).

      Parece-me óbvia uma solução desse tipo. Isto aqui, desculpem o termo, é uma "piolheira repugnante".

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  17. Os Benfiquistas têm de aprender que o tempo dos jogadores Benfiquistas do coração já acabou há muito. Não tenho afecto nenhum por nenhum jogador, actualmente. Claro que tenho preferências, como o Javi, o Maxi e o Aimar. Mas se quiserem sair por dinheiro e nós recebermos o que é justo por eles, vamos fazer o quê? Chorar? Poupem-me! Para mim há o Benfica, os jogadores são empregados do clube. O Javi era só amor e saiu na mesma, continua a gostar do Benfica? Claro que sim. Mas agora que foi embora, é andar para a frente, que é o caminho. Deixem-se dessas coisas dos afectos, afecto a sério é dos adeptos para com o clube, o resto é tudo treta do momento. Um clube profissional e de futuro não anda a afectos, anda a competência e profissionalismo. Olhem os lagartos, anos e anos a gabarem-se que mais de metade da equipa era da formação e agora nem à frente do braga ficam. O capitão e "símbolo" raspou mal pode para os andrades. O Adrien quase que ia para lá também. E agora é só estrangeirada, porque os "jogadores da formação, à sporting" não têm calo para o futebol profissional a sério.

    Sou da opinião que devemos integrar jogadores da formação, mas não é à maluca, logo 5 ou 6 na equipa duma vez! 2, 3 no máximo, irem integrando a equipa. Passados 2 anos, esses 2 ou 3 já têm experiência e calo, metem mais 2. E por aí fora. Depois vamos vendendo e continuando, é a vida de clube de país pobre. Convém é ganhar títulos!

    De resto, concordo com o tópico.

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    1. António Barreto10/9/12 20:03

      Quando qualquer atleta vesta a camisola do nosso clube, é irrestível! Passamos a gostar dele e assim será!

      Acho boa a estratégia que indica.

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  18. Johnny Rook10/9/12 12:39

    Na generalidade estou de acordo com o post.

    Dele retiro uma parte que há vários anos defendo como a única forma que no futuro poderá preservar o futebol como o espectáculo por excelência no planeta Terra.

    O futebol profissional (daí a distinção com o amador), ao contrário do que muitos ainda afirmam ou pensam, já não é mais uma modalidade desportiva, nada tem a ver com desporto (a não ser para quem o pratica na exacta medida em que corre e salta. Nesse sentido poderá dizer-se que fazem desporto).

    O futebol é uma indústria do espectáculo!

    Como tal está sujeito a todas as vicissitudes naturais do mundo em que vivemos, sendo que a maior delas é a corrupção, o compadrio, a viciação de resultados, tudo imposto pelos milhões que são gastos.

    Se assim não fosse, a FIFA e a UEFA (e as demais confederações na medida em que isso as afectasse) tinham arranjado alternativas para desvirtuarem o acórdão Bosman (que sempre considerei uma aberração jurídica)preservando a competitividade do futebol, a sâ concorrência e o equilíbrio competitivo em todo o espaço europeu (este problema só se coloca na Europa o que agrava ainda mais o efeito Bosman).

    E a grande alternativa que se colocava em frente dos olhos da UEFA era a constituição de uma competição nova, aberta exclusivamente a clubes profissionais mas fechada no que diz respeito a entradas (salvo cumprimento das regras exigidas para entrada) uma Liga Europeia com duas séries de 20/22 clubes cada uma, à semelhança de uma NBA. Com tectos salariais, com regras muito bem definidas quanto a transferências (com a institucionalização de um DRAFT anual (donde viriam jogadores das ligas amadoras de todos os países, com capacidade para se tornarem profissionais).

    Distribuição igualitária dos dinheiros dos direitos televisivos por todos os clubes.

    Os campeonatos nacionais passariam a amadores e teriam igualmente uma competição internacional (montra de jogadores).

    Acredito que mais tarde ou mais cedo é o que irá acontecer na Europa (quando os Citys, os Germains, os Chelseas e os Zenits estourarem porque os ricalhaços se vão fartar dos brinquedos novos e de perderem dinheiro).

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    1. António Barreto10/9/12 20:07

      Gostei. Defendo uma solução desse tipo, mais coisa menos coisa, e é isso que irá acontecer, inevitávelmente, e o Benfica tem que estar na linha da frente e deve começar já a fazer lóbi.

      O António Arnault fez um estudo sobre futebol para a UEFA, mas, que eu saiba, não foi tornado público. Seria interessante conhecer o seu conteúdo.

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  19. Temos um bom plantel sai witsel e javi... mas temos carlos martins, enzo peres sempre jogou a medio centro e o matic...Temos soluções

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    1. E ainda temos o Miguel Rosa e o André Marques (salvo erro) É essa a nossa esperança,é esse o desafio da equipa Técnica, é esse o incentivo dos atletas! Há que arregaçar as mangas e seguir em frente, mas sempre com inteligência, corrigindo erros e antecipando cenários.

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